
O presidente venezuelano, Hugo Ch�vez, advertiu o comando militar para eventuais planos desestabilizadores antes de deixar Cuba nesta segunda-feira para uma nova cirurgia contra o c�ncer, mas se mostrou confiante de que deixa o pa�s em "boas m�os".
"O inimigo espreita de fora e de dentro e qualquer circunst�ncia que eles acreditem oportuna para lan�ar-se de novo como hienas contra a p�tria (...) e entreg�-la ao imperialismo, n�o v�o desperdi�ar", disse Ch�vez em um discurso gravado exibido pelo canal de televis�o oficial VTV.
O presidente, que viajou durante a madrugada para Cuba, onde ser� submetido a uma dif�cil opera��o depois de uma grave recorr�ncia do c�ncer, afirmou ter certeza de que tanto o povo como o ex�rcito proteger�o o pa�s.
"Estou totalmente certo de que a p�tria est� segura", destacou Ch�vez, cercado pelas principais figuras de seu governo, incluindo o vice-presidente Nicol�s Maduro, e do ex�rcito, no pal�cio de Miraflores.
"S� pe�o uma vez mais fortalecer a unidade (...) n�o ceder � intriga", completou.
Ch�vez, de 58 anos, um ex-tenente coronel que aos 17 entrou para o Ex�rcito, frequentemente se refere a supostos planos desestabilizadores da oposi��o e do exterior, e inclusive meses antes das elei��es de 7 de outubro anunciou a cria��o de um "comando especial anti-golpe, c�vico-militar", pois estava convencido de que a oposi��o n�o reconheceria a sua vit�ria e estava tramando um plano.
"O problema que o partido do governo tem muitas vezes � que sempre veem os fantasmas que eles foram. Eles nascem de uma revolu��o, de um golpe de Estado e ent�o acreditam sempre que pode acontecer o mesmo com eles", disse � AFP Ra�l Salazar, ex-ministro da Defesa nos primeiros anos do governo Ch�vez (1999-2001).
Ch�vez chegou ao poder em 1998, seis anos depois de liderar em 1992 um golpe de Estado frustrado contra o ent�o presidente Carlos Andr�s P�rez. Em 2002 sofreu outra tentativa que o deixou por um breve per�odo o poder nas m�os da c�pula militar, mas ele o recuperou gra�as a militares leais e � press�o popular.
Poucos meses depois, Ch�vez chamou de plano desestabilizador a paralisa��o dos trabalhadores do setor petroleiro que praticamente parou o pa�s. Em v�rias ocasi�es, denunciou tentativas de assassinato.
"O presidente n�o apresenta nada de novo com essas refer�ncias constantes porque nunca d� provas nesse sentido. J� � hist�rica essa percep��o do presidente", explica � AFP a advogada Roc�o San Miguel, presidente da ONG Controle Cidad�o para a Seguran�a, a Defesa e as For�as Armadas Nacionais.
"O pa�s tem amea�as muito mais graves, como o aumento da criminalidade, e tamb�m em mat�ria de integridade nacional, com a presen�a de grupos armados estrangeiros � margem da lei", acrescenta.
Ap�s a tentativa de golpe de 2002, a lealdade da institui��o se tornou uma das maiores obsess�es de Ch�vez, comandante em chefe das For�as Armadas, e por isso se empenhou em ideologiz�-la.
Com isso, adicionou �s For�as Armadas Nacionais a express�o "bolivarianas", frente �s cr�ticas de v�rios setores, que lembram que a constitui��o deixa claro que as for�as militares n�o t�m milit�ncia pol�tica.
No domingo, no dia seguinte a Ch�vez ter anunciado a volta do c�ncer e que partia para Havana para uma nova cirurgia, o ministro da Defesa, almirante Diego Molero Bellavia, afirmou em um comunicado que, na sua aus�ncia, os membros das For�as Armadas Nacionais Bolivarianas (FANB) proteger�o "com suas vidas a p�tria socialista conquistada".