A Argentina considera "ilegal" o referendo para que os habitantes das Ilhas Malvinas decidam se querem continuar como territ�rio ultramarino da Gr�-Bretanha, que tem sua soberania reivindicada pelo pa�s sul-americano, o �nico tema de unidade nacional de sua agitada agenda pol�tica.
O referendo dos pr�ximos dias 10 e 11 de mar�o nas Malvinas, do ponto de vista internacional, "� um ato irrelevante e carece de validade nos organismos internacionais porque se trata de um caso t�pico de popula��o implantada", disse � AFP o soci�logo Atilio Bor�n, pesquisador do Conselho Nacional de Pesquisas Cient�ficas e T�cnicas (Conicet).
Atilio Bor�n considerou que a consulta tem "apenas um efeito interno porque o governo de David Cameron n�o passa por um momento muito radiante" e acrescentou que esta situa��o pode servir a Londres para mostrar que tem legitimidade, mas n�o resiste � menor an�lise.
"� uma estrat�gia da Gr�-Bretanha para continuar postergando e negando o di�logo com a Argentina pela soberania nas ilhas, e n�o tem nenhum valor jur�dico para as Na��es Unidas", comentou � AFP Mario Volpi, presidente da Associa��o dos Ex-Combatentes das Malvinas da cidade de La Plata, a 62 km ao sul de Buenos Aires.
A Gr�-Bretanha convocou o referendo no arquip�lago do sul em um momento em que o governo de Cristina Kirchner leva adiante uma vasta ofensiva internacional para que Londres aceite fazer negocia��es diplom�ticas pela disputa da soberania nas Malvinas, palco de uma guerra de 74 dias em 1982 que deixou 649 argentinos e 255 brit�nicos mortos.
Londres considera que os malvinenses t�m que ser parte envolvida em um eventual di�logo, mas Buenos Aires recusa essa postura e apenas aceita que qualquer negocia��o sobre as Malvinas seja a n�vel bilateral.
A presidente Kirchner conseguiu reunir um forte apoio no �mbito internacional pela reivindica��o de soberania nas Malvinas e a n�vel interno � o �nico tema que tem consenso generalizado em meio a um clima de constante confronta��o pol�tica.
Uma pesquisa realizada pela consultora Ibar�metro para marcar os 30 anos da guerra, em 2012, indicou que 89% dos 1.800 argentinos consultados em todo o pa�s afirmam ser leg�timas as reivindica��es de soberania de Buenos Aires, enquanto que 86% dos entrevistados atribuem uma grande import�ncia ao tema das Malvinas.
No entanto, 83% apoiam a abertura de um di�logo com Londres pela disputa da soberania, em contraste com apenas 17% que apoiam a sa�da militar para recuperar as ilhas, como ocorreu em 1982 quando a Argentina era governada por uma ditadura.
"H� um consenso muito grande sobre o tema das Malvinas, apesar de que ultimamente um grupo de intelectuais e pol�ticos p�e em causa a postura argentina, sem maior impacto social", apontou Bor�n ao afirmar que "h� um clima de polariza��o social e, para opor-se ao governo, tamb�m se usa o tema das Malvinas".
Mario Volpi, que participou na guerra como soldado do servi�o militar obrigat�rio, disse que "a n�vel nacional � o tema que une em geral tanto a esquerda como a direita" e argumentou que "� uma causa de uni�o mesmo que ultimamente com algumas fissuras".