
O Papa Bento XVI confessou nesta quarta-feira que nos �ltimos oito anos viveu dias agitados, mas incentivou milhares de fi�is, reunidos na Pra�a de S�o Pedro para ouvir sua �ltima mensagem como pont�fice, a confiar em uma Igreja "viva", que Deus n�o deixar� afundar.
O Papa escolheu para a ocasi�o hist�rica mencionar os Evangelhos e garantiu que � "consciente da gravidade e da novidade" de sua ren�ncia, a primeira de um Papa em sete s�culos, que se tornar� efetiva na quinta-feira �s 20h00 locais (16h00 de Bras�lia).
"O Senhor nos deu muitos dias de sol e leve brisa, dias nos quais a pesca foi abundante, mas tamb�m momentos nos quais as �guas estiveram muito agitadas e o vento contr�rio, como em toda a hist�ria da Igreja (quando) o Senhor parecia dormir", afirmou ao mencionar indiretamente as controv�rsias e esc�ndalos que marcaram seu breve pontificado.
Sob um sol resplandescente e em meio a fortes medidas de seguran�a, grupos de peregrinos, em um clima alegre, aplaudiram o Papa alem�o cantando e gritando em sua homenagem: "Benedetto, Benedetto!".
"Estou feliz porque esta foi a vontade do Senhor", comentou o cardeal equatoriano Ra�l Eduardo Vela Quiroga, entre os diversos cardeais presentes na despedida.
"Um Papa n�o est� sozinho na barca de Pedro e por isso quero agradecer a todos os que me acompanharam. Nunca me senti sozinho", disse Bento XVI a partir do palco central da esplanada, com o rosto sereno e por vezes sorridente.
Durante esta in�dita ren�ncia papal transmitida ao vivo pela televis�o, o chefe da Igreja cat�lica explicou que "n�o abandona a cruz", em uma resposta indireta �s cr�ticas provocadas por seu gesto entre os cat�licos.
"Dei este passo consciente da gravidade e de sua novidade. Amar a Igreja tamb�m significa tomar decis�es dif�ceis", ressaltou o pont�fice ao se dirigir � multid�o: "Hoje vemos como a Igreja est� viva, num momento em que muitos falam de seu decl�nio".
Bento XVI aproveitou para agradecer aos membros da C�ria Romana, atingidos nos �ltimos tempos por den�ncias de corrup��o.
"N�o volto � vida privada"
"O Papa pertence a todos e quero agradecer aos que nestes dias me mandaram mensagens", afirmou. Aos cat�licos de todo o mundo, advertiu que renuncia a viagens, confer�ncias e recep��es: "N�o volto � vida privada", indicou.
Dirigiu-se por um momento em espanhol aos fi�is dos pa�ses latino-americanos e da Espanha, pedindo a eles que orassem pelo conclave que dever� eleger seu sucessor.
"Suplico-os para que se lembrem de mim em suas ora��es e que sigam pedindo pelos Senhores Cardeais, convocados � delicada tarefa de eleger um novo sucessor na C�tedra do ap�stolo Pedro", afirmou.
A ren�ncia do Papa marca um precedente na hist�ria da Igreja Cat�lica moderna e ao mesmo tempo obriga seu sucessor a encarar os desafios da milenar institui��o para gerar um impulso modernizador, apesar do mundo globalizado, como representante de 1,2 bilh�o de cat�licos.
"Gostaria que cada um de voc�s sentisse a alegria de ser crist�o, de ser amado por Deus, que sacrificou seu Filho por n�s", escreveu ao t�rmino da audi�ncia no que pode ser seu �ltimo tu�te.
Na v�spera, o Papa te�logo, que renunciou oficialmente por "falta de for�as" para guiar a Igreja moderna, havia organizado com a ajuda de seu secret�rio Georg G?nswein os pap�is de seus aposentos e separado seus escritos pessoais, contou o porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi.
Na tarde de quinta-feira, o Papa se dirigir� ao heliporto do Vaticano para viajar a Castelgandolfo, 25 km ao sul de Roma, a resid�ncia de ver�o dos Papas onde viver� por dois meses antes de se instalar em um monast�rio dentro do Vaticano.
No dia seguinte, ter�o in�cio as chamadas "congrega��es", ou seja, as reuni�es pr�vias durante as quais os cardeais come�am a definir o perfil do novo Papa.