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Estado de Minas

Cardeais brasileiros n�o escondem a surpresa sobre elei��o de Bergoglio

Tr�s dos cinco cardeais brasileiros que votaram no conclave elogiam a simplicidade do novo Sumo Pont�fice e destacam a imprevisibilidade da escolha do l�der cat�lico. Dom Odilo afirma que em nenhum momento se sentiu entre os cotados


postado em 15/03/2013 08:01

 

Os cardeais dom Odilo Scherer (E), dom Geraldo Majella (C) e dom Raymundo Damasceno (D): esperança sobre o futuro do catolicismo e negativas sobre possíveis pressões (foto: Diego Amorim/CB/D.A Press)
Os cardeais dom Odilo Scherer (E), dom Geraldo Majella (C) e dom Raymundo Damasceno (D): esperan�a sobre o futuro do catolicismo e negativas sobre poss�veis press�es (foto: Diego Amorim/CB/D.A Press)

 Cidade do Vaticano – Livres do voto de sil�ncio e das vestes vermelhas, tr�s dos cinco cardeais brasileiros participantes do conclave comentaram a surpresa do resultado da vota��o secreta pouco depois de deixarem a Casa Santa Marta, na manh� de ontem. Em entrevista coletiva no Col�gio Pio Brasileiro, em Roma, tamb�m quiseram demonstrar o desejo de mudan�a do Col�gio Cardinal�cio, ao eleger como papa o argentino Jorge Mario Bergoglio. Bem mais acess�veis que na �ltima semana, os religiosos enalteceram o jeito simples do escolhido e refor�aram os ineditismos em torno do primeiro sumo pont�fice latino-americano, jesu�ta e de nome Francisco. “Estamos diante de uma s�rie de indica��es que nos d�o muita esperan�a”, disse dom Odilo Scherer, arcebispo de S�o Paulo, que entrou para o conclave como um dos mais cotados para suceder Bento XVI.

 Antes de qualquer pergunta dos jornalistas sobre o assunto, dom Odilo disparou, em tom de desabafo: “As cota��es pr�vias foram todas para o espa�o. H� que se compreender uma coisa: a Igreja n�o � feita somente de c�lculos humanos”. Ele usou a express�o “ter os p�s no ch�o” e garantiu nem sequer ter cogitado uma vit�ria. “Dizia comigo mesmo: est� tudo furado”, contou, negando saber sobre especula��es.

 Dom Odilo transpareceu desconforto com avalia��es sobre disputas no conclave. “� um ambiente de muita seriedade e de ora��o. N�o identifiquei em momento algum partidos, esse neg�cio de direita e esquerda”, argumentou o ga�cho, que fez muitos brasileiros sonharem com a possibilidade de verem um compatriota ser apresentado como papa. Presidente da Confer�ncia Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Raymundo Damasceno destacou a mensagem de “pobreza e solidariedade” na escolha do nome Francisco e analisou o conclave. “A gente n�o experimenta press�o alguma, a gente se sente totalmente livre”, defendeu, ao frisar que, na Capela Sistina, os interesses da Igreja sobressaem aos individuais.

 DISCUSS�O No mesmo sentido, dom Geraldo Majella chegou a responder com naturalidade quando perguntado sobre a influ�ncia dos esc�ndalos de abusos sexuais e do VatiLeaks na elei��o: “Ningu�m estava preocupado com isso”. Sobre a idade do cardeal escolhido – 76 anos –, o arcebispo em�rito de Salvador comentou que “em pouco tempo ele pode fazer muito e dar um testemunho vibrante para o mundo”. Dos tr�s, ele � o �nico que participou pela segunda vez de um conclave. Em 2005, recordou dom Geraldo, n�o houve “discuss�o” para tornar papa o cardeal alem�o Joseph Ratzinger. “N�o � que agora existisse uma grande discuss�o, mas parece que este papa n�o era assim t�o esperado”, comparou.

 Provocados sobre a rivalidade entre Brasil e Argentina, os cardeais encararam com bom humor. “A disputa � mais no campo do futebol, entre Maradona e Pel�. No campo religioso n�o h� isso, se trata da mesma Igreja”, respondeu dom Raymundo. “Como os argentinos s�o chamados no Brasil? De hermanos. Somos povos irm�os, nos sentimos assim”, arrematou dom Odilo.

 Tr�s perguntas para:

 Dom Raymundo Damasceno
presidente da CNBB

 Surpreendeu a fuma�a branca no fim do segundo dia?
Surpreendeu porque antecipou um dia, na minha previs�o. N�o passaria desta semana, mas pensei que o conclave fosse terminar na quinta (ontem) ou na sexta-feira (hoje). Quando come�ou a vota��o, imaginei que fosse demorar mais. Mas o nome escolhido, embora n�o fosse muito citado no mundo externo, era algo poss�vel. Eu o conhe�o h� muitos anos e gostei quando ele surgiu como possibilidade.

 O que representa um papa latino-americano para a Igreja do Brasil?
Trata-se de uma mudan�a geopol�tica na Igreja, marcando quase um deslocamento de import�ncia dada ao continente. � uma grande novidade, e estamos nos sentindo muito honrados por este momento da hist�ria. O papa, agora, � americano, porque a Am�rica guarda uma unidade. Apesar das diferen�as, temos uma cultura crist�.

 Perdemos as chances de ter um papa brasileiro?
Essa possibilidade n�o est� anulada. Termos um papa latino-americano agora n�o exclui as chances de, num futuro, termos um papa brasileiro. Evidente que o crit�rio n�o � esse de ir alternando continentes ou pa�ses. Para n�s, n�o importa de onde o papa �. Importa ele ser pai da cristandade e pastor universal. 

 Dom Odilo Scherer
Arcebispo de S�o Paulo

 O "tempo de dificuldade" da Igreja est� superado?
N�o, claro que n�o. Isso n�o acontece automaticamente. As dificuldades continuam e precisam ser enfrentadas. E o novo papa vai contribuir nesse sentido. Mas n�o h� um novo absoluto, o que existe � uma passagem de uma fase para outra. Certamente, haver� novas iniciativas pastorais.

 Por que lhe incomodou a repercuss�o em torno do nome do senhor como poss�vel papa?
N�o tomei conhecimento, justamente para ficar tranquilo. Uma coisa � certa: a escolha do papa e outras decis�es da Igreja n�o se resolvem na base da torcida. Muitas vezes se encara a Igreja a partir de clich�s, de preconceitos e de ideias gen�ricas. A Igreja � uma institui��o s�ria, bimilenar e tem muita hist�ria.

 A escolha de um cardeal argentino revela a for�a da Igreja na Am�rica Latina?
Um papa latino-americano certamente p�e em evid�ncia o continente onde vive quase metade dos cat�licos do mundo. Mas esse crit�rio territorial n�o foi decisivo. O que importou foi a escolha de algu�m que, de alguma forma, respondesse �quilo que hoje a Igreja precisa ser para o mundo. Os progn�sticos poderiam ser tantos, mas, no fim, ningu�m se encaixa perfeitamente. 

 Dom Geraldo Majella Agnelo
Arcebispo de Salvador

 Quando foi mais f�cil chegar ao consenso em torno de um nome: neste conclave ou em 2005?
Nos dois houve um exerc�cio para votarmos e chegarmos logo aos dois ter�os necess�rios. O cardeal Joseph Ratzinger sobressa�a muito. Era, eu diria, quase que um candidato, um candidato forte, algu�m j� conhecido na Igreja. Desta vez, n�o teve ningu�m que entrou no conclave como Ratzinger entrou. Eram muitos os nomes falados.

 O escolhido coincidiu com o perfil que voc�s tra�aram durante as Congrega��es Gerais?
Sim, mas ningu�m fala em nomes durante as reuni�es antes do conclave. Diz�amos somente que precis�vamos de algu�m com um determinado perfil. E esse perfil foi atendido. At� superou o desejado, eu acho. A preocupa��o, demonstrada por ele, pelo sofrimento dos mais pobres e dos mais esquecidos era algo comentado desde o primeiro momento.

 Que fase � esta que a Igreja come�a a viver com o novo papa?
A indiferen�a � uma grande tenta��o do mundo atual. As pessoas n�o se preocupam mais com os outros, somente consigo. O fato de o cardeal Jorge Mario Bergoglio ter escolhido o nome Francisco vai fazer o mundo inteiro se lembrar da simplicidade vivida pelo santo de mesmo nome. N�o tenho d�vida de que esse gesto vai chamar a aten��o das pessoas.

 


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