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Estado de Minas

Cardeais se dividem em quatro correntes

Religiosos entram polarizados para o Conclave


postado em 12/03/2013 08:17 / atualizado em 12/03/2013 08:42

 

Cardeais participam de missa antes do início do conclave(foto: AFP PHOTO / GABRIEL BOUYS )
Cardeais participam de missa antes do in�cio do conclave (foto: AFP PHOTO / GABRIEL BOUYS )

Em um cen�rio pol�tico bizantino, os 115 cardeais entram nesta ter�a-feira (12) para o conclave profundamente polarizados, divididos e ir�o �s urnas em uma elei��o aberta. Fontes pr�ximas aos cardeais confirmaram que existem pelo menos quatro grupos atuando nos bastidores para que suas vis�es prevale�am. Mas todos admitem que, ao contr�rio do conclave de 2005, n�o h� um franco favorito. De um lado, dois grupos que se apresentam como esp�cies de partidos da situa��o, enquanto outros dois clamam por maior transpar�ncia, maior efici�ncia na ger�ncia da Igreja e uma esp�cie de moderniza��o na gest�o pontif�cia.

 Veja o infogr�fico sobre a ren�ncia de Bento XVI

“N�o h� um debate sobre doutrina ou sobre f�”, indicou um assessor de um cardeal de peso no Vaticano. “A Igreja hoje est� falando com a mesma voz no que se refere � religi�o. � sua administra��o que est� dividindo os cardeais”, acrescentou.

Mas, para observadores em Roma, com o elemento religioso fora da campanha, � mesmo a disputa pol�tica que ganhar� espa�o de honra na Capela Sistina. Nesta segunda-feira, no �ltimo dia de reuni�es, o n�mero de cardeais que pediu para falar sobre o que esperavam do pr�ximo papa era t�o grande que nem todos puderam fazer suas interven��es.

Parte deles deixou claro que considerava que o debate deveria continuar. Mas a C�ria deu por encerradas as discuss�es. Assessores admitiram que isso era um sinal de que nem tudo est� resolvido e que o pleito est� aberto.

“No �ltimo conclave, havia um homem com uma estatura tr�s ou quatro vezes maior que a dos demais cardeais”, disse o cardeal franc�s Philippe Barbarin, em refer�ncia a Joseph Ratzinger. “Desta vez n�o � o caso. A escolha ter� de ser feita entre um, dois, tr�s, quarto, uma d�zia de candidatos”, insistiu. “N�o sabemos ainda de nada. Vamos ver o que sair� da primeira vota��o.”

Prim�ria

Nos �ltimos dias, Roma foi tomada por reuni�es secretas de diferentes grupos, mobilizando for�as para justamente permitir que seus candidatos descubram hoje se t�m ou n�o apoio suficiente para continuar na batalha. Na tarde desta ter�a, a primeira vota��o servir� como uma esp�cie de prim�ria. Diante da prolifera��o de nomes que podem atrair votos, quem n�o se sair bem na primeira vota��o ser� na pr�tica eliminado.

N�o por acaso, a meta dos grupos nesta segunda era o de costurar os �ltimos apoios para garantir a sobreviv�ncia de seus candidatos para os pr�ximos dias.

Um dos grupos de maior peso � o que poderia ser chamado de “pr�-C�ria”, com o apoio de alguns dos principais pr�ncipes do Vaticano que j� estavam no poder durante a gest�o do secret�rio de Estado, Tarcisio Bertone. O grupo, por�m, queimado diante dos esc�ndalos e da pr�pria ren�ncia de Bento XVI, foi obrigado a buscar nomes de fora para atrair eleitores.

Um deles � de d. Odilo Scherer, afinado com as posi��es da C�ria. Ele atenderia a dois crit�rios: � o homem de confian�a de um grupo no poder e, ao mesmo tempo, renovaria a imagem da Igreja ao se tornar o primeiro papa de fora da Europa em 1,3 mil anos. Jornais italianos apontam que o brasileiro j� poderia ter numa primeira vota��o entre 20 e 30 votos.

Mas nem o grupo do establishment da Igreja estaria unido. Parte dele, liderado pelo secret�rio de Estado, Tarc�sio Bertone, defende a volta de um italiano para o comando da Santa S�, depois de mais de 30 anos nas m�os de “estrangeiros”. Um dos nomes seria o de Giancarlo Ravasi, o poderoso ministro da Cultura da Santa S�. Mas n�o se descarta que o arcebispo do Sri Lanka, Malcolm Ranjith, possa ser uma alternativa se n�o houver uma sintonia entre os italianos.

Oposi��o

Do outro lado est� a oposi��o que clama por uma reforma da administra��o e uma nova imagem de maior transpar�ncia na Igreja. O problema, segundo fontes no Vaticano, � que o �nico ponto em comum � o desejo de derrubar o grupo no poder. “N�o h� um nome �nico da oposi��o que atraia a aten��o de todos”, disse uma fonte.

Ironicamente, o representante da oposi��o considerado como tendo maiores chances � um antigo aliado de Bento XVI, o poderoso arcebispo de Mil�o, Angelo Scola. Antes de renunciar, o papa chegou a dar sinais de que Scola seria seu candidato. Ele tem o apoio de outros cardeais italianos - mas nem todos.

“Scola � moderno, mas n�o progressista”, insistia nesta segunda Marco Politi, vaticanista italiano, cada vez que algu�m tentava rotular Scola como um reformista. Mas parte da delega��o americana tamb�m estaria inclinada a votar nele, desde que adote posi��es claras pr�-transpar�ncia. Jornais italianos chegaram a apontar que o arcebispo de Mil�o poderia somar at� 40 votos j� na primeira rodada de vota��o.

At� a tarde desta segunda, a prioridade de seu grupo de apoio era o de atrair o voto de cardeais independentes e descontentes com a atual C�ria. O problema � que nem todos est�o convencidos de que Scola representaria de fato uma renova��o da Igreja e que adotaria medidas dr�sticas de reformas.

N�o por acaso, grupos debateram nos �ltimos dias nomes alternativos de oposi��o. S�o pessoas que n�o se alinham com o grupo pr�-C�ria e nem com Scola. Mas ainda assim teriam o apoio de v�rios descontentes.

A lista, neste caso, � ampla e iria desde o canadense Marc Ouellet, passando pelo ganense Peter Turkson, os cardeais americanos Sean O'Malley e Timothy Dolan, o filipino Luis Antonio Tagle, o h�ngaro P�ter Erdo e mesmo o brasileiro Jo�o Aviz. “A C�ria precisa de uma revolu��o”, declarou o cardeal alem�o Walter Kasper. “Precisamos de reforma e transpar�ncia”, disse.

J� o canadense Marc Ouellet poderia ainda ser um dos nomes fortes, representante de uma esp�cie de compromisso entre os diversos campos. Para ser eleito, o novo papa ter� de acumular 77 votos, o que pode n�o ser uma tarefa simples diante das divis�es. Se houver um impasse entre os grupos e se as vota��es se repetirem sem um claro avan�o de um dos candidatos, cardeais poder�o chegar � conclus�o de que ter�o de abandonar seus preferidos para buscar um nome de consenso. O canadense, n�o por acaso, � visto como um dos favoritos justamente por fazer a ponte entre os grupos.


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