Em dois mil�nios, esta � a primeira vez que o sucessor de Pedro � latino-americano. N�o bastasse a representatividade deste fato, Jorge Bergoglio surpreendeu ainda mais e ser� o primeiro Santo Padre a utilizar o nome de Francisco. A escolha traduz, de certa forma, o momento de transforma��o que a Igreja Cat�lica pretende viver com o novo papa, uma vez que, segundo as tradi��es cat�licas, S�o Francisco de Assis foi chamado por Deus para reparar uma "igreja em ru�nas".
De fato, os desafios que ser�o enfrentados por Francisco s�o �rduos. A Igreja Cat�lica vive uma estagna��o no n�mero de fi�is, bem como a queda na quantidade de padres. Al�m disso, leis liberais votadas em diversos pa�ses ocidentais t�m incomodado a igreja. Outro problema que deve ser superado pelo argentino � o esc�ndalo envolvendo den�ncias sexuais contra religiosos.
Para o frei Adilson C�rrea da Silva, da paroquia de S�o Francisco das Chagas, "existe uma igreja antes e uma depois de S�o Francisco". "Para ele a igreja n�o deveria ser dos pobres, mas ser pobre", afirmou o religioso. A mesma transforma��o � esperada de Francisco I que, independentemente dos anos em que seguir� no papado, j� marcou a hist�ria do catolicismo.
S�o Francisco nasceu em Assis, na It�lia, no ano de 1182. Seu pai era um rico comerciante de tecidos, o que permitiu a Francisco uma inf�ncia e juventude de fartura e a possibilidade de continuar o com�rcio. Quando jovem, Francisco sempre procurou a realiza��o de grandes ideais e o dinheiro do pai ajudava em seus projetos - vestia as melhores roupas, dispunha de vinho e comida para promover festas entre amigos.
Durante uma revolta do povo contra os nobres da cidade de Assis, Francisco tomou partido na causa social. Durante os confrontos, ele foi preso e permaneceu no c�rcere por um ano. Seu pai pagou pela liberta��o. Enfraquecido e sem projeto de vida, Francisco se empenhou no ideal de buscar volunt�rios para as suas lutas em defesa dos territ�rios.
No entanto, em sua primeira cruzada com o ex�rcito, reza a tradi��o que Deus teria questionado o jovem em seu �ntimo: "Francisco, a quem deves servir, ao Senhor ou ao servo?" Francisco compreendeu que deveria servir a Deus, abandonou o seu ideal e retornou a Assis humilhado por deixar a luta.
Francisco foi aos poucos se transformando. Passava muitas horas sozinho, buscava lugares isolados no campo e quando encontrava um mendigo, doava o que dispunha no momento. Aos poucos foi se habituando � ora��o. Na sua convers�o, sofria as d�vidas e fraquezas humanas. Em um momento dif�cil da sua vida, Francisco encontrou no caminho um leproso e, diante do horror das feridas e do odor, pensou em fugir. Movido por um grande amor, venceu o obst�culo, voltou-se para o leproso, e o abra�ou e beijou, reconhecendo nele um irm�o.
Numa ocasi�o tamb�m importante, encontrava-se em ora��o na Igreja de S�o Dami�o - uma capelinha quase destru�da - e olhando o crucifixo e examinando as paredes ca�das ao redor, compreendeu o pedido de Deus. "Francisco, reconstr�i a minha Igreja". Para empreender o projeto de reconstruir a Igreja, Francisco retirou recursos do pai. Este, j� enfurecido pelas atitudes e prevendo o risco de perder o patrim�nio nas m�os do filho "maluco", abriu um processo perante o Bispo para deserd�-lo.
Diante das acusa��es do pai, na frente do Bispo e de todos, Francisco tirou as pr�prias vestes e, nu, devolveu-as ao pai dizendo: "Daqui em diante tenho somente um pai, o pai nosso do c�u".
Francisco passou a reconstruir as igrejinhas ca�das, com o seu pr�prio trabalho, assentando pedras, comendo do que lhe davam na rua. Depois que reconstruiu a Igreja de S�o Dami�o, restaurou tamb�m uma capela pr�xima aos muros de Assis e uma outra, a Igreja de Santa Maria dos Anjos.
Com o tempo S�o Francisco compreendeu que deveria reconstruir a Igreja dos fi�is e n�o somente as igrejas de pedra. Durante uma missa na leitura do Evangelho ouve e compreende que os disc�pulos de Jesus n�o devem possuir ouro, nem prata, nem duas t�nicas, nem sand�lias. E que devem pregar a Paz e a convers�o. No dia seguinte os habitantes de Assis foram surpreendidos quando ele chegou com uma t�nica simples, uma corda amarrada � cintura e os p�s descal�os. A todos que encontrava na caminho dizia. "A paz esteja com voc�s!"
S�o Francisco passou a falar da vida de Evangelho nos lugares p�blicos de Assis. Falava e agia com tamanha f� que o povo ouvia com respeito e admira��o.
*Com informa��es do Portal S�o Francisco