Quinze dias ap�s o retorno de Hugo Ch�vez � Venezuela, o pa�s vive um momento de indefini��o e incertezas, que se reflete nas manifesta��es de estudantes e da oposi��o e na expectativa do eleitorado do presidente de que ele possa se recuperar e voltar a governar o pa�s. A avalia��o � do presidente da organiza��o n�o governamental (ONG) venezuelana, Ojo Electoral (Olho Eleitoral), Luis Lander.
O presidente n�o aparece em p�blico h� 80 dias, desde que viajou � Cuba para ser operado pela quarta vez para tratamento de um c�ncer. Ele continua internado no Hospital Militar de Caracas e � submetido a quimioterapia, segundo a �ltima informa��o divulgada pelo governo venezuelano.
Embora tenha usado seus ministros e o vice-presidente Nicol�s Maduro para dissipar rumores sobre a sua piora e informar sobre a sa�de de Ch�vez, o governo n�o sinaliza o que acontecer� nos pr�ximos dias e n�o informa uma data poss�vel para o juramento do presidente, adiado pelo Tribunal Superior de Justi�a (TSJ), mas legalmente necess�rio ao novo mandato.
A Ag�ncia Brasil conversou com Lander, que fez uma an�lise do momento vivido pelo pa�s. Para Lander, a equipe do governo venezuelano parece n�o ter “seguran�a” sobre o cen�rio eleitoral sem a presen�a de Ch�vez e, por isso, ainda n�o foram tomadas medidas concretas, como o juramento do presidente para o novo mandato e uma especulada ren�ncia para a convoca��o de novas elei��es, como define a Constitui��o do pa�s. Leia a seguir a entrevista:
Ag�ncia Brasil: Ch�vez voltou � Venezuela h� 15 dias, o que mudou com seu retorno?
Luis Lander: Esperava-se que com o retorno de Hugo Ch�vez ao pa�s, o mist�rio relacionado ao seu estado de sa�de seria esclarecido, mas isso n�o aconteceu. O governo continua com o controle da informa��o sobre a sa�de do presidente e as informa��es s�o repassadas � medida que chegam press�es de opositores ou boatos sobre a piora dele aparecem na m�dia. O problema � que a falta de not�cias sobre o que realmente est� acontecendo, acaba gerando novas especula��es e alimentando boatos, que podem at� ser falsos, mas provocam rea��es populares.
Ag�ncia Brasil: Mas se a falta de informa��es acaba “fabricando” rumores, porque o governo n�o adota uma estrat�gia mais transparente?
Luis Lander: O por qu� tamb�m n�o � claro, mas h� hip�teses. Uma delas � que o governo precisa de tempo para consolidar melhor o nome de Nicol�s Maduro entre os eleitores chavistas. O que parece � que o governo chavista precisa da imagem de Ch�vez. A transfer�ncia de votos n�o � t�o natural como o governo esperava. O eleitor de Ch�vez n�o necessariamente votar� em Maduro, ainda que as pesquisas hoje apontem seu favoritismo sobre a oposi��o. Por exemplo, a absten��o na campanha presidencial em outubro do ano passado, com Ch�vez candidato, foi 10%. Nas elei��es regionais em dezembro, com Ch�vez apoiando as elei��es, mas sem ser o candidato, foi 50%. O eleitor de Ch�vez n�o � automaticamente eleitor de Maduro.
Ag�ncia Brasil: Mas o governo n�o tem a vantagem?
Luis Lander: Tem a vantagem e tem o aparato governamental a seu servi�o, mas isso n�o garante certeza de vit�ria. Primeiro porque cerca de 70% do eleitorado de Ch�vez acredita que ele conseguir� se recuperar e voltar. O governo tem que construir um cen�rio sem a presen�a de Ch�vez, com a sua imagem 100% presente nas a��es governamentais. � isso que est�o tentando fazer. Mas eu repito, o governo ainda n�o tem seguran�a sem Ch�vez. O mundo perfeito para o governo seria que Ch�vez se recuperasse para assumir o mandato e terminar de preparar o terreno para Maduro.
Ag�ncia Brasil: E a oposi��o? E as manifesta��es estudantis que pedem a verdade sobre a sa�de do presidente? Qual o reflexo na sociedade?
Luis Lander: A oposi��o joga com a falta de informa��es sobre Ch�vez, desqualificando as medidas adotadas pelo governo sob a lideran�a de Maduro. Por exemplo, Capriles desqualifica o pacote econ�mico que desvalorizou o bol�var ante o d�lar. Pretende-se mostr�-los como ‘despreparados’. Por outro lado, estas manifesta��es de estudantes ainda n�o s�o massivas. A meu ver s�o atos isolados e n�o s�o feitos por todos os setores descontentes. Somente os estudantes est�o protestando.
Ag�ncia Brasil: Mesmo em meio �s incertezas, no que o senhor aposta hoje?
Luis Lander: A �nica certeza que tenho � que Ch�vez est� doente. Se tivesse condi��es de aparecer j� teria feito isso. O governo parece querer ganhar tempo para fortalecer a imagem de Maduro perante o eleitorado. Tamb�m acredito que a ren�ncia de Ch�vez acontecer�, mas isso tamb�m depende do juramento e de ele ter condi��es. A an�lise mais importante neste momento n�o � especular sobre a sa�de do presidente, mas o que est�o fazendo para contornar poss�veis cen�rios que se desenvolvam no pa�s, a partir da recupera��o ou da piora no estado de sa�de do presidente.