Bras�lia – "Eu exijo lealdade absoluta � minha lideran�a. Porque eu n�o sou eu, eu sou um povo, e ao povo se respeita. Estou obrigado a defender a um povo que eu amo." Quase tr�s anos depois de Hugo Ch�vez pronunciar essas palavras, durante a campanha pela segunda reelei��o, em 25 de janeiro de 2010, os assessores do presidente da Venezuela se apressam em garantir a sobreviv�ncia do projeto pol�tico bolivariano e culpam os meios de comunica��o internacionais por uma suposta tentativa de desestabiliza��o do pa�s. Por meio de nota, o governo venezuelano denunciou uma "guerra psicol�gica" desencadeada pela "estrutura midi�tica transacional" para ignorar a vontade popular expressa nas elei��es presidenciais de 2012. Do outro lado, uma oposi��o fragilizada e dividida acusou ontem Cuba de ter "sequestrado" o chefe de Estado e come�ou as articula��es para apontar o candidato presidencial. At� o fechamento desta edi��o, Ch�vez continuava travando uma batalha pela vida.
O di�rio espanhol ABC divulgou que o futuro do mandat�rio depende de Rosa Virginia, a filha mais velha de Ch�vez. "� a ela quem, por quest�es legais, cabe tomar as decis�es que afetem o futuro de seu pai e presidente, entre elas a do eventual desligamento da m�quina que o mant�m vivo de modo artificial", afirma a reportagem. Na noite de quinta-feira, o ministro da Comunica��o e Informa��o venezuelano, Ernesto Villegas, anunciou que "o comandante Ch�vez tem enfrentado complica��es decorrentes de uma severa infec��o pulmonar, que levaram a uma insufici�ncia respirat�ria".
Em entrevista por telefone, o m�dico venezuelano Jos� Rafael Marquina – que garante ter informa��es privilegiadas do Centro de Investiga��es M�dico-Cir�rgicas (Cimeq), o hospital onde Ch�vez est� internado – garantiu que o paciente n�o responde mais aos tratamentos. "Ele tem uma infec��o pulmonar adquirida no pr�prio hospital e resistente a bact�rias e est� entubado. Em pacientes imunodeprimidos, com c�ncer, o progn�stico � muito mau", afirmou. Marquina n�o descarta que o quadro cl�nico de Ch�vez tenha se agravado para uma septicemia (infec��o generalizada).
"A verdade � que tudo o que ocorrer em meu pa�s, nos pr�ximos dias, ter� sido decidido pelos cubanos. Eles n�o apenas controlam e governam a Venezuela, como tamb�m tutelam nossas For�as Armadas, por meio de oficiais cubanos de intelig�ncia", afirmou por e-mail Diego Arria, ex-governador de Caracas e ex-presidente do Conselho de Seguran�a da Organiza��o das Na��es Unidas (ONU). Pegos de surpresa pelo agravamento do estado de sa�de de Ch�vez, os opositores da Mesa de Unidade Democr�tica (MUD) esperam referendar o nome de Henrique Capriles Radonsky como o candidato favorito. Por sua vez, um grupo de empres�rios se perfilou em apoio ao advogado Eduardo Fern�ndez, de 72 anos, do Comit� de Organiza��o Pol�tica Eleitoral Independente (Copei), e, segundo o jornal El Nacional, j� prepara um programa de governo e de finan�as.
SURPRESA “A possibilidade de uma sucess�o presidencial antes do previsto surpreendeu a oposi��o, que previa preparar-se para as elei��es municipais de maio", admitiu � reportagem o cientista pol�tico Tony De Viveiros, ex-professor da Universidad Sim�n Bol�var (em Caracas). Segundo ele, as for�as antichavistas agora se concentram em fazer valer a Constitui��o. A Carta Magna – criada pelo pr�prio Ch�vez – estabelece que, caso o presidente n�o compare�a ao juramento em 10 de janeiro, sejam ativados mecanismos para decretar a sua aus�ncia absoluta. "Uma junta m�dica seria nomeada para determinar se ele tem ou n�o capacidade f�sica de assumir o cargo. Em caso de resposta negativa, decreta-se a vac�ncia do cargo e convocam-se elei��es em um prazo de 30 dias", acrescentou De Viveiros.
Se Ch�vez n�o puder prestar juramento para o quarto mandato consecutivo, o presidente do Parlamento, Diosdado Cabello, deve faz�-lo de forma tempor�ria. � essa a ideia defendida por Ram�n Guillermo Aveledo, secret�rio executivo da MUD, em entrevista ao jornal Noticias 24 e � ag�ncia France-Presse. Ele avisou que a oposi��o reagir� com "firmeza serena" se o governo n�o reconhecer a "aus�ncia tempor�ria" do presidente. A resposta foi quase instant�nea e veio por meio do microblog Twitter. "Que ningu�m se equivoque, essa Assembleia Nacional � revolucion�ria e socialista, seguir� ao lado do povo e do nosso comandante", escreveu Cabello.