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Estado de Minas

Na intimidade dos papas

Memorial Dom Lucas re�ne objetos e livros que relatam contato com dois importantes pont�fices


postado em 10/03/2013 00:12 / atualizado em 10/03/2013 09:22

Dois pequenos quadros, com moldura dourada, chamam a aten��o de quem entra no Memorial Cardeal Dom Lucas Moreira Neves, localizado bem em frente � Catedral Bas�lica de Nossa Senhora do Pilar, no Centro Hist�rico da cidade da Regi�o dos Campos das Vertentes. O primeiro traz a b�n��o apost�lica concedida em 30 de outubro de 1974 pelo papa Paulo VI (1897–1978), ao filho ilustre de S�o Jo�o del-Rei. Assim est� escrito em italiano, sob a foto colorida: “A monsenhor Lucas Moreira Neves, un ringraziamento, un incoraggiamento, una benedizione” (um agradecimento, um incentivo, uma b�n��o) – monsenhor equivale a dom, como s�o tratados os bispos na Santa S�. No outro, com manuscrito datado de 5 de setembro de 1987 e em portugu�s, v�-se a letra de Jo�o Paulo II (1920–2005): “Ao querido irm�o dom Lucas Moreira Neves, arcebispo de S�o Salvador da Bahia, com a minha b�n��o”.


Os registros mostram a proximidade e a intimidade de dom Lucas (1925–2002) com os dois ex-ocupantes do trono de S�o Pedro, pois foi secret�rio da Sagrada Congrega��o para os Bispos e do Sagrado Col�gio dos Cardeais, al�m de prefeito da Sagrada Congrega��o dos Bispos no Vaticano. “Os aposentos deles, em Roma, ficavam bem perto uns dos outros e eles at� podiam se comunicar de suas janelas”, conta a irm� do cardeal, a professora aposentada Maria Stella Neves Valle, de 84 anos, conselheira do memorial e maestrina da bicenten�ria orquestra Ribeiro Bastos, de S�o Jo�o del-Rei. Ainda residente na casa da fam�lia, onde nove irm�os nasceram e foram criados – dom Lucas era o mais velho –, Stella guarda uma fotografia especial, que tem r�plica no memorial. Trata-se da cerim�nia, em 29 de junho de 1988, na qual o irm�o se tornou cardeal e recebeu o chap�u vermelho das m�os de Jo�o Paulo II.

“Desde crian�a, ele queria ser padre. Tanto � que, no memorial, decidimos recortar, numa folha de jornal, o molde de uma casula, paramento lit�rgico usado nas missas, como gostava de fazer nos tempos de menino”, recorda-se Maria Stella, vi�va, sem filhos e que, pela idade, sempre foi a irm� mais pr�xima do cardeal, que est� sepultado na catedral de Salvador (BA) por ter sido arcebispo metropolitano da capital baiana e primaz do Brasil. Quando morreu, em 8 de setembro de 2002, dom Lucas estava em Roma e a cerim�nia f�nebre, antes do traslado para o Brasil, foi assistida por Jo�o Paulo II e oficializada pelo agora papa em�rito Bento XVI, na �poca decano do col�gio cardinal�cio e bispo titular de Ostia. Num painel do memorial, h� v�rias fotos referentes ao funeral. Em momentos felizes, h� um encontro sorridente de dom Lucas, Karol Wojtyla e Joseph Ratzinger.

Ao passear os olhos pelos pain�is montados no segundo andar do casar�o do s�culo 18, o visitante vai encontrar retratos de dom Lucas no Semin�rio de Mariana, nos tempos de frei dominicano, na �poca em que estudou na Fran�a e nos dom�nios do Vaticano. O melhor mesmo � ver a foto no papel e logo em seguida o objeto retratado. � o caso da estola vermelha com fios de ouro pertencente a Jo�o Paulo II e presenteada a dom Lucas em cerim�nia em Castel Gandolfo, em 5 de dezembro de 1983. Na ocasi�o, o paramento foi colocado pelo Sumo Pont�fice, num ato chamado de imposi��o, sobre os ombros do mineiro. A pe�a fica numa vitrine que nunca se abre, embora seja poss�vel v�-la perfeitamente, ao lado de outras roupas religiosas usadas por dom Lucas.

REL�QUIAS O memorial vai completar 10 anos em 16 de setembro, data de nascimento de dom Lucas, e nele se encontra todo o acervo doado pela fam�lia Moreira Neves � diocese de S�o Jo�o del-Rei, informa Maria Stella. No espa�o, h� muito para se ver, ler e admirar. Uma biblioteca com 50 mil t�tulos em v�rios idiomas – dom Lucas falava, al�m de portugu�s, italiano, franc�s, ingl�s, alem�o, russo, latim e espanhol –, paramentos, comendas, fotos, quadros e outros objetos. “N�o pod�amos ficar com todo esse material em nossa casa, ent�o decidimos comprar o im�vel e fazer o memorial. A aquisi��o do casar�o de tr�s andares na Rua Get�lio Vargas era sonho antigo de dom Lucas, diz Maria Stella, ao lado da irm� Marlene Moreira Neves M�rio, residente no Rio de Janeiro (RJ) e em f�rias na cidade. Um dos destaques do memorial � o testamento espiritual, escrito no Vaticano em 20/4/2000, uma quinta-feira santa.

Guiados pelos funcion�rios Maria do Carmo Silva e Lucas Henrique Bispo, os visitantes podem ver, no espa�o muito bem organizado, um c�lice doado por Jo�o Paulo II, quando da sua visita ao Brasil em 1987. E tamb�m o livro Comede presbyteralium mnesmosynon, presenteado a dom Lucas pela irm� de Paulo VI, Maria Ant�nia, em 26 de agosto de 1984 – nas p�ginas, algumas passagens grafadas pelo papa que que presidiu parte do Conc�lio Vaticano II (1962 – 1965). A data era bem significativa para o presente: completavam-se seis anos da elei��o, como papa, de Jo�o Paulo I (1912–1978), conhecido como “O papa sorriso” e falecido spenas um m�s depois, na madrugada de 28 de setembro.

O diretor da Funda��o Memorial Dom Lucas Moreira Neves e vig�rio paroquial da Catedral Bas�lica do Pilar, padre Ramiro Jos� Greg�rio, conviveu com o cardeal s�o-joanense entre 1983 e 1986, quando fazia mestrado em liturgia em Roma. “O povo de S�o Jo�o del-Rei conviveu pouco com dom Lucas, devido � sua miss�o em Mariana, S�o Paulo, Bahia e Santa S�. Aqui no memorial todos podem conhecer mais sobre ele”, diz padre Ramiro. Milhares de documentos que estavam no Vaticano – manuscritos, rascunhos de prega��es e outros – est�o sendo publicados em colet�neas � venda no memorial. “Levei seis anos para organizar toda a documenta��o ”, conta o padre. Na P�scoa e em setembro, h� eventos culturais para reverenciar a mem�ria do cardeal.


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