Washington, 17 - Os Estados Unidos n�o est�o preocupados apenas com uma elei��o presidencial limpa e transparente na Venezuela, mas tamb�m com a estabilidade do seu pr�ximo governo, esteja ele nas m�os do bolivariano Nicol�s Maduro ou do opositor Henrique Capriles. Um colaborador do presidente americano, Barack Obama, disse que o papel do Brasil � essencial na delicada transi��o pol�tica, especialmente se Capriles vencer a elei��o.
"O Brasil tem import�ncia fundamental na garantia de transpar�ncia do processo eleitoral e na estabilidade do governo a ser composto a partir da elei��o de 14 de abril", afirmou o colaborador do governo americano, que n�o quis se identificar.
A Casa Branca e o Departamento de Estado est�o conversando com Bras�lia sobre a transi��o venezuelana e j� notaram a mesma preocupa��o brasileira com a legitimidade do processo eleitoral e com inevit�vel fragilidade de seu futuro governo.
Os EUA avaliam que os investimentos brasileiros na Venezuela e o elevado volume de neg�cios bilaterais tornam o Pa�s um interlocutor privilegiado com as autoridades atuais e futuras de Caracas.
N�o se trata de interfer�ncia, acredita o assessor de Obama, que prev� uma nova onda de ataques do governo venezuelano e de Maduro aos EUA. De acordo com ele, trata-se da necessidade de afastar riscos desnecess�rios � j� complicada transi��o na Venezuela - o quarto exportador de petr�leo para o mercado americano e um dos principais destinos dos produtos dos EUA na Am�rica do Sul.
O sucessor de Hugo Ch�vez, morto no dia 5, ter� diante de si uma economia debilitada, com baixa capacidade de atrair novos investimentos e sob press�o das promessas e de compromissos sociais do antigo governo. Recentemente, segundo a Casa Branca, a petrol�fera estatal venezuelana PDVSA teve negado pela China um pedido de empr�stimo.
Caracas disp�e hoje de fontes cada vez mais raras de financiamento. Al�m disso, mesmo vencendo a elei��o, Maduro estar� longe de unificar as diferentes bandeiras do bolivarianismo, como Ch�vez foi capaz. "Ele estar� sempre exposto a riscos na din�mica interna de seu governo e � perda de popularidade", avalia o colaborador de Obama. Nesse caso, os EUA n�o ter�o nada a fazer sen�o observar. "Maduro n�o � Ch�vez", afirmou.
Capriles ter� um desafio ainda maior: governar com a m�quina burocr�tica, a Assembleia Nacional, o Tribunal Supremo de Justi�a, os sindicatos e os organismos mais ativos da sociedade civil fi�is ao ideal bolivariano. A desmontagem do aparato do governo n�o ser� f�cil nem r�pida. Em tom apaziguador, Capriles anunciou que manter� a ajuda financeira a Cuba. No entanto, concess�es ainda mais contradit�rias s�o esperadas.
"Se Capriles vencer a elei��o, seu governo demandar� muito mais apoio do Brasil, especialmente, e de Col�mbia, Peru e Chile. Os EUA, claro, estar�o prontos para ajudar", afirmou.
A normaliza��o da rela��o dos EUA com a Venezuela � considerada em Washington apenas em caso de vit�ria da oposi��o. Ainda assim, de forma comedida e gradual. Com Maduro na presid�ncia, a rela��o entre os dois pa�ses pode melhorar ao longo do tempo, mas sem chegar ao mesmo n�vel de antes. A tentativa de abrir o di�logo em temas secund�rios perdeu f�lego com as recentes declara��es e iniciativas de Maduro como presidente interino do pa�s.
Maduro acusou os EUA de terem sido respons�veis pelo c�ncer de Ch�vez e expulsou dois adidos militares da Embaixada Americana em Caracas - ato que levou Washington a exigir, em reciprocidade, a sa�da imediata de dois diplomatas venezuelanos. Em novembro, Maduro conversou com a subsecret�ria de Estado para Am�ricas, Roberta Jacobson, sobre a retomada do di�logo em algumas �reas secund�rias de interesse comum.
Na ocasi�o, o governo americano pretendia firmar um acordo com as autoridades venezuelanas para facilitar a pris�o de narcotraficantes que circulam entre os pa�ses andinos produtores de coca�na, a Venezuela e os EUA. "As nossas portas continuar�o abertas para um di�logo amplo e profundo com a Venezuela, mas n�o vamos dar o primeiro passo", afirmou o assessor de Obama. As informa��es s�o do jornal
O Estado de S.Paulo.