Diretores de ve�culos privados da imprensa boliviana comparecem desde esta segunda-feira � justi�a acusados de incita��o ao racismo e � discrimina��o, por terem supostamente distorcido um discurso do presidente Evo Morales.
A ag�ncia local ANF e os jornais P�gina Siete e El Diario, o mais antigo do pa�s, compareceram �s audi�ncias, apesar de negarem a jurisdi��o do tribunal comum, e pedem a entrada em vig�ncia da lei de imprensa, que data de 1925.
"Manifestei � procuradora que n�o reconhe�o sua compet�ncia, mas respondo suas perguntas porque respeito as autoridades judiciais do pa�s", disse Ra�l Pe�aranda, diretor do P�gina Siete, que compareceu nesta segunda. O diretor da ANF compareceu depois, e o do El Diario se apresentar� na ter�a.
"N�o cometemos erro e muito menos um crime", ressaltou Pe�aranda. Seu di�rio, fundado em 2010, recebeu na sexta-feira fortes cr�ticas do vice-presidente Alvaro Garc�a, que afirmou que seus executivos est�o ligados "� direita chilena".
O governo amea�ou processar os meios que divulgaram "de forma maliciosa" declara��es do presidente Evo Morales, em agosto, nas quais teria afirmado que, enquanto no altiplano pode n�o haver alimentos por causa das geadas, da falta de chuva ou pela queda granizo, "no leste n�o, s� os frouxos t�m fome".
Os presidentes dos tr�s ve�culos organizaram protestos contra o mandat�rio na regi�o leste do pa�s, onde atuam as lideran�as de direita que se op�em ao governo.
As �speras rela��es entre o Executivo e parte da imprensa come�aram muito antes. No final de 2011, o presidente Morales lan�ou uma cr�tica mordaz � imprensa, considerada por ele "a melhor oposi��o" ao seu governo.
O auge desta rela��o tempestuosa foi em 2010, quando manifesta��es convocadas pelas associa��es de imprensa nas principais cidades do pa�s obrigaram o governo a garantir que uma lei antirracismo, em debate na �poca, n�o ia prejudicar as liberdades de express�o e imprensa.
Desde que assumiu, Morales, um ind�gena de esquerda, mant�m uma dif�cil rela��o com a imprensa, principalmente com alguns meios. Um jornalista o chamou de "cruzamento de lhama com l�cifer", enquanto radialistas de Santa Cruz consideraram "maldita" a ra�a aimara � qual pertence o mandat�rio.
Mas o pr�prio presidente tamb�m se referiu aos jornalistas de forma ofensiva, chamando-os de "frangos" e de "coro de vuvuzelas".
A Sociedade Interamericana de Imprensa pediu explica��es ao governo boliviano por seus processos contra a imprensa, que classificou de "intimidantes".