Xi Jinping foi designado nesta quinta-feira pelos herdeiros de Mao Tse-tung o homem que dirigir� at� 2017 e, sem d�vida, at� 2022, os destinos da China, um pa�s convertido em uma formid�vel pot�ncia econ�mica e controlado com m�o de ferro pelo Partido Comunista, pouco disposto a ceder poderes a uma sociedade �vida por mudan�as na era da internet.
Xi Jinping, de 59 anos, um filho do aparato do partido desconhecido pelo grande p�blico, assume o lugar de Hu Jintao, dez anos mais velho que ele, � frente de um partido �nico de 82 milh�es de membros.
Ele era vice-presidente do Estado chin�s desde 2008. Sua nomea��o como secret�rio-geral do Partido Comunista Chin�s (PCC) o converte ipso facto no pr�ximo presidente da Rep�blica Popular, uma formalidade prevista para mar�o de 2013, na reuni�o anual da Assembleia Nacional Popular (ANP, Parlamento).
Xi herda uma China em plena mudan�a, que pretende manter sua posi��o de segunda economia mundial, atr�s dos Estados Unidos, e que forma parte dos cinco membros permanentes do Conselho de Seguran�a da ONU, essencial na busca de acordos em quest�es como as da S�ria, Ir� ou Coreia do Norte.
Pot�ncia mar�tima em ascens�o, a China apresenta de maneira firme suas reivindica��es em lit�gios de fronteiras mar�timas com Jap�o, Vietn�, Filipinas ou Brunei, no �mbito de uma rivalidade crescente com os Estados Unidos no Pac�fico.
Nenhum diplomata espera um giro repentino do novo l�der: a diplomacia chinesa ir� manter suas prioridades, entre elas a de evitar uma piora da crise financeira na Europa, primeiro mercado para suas exporta��es.
Em mat�ria de direitos humanos, a China que Hu Jintao legar� a Xi Jinping continua sendo alvo de cr�ticas. Um primeiro teste ser� saber se Xi libertar� o pr�mio Nobel da Paz 2010, o intelectual e dissidente Liu Xiaobo.
Xi n�o ter� as m�os livres. Assim como seu antecessor, precisar� buscar permanentemente o consenso entre os membros do comit� permanente do Bur� Pol�tico, o �rg�o supremo do PCC.
O n�mero de integrantes deste comit� poder� ser reduzido de nove para sete para facilitar a tomada de decis�es, ao diminuir os riscos de conflito entre "conservadores" e "reformistas".
Xi � geralmente apresentado como um homem aceito pelas duas partes. Ser� apoiado por Li Keqiang, que suceder� em mar�o Wen Jiabao no cargo de primeiro-ministro.
Na China reinam muitas incertezas sobre a situa��o econ�mica, onde a "d�cada de ouro" de Hu Jintao deu lugar a um crescimento desacelerado a 7,5%, o mais baixo desde a explos�o da crise financeira asi�tica de 1997-1998. Uma situa��o que j� gera uma agita��o social recorrente, divulgada por usu�rios chineses de internet, apesar da censura.
Al�m disso, Xi chegar� ao poder ao t�rmino de um "annus horribilis" para o PC chin�s, marcado pelo caso Bo Xilai, o maior esc�ndalo dos �ltimos anos, pelas revela��es sobre a fortuna de sua pr�pria fam�lia e sobre a que o primeiro-ministro Wen Jiabao supostamente acumulou.
Bo Xilai, membro do Bur� Pol�tico at� abril, ser� julgado por corrup��o e abuso de poder, envolvido no caso do assassinato do empres�rio brit�nico Neil Heywood por sua esposa, Gu Kailai.
A corrup��o maci�a dos c�rculos dirigentes chineses figura entre as maiores preocupa��es do congresso e de seus cerca de 2.200 delegados, cujo trabalho ir� avalizar, salvo surpresa, em aproximadamente uma semana as decis�es do comit� central que o precedeu na semana passada.
Se a tradi��o for respeitada, Xi cumprir� dois mandatos de cinco anos.
Apesar de sua partida, Hu Jintao pode conservar a presid�ncia da poderosa comiss�o militar do PCC e manter, deste modo, sua influ�ncia.
Xi ser� o sexto l�der m�ximo da Rep�blica Popular da China, depois de Mao Tse-tung (1949-1976), Hua Guofeng (1976-78), Deng Xiaoping (1978-92), Jiang Zemin (1992-2002) e Hu Jintao (2002-2012).