As tr�s integrantes do grupo russo Pussy Riot, duas delas na pris�o por terem criticado o presidente Vladimir Putin durante uma missa em 2012 em Moscou, sacudiram o Festival de Sundance com um filme que rememora a cria��o do grupo e seu pesadelo judicial. "Pussy Riot - Uma Ora��o Punk", dirigido por Mike Lerner e Maxim Pozdorovkin, � um dos longas que concorrem no festival americano de cinema independente Sundance. As Pussy Riot foram protagonistas em 2012 do esc�ndalo provocado em uma manifesta��o na catedral do Cristo Salvador, em Moscou, onde cantaram uma "ora��o punk" contra o atual presidente da R�ssia, Vladimir Putin. Ainda que o protesto n�o tenha durado mais de 40 segundos, a pris�o de Ekaterina Samutsevitch, de 30 anos; Maria Alejina, de 24; e Nadejda Tolokonnikova, de 23, e sua posterior condena��o comoveram o Ocidente e uma parte da sociedade russa. A chanceler alem�, Angela Merkel, defendeu sua causa frente a Putin e cantores como Madonna, Paul McCartney e a banda Red Hot Chili Peppers manifestaram publicamente seu apoio �s artistas. "Estava muito interessado nesta hist�ria, onde se misturam o extremismo religioso, a pol�tica e o mundo da arte. Conta o que a sociedade est� preparada para aceitar", declarou � AFP Maxim Pozdorovkin. Usando imagens do processo judicial, assim como imagens de arquivo do pr�prio grupo - que filmava suas interven��es e preparativos-, os cineastas relatam a cria��o e os fatos mais relevantes da vida deste "coletivo feminista", nascido em mar�o de 2012, data que coincidiu com a elei��o de Putin como presidente da R�ssia para seu terceiro mandato. "Seu problema n�o � Putin em si. Para elas, ele simboliza todo um sistema de governo, jogo sujo e patriotismo", explicou Pozdorovkin. "Seu objetivo � muito mais amplo, elas querem uma revolu��o feminista na sociedade", acrescentou. "As pessoas pensam que as Pussy Riot s�o um grupo, mas s�o um coletivo feminista an�nimo, sem l�der nem estrutura organizada", contou o diretor do filme. "Fundamentalmente, sua ideia � provocar uma resposta. No dia seguinte (a suas atua��es), elas publicam o v�deo no YouTube com sua m�sica e iniciam um debate", comenta. O filme rememora as primeiras performances deste coletivo, uma em um sal�o de beleza para protestar contra a imagem da mulher, e outra na Pra�a Vermelha de Moscou, para reafirmar seu compromisso pol�tico, antes de sua apari��o na catedral do Cristo Salvador. Depois do julgamento, que foi retransmitido diariamente, as integrantes do grupo foram condenadas a dois anos de pris�o, mas Ekaterina Samutsevitch foi posta em liberdade. "A hist�ria foi muito impactante na R�ssia, como uma telenovela, todo mundo falava do assunto. Mas, no conjunto, a maioria dos russos � contr�ria ao que fizeram e pensam que provavelmente tem o que merecem", disse Pozdorovkin. Para ele, as Pussy Riot s�o principalmente artistas de performance -artistas que combinam diferentes formas de express�o, pretendem provocar, atuam com espontaneidade e improvisa��o-, pelo que deveriam ser tratadas como tais. "Um dos motivos deste esc�ndalo, al�m do aspecto religioso da hist�ria, � que a R�ssia nunca viveu sua �poca de punk-rock, nunca teve seu ano 1977 nem seus Sex Pistols (grupo brit�nico a quem lhes atribui o nascimento do movimento punk no Reino Unido). E o pa�s n�o conhece o que � a arte da performance", sublinhou. No entanto, a "repress�o" das Pussy Riot tamb�m � pol�tica. "A hist�ria � similar a de outros movimentos revolucion�rios do mundo", comparou Pozdorovkin. "Se olharmos o 'Occupy Wall Street' dos Estados Unidos, eles foram tolerados pelo governo durante um tempo, mas logo depois reprimidos quando ao final as autoridades foram tomadas pelas grandes empresas", explicou. Na R�ssia, o que aconteceu � que "o governo se p�s do lado dos extremistas", sentenciou Pozdorovkin.