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Estado de Minas

Den�ncias sobre Bergoglio dividem opini�es na Argentina

Enquanto parte da popula��o v� o Papa Francisco como um protetor dos pobres, outra parcela o acusa de coniv�ncia com a ditadura


postado em 15/03/2013 07:33

 

Souvenirs do Papa Francisco já são vendidos em frente à Catedral de Buenos Aires(foto: REUTERS/Agustin Marcarian )
Souvenirs do Papa Francisco j� s�o vendidos em frente � Catedral de Buenos Aires (foto: REUTERS/Agustin Marcarian )

 Para os moradores da favela Villa 31, no centro de Buenos Aires, Mario Jorge Bergoglio � austero e humilde – um homem talhado para ser o papa dos pobres. Ele � comparado ao padre Carlos Mujica, que trabalhava nos bairros mais carentes da capital argentina e foi metralhado pela repress�o na d�cada de 1970. Seu corpo foi enterrado na capela Cristo Oper�rio, que ele inaugurou na Villa 31.

 “Eu me lembro do dia em que trouxeram o corpo do padre Mujica, do cemit�rio da Recoleta, para ser enterrado aqui. Levamos o caix�o por estas ruas e conosco estava Bergoglio, que rezou missa por ele”, contou, em entrevista � Ag�ncia Brasil, Saul Sanchez, padeiro da favela. “Mujica e Bergoglio s�o parecidos – os dois s�o o que chamamos de curas villeros (padres favelados). Quando ainda era arcebispo de Buenos Aires, Bergoglio vinha aqui e tomava mate conosco. Nos visitava pelo menos duas vezes ao ano”.

 Na Argentina, as opini�es sobre Bergoglio s�o divididas. Pesa sobre ele a suspeita de que foi conivente com a �ltima ditadura (1976-1983), respons�vel pelo desaparecimento de cerca de 30 mil opositores. A den�ncia foi feita pelo jornalista Horacio Verbitsky, no livro O Sil�ncio, sobre o papel da Igreja Cat�lica no regime militar.

 Presidente do Centro de Estudos Legais e Sociais (CELS) – uma organiza��o n�o governamental (ONG) de defesa dos direitos humanos –, Verbitsky ouviu os jesu�tas Orlando Yorio e Francisco Jalics. Os dois foram sequestrados em 1976 e levados a um centro de tortura clandestino, que funcionava dentro da Escola Mec�nica da Armada – a temida Esma. As den�ncias s�o de que muitos dos torturados na Esma acabaram sendo jogados vivos, de avi�es, no Rio da Prata – nos chamados voos da morte. Os dois sacerdotes foram soltos depois de cinco meses e Yorio acusou Bergoglio de ser o respons�vel pela pris�o e tortura que ambos sofreram.

 Yorio morreu de ataque card�aco h� 13 anos, mas seus parentes continuaram investigando o passado. A pedido deles, Bergoglio foi chamado para prestar depoimento no julgamento dos respons�veis pelos crimes cometidos na Esma. Ao saber que o arcebispo de Buenos Aires tinha sido eleito papa, Graciela, a irm� de Yorio, reagiu: “N�o posso acreditar. Estou t�o angustiada, com tanta raiva, que n�o sei o que fazer”. O desabafo, foi enviado a Verbitsky e reproduzido por ele em sua coluna no jornal P�gina 12.

 “O mundo hoje fala do papa Francisco como o altru�sta, que est� do lado dos mais necessitados. N�o conhece a verdadeira cara dele - � um homem que fingiu n�o ver os horrores da ditadura e que se calou para n�o se comprometer. Esse � o papa que temos”, disse Estela de la Cuadra, em entrevista � Ag�ncia Brasil. Estela � irm� de Elena, sequestrada quando estava gr�vida de cinco meses. Testemunhas que viram Elena no centro de tortura contaram que ela deu � luz uma menina, Ana, que, como os pais, desapareceu sem deixar rastro.

 “Meu pai pediu ajuda, pessoalmente, a Bergoglio. Queria recuperar a neta. E o que foi que ele fez? Deu um bilhete ao meu pai, recomendando-o a outro sacerdote, que nada fez”, disse Elena. Ela acusa o papa Francisco de omiss�o. Bergoglio tambem foi convocado como testemunha no julgamento dos respons�veis pelo roubo de beb�s durante a ditadura. Quando ele foi eleito papa, as Av�s da Pra�a de Maio publicaram, em sua p�gina na internet, a transcri��o do que foi dito no tribunal. Quando o promotor perguntou se sabia que os militares estavam roubando os filhos dos desaparecidos, ele respondeu que s� tomou conhecimento nos anos 1990 – mais de uma d�cada depois do fim da ditadura.

 “Como � que ele diz que s� ouviu falar na d�cada de 1990? O mundo ficou sabendo antes. E ele ocupava um cargo alto na Igreja – n�o tinha como n�o saber”, disse Estela. Bergoglio, no entanto, nega as acusa��es e lembra que, inclusive, ajudou alguns sacerdotes a escapar das garras da ditadura. Ele foi defendido pelo Pr�mio Nobel da Paz, o argentino Adolfo Esquivel. Segundo Esquivel, muitos sacerdotes foram realmente c�mplices do regime militar – mas Bergoglio n�o.


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