Paranoico em rela��o �s trai��es e centralizador, o presidente venezuelano, Hugo Ch�vez, mant�m o poder h� 14 anos cuidando para que nenhum outro l�der lhe fa�a sombra no comando de seu projeto bolivariano. Em meio aos expurgos e �s condena��es veladas ao ostracismo, o chavismo, que agrega diferentes grupos de militantes, busca uma figura que possa substituir o carism�tico l�der enfermo.
Antes de partir para Cuba h� mais de um m�s, onde se submeteu � quarta cirurgia para combater um c�ncer na regi�o p�lvica, Ch�vez nomeou seu chanceler e vice-presidente, Nicol�s Maduro, como herdeiro pol�tico. Mas membros da oposi��o asseguram que a escolha aprofundou divis�es entre grupos antag�nicos do movimento bolivariano - descontentando principalmente o grupo militar, controlado pelo presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, que tamb�m esperava esse papel.
"At� agora, esse pedido tem sido atendido, com todos os chavistas apresentando um discurso uniforme, seja em rela��o � sa�de de Ch�vez, seja em rela��o � estrat�gia adotada na semana passada para o contorcionismo legal que permitiu a continuidade do governo, com todos os chavistas usando at� as mesmas palavras em declara��es p�blicas."
Ao longo dos anos, por�m, Ch�vez mesmo se encarregou de dividir fac��es internas para evitar o fortalecimento de seus l�deres. Quando se tornavam muito populares ou muito influentes internamente, acabavam amargando o ostracismo. "O processo de expurgo de figuras da primeira gera��o do chavismo come�ou com a sa�da de Jos� Vicente Rangel (ent�o vice-presidente desde 2002), em 2007, quando Ch�vez decidiu aprofundar o car�ter socialista da revolu��o bolivariana", disse Rodr�guez.
"Ao contr�rio da velha-guarda, os l�deres da chamada nova gera��o, como o ex-vice-presidente e ex-dirigente estudantil, El�as Jaua, eram muito menos resistentes �s decis�es do presidente e sempre se restringiram a cumprir as ordens. A mensagem era a de que Ch�vez nunca abriu m�o de talhar a revolu��o � sua imagem e semelhan�a."
"A autonomia nos c�rculos chavistas � limitada e a hierarquia, militar. N�o por acaso, militares ocupam os postos-chave do governo", afirma, por seu lado, a acad�mica Mar�a Abreu, da Universidade Andr�s Bello. E, dos quart�is, Ch�vez exige lealdade absoluta.