O Papa Francisco, em seu primeiro discurso aos diplomatas reunidos no Vaticano, falou sobre a luta contra "a pobreza material e espiritual" e o di�logo com as outras religi�es, particularmente com o Isl�.
Aos representantes dos cerca de 180 pa�ses creditados na Santa S�, Francisco n�o pronunciou uma �nica vez a palavra guerra e n�o se aventurou no terreno dos conflitos, mas se definiu "como um construtor de pontes".
"Lutar contra a pobreza, seja material ou espiritual; edificar a paz e construir pontes. S�o como os pontos de refer�ncia de um caminho ao qual desejo convidar a tomar parte cada um dos pa�ses que voc�s representam", pediu.
Ele cumprimentou amigavelmente cada um dos diplomatas, dando aten��o para cada um, olhando atentivamente os presentes que traziam ou aben�oando imagens.
Representantes do Afeganist�o e da Ar�bia Saudita, pa�ses com os quais a Santa S� n�o mant�m rela��es diplom�ticas, tamb�m estavam presentes.
Em um discurso muito franciscano, o primeiro Papa jesu�ta fez refer�ncia em tr�s oportunidades ao "Poverello" de Assis.
"Como sabem, s�o v�rios os motivos pelos quais escolhi meu nome, pensando em Francisco de Assis, uma personalidade que � bem conhecida al�m dos confins da It�lia e da Europa, e tamb�m entre aqueles que professam a f� cat�lica. Um dos primeiros � o amor que Francisco tinha pelos pobres. Quantos pobres ainda existem no mundo! E quanto sofrimento enfrentam estas pessoas!", lamentou.
Ele convidou os Estados a reconhecerem "a obra generosa dos crist�os" envolvidos na luta contra a pobreza material.
"Acrescento uma outra raz�o para o meu nome. S�o Francisco de Assis nos diz: trabalhem para construir a paz! Mas n�o h� verdadeira paz sem verdade! A paz n�o pode ser verdadeira se cada um reivindica sempre e somente seus direitos pessoais, sem se preocupar ao mesmo tempo com o bem dos outros", insistiu, advertindo para "a pobreza espiritual de nossos dias, que afeta gravemente os pa�ses considerados mais ricos".
"� o que meu predecessor, o querido e venerado Papa Bento XVI, chama de 'ditadura do relativismo', que deixa a cada um como medida de si mesmo e coloca em perigo a conviv�ncia entre os homens", completou.
Dez dias ap�s a sua elei��o, Francisco ir� encontrar no s�bado na resid�ncia de Castel Gandolfo o seu predecessor em um encontro hist�rico entre dois papas, um em�rito e outro em exerc�cio.
Francisco citou pela terceira vez S�o Francisco de Assis em um apelo em defesa da natureza, pedindo "um profundo respeito por toda a cria��o, pela preserva��o de nosso meio ambiente, que muitas vezes (...) exploramos com avidez em detrimento do outro".
Respeitando seu estilo simples e claro, Francisco explicou que um de seus t�tulos � de "pont�fice, ou seja, o que constr�i pontes, com Deus e entre os homens".
Entre os la�os que precisam ser refor�ados, ele citou "o di�logo entre as diferentes religi�es". "Penso, sobretudo, no di�logo com o Isl�", e tamb�m "no encontro com aqueles que n�o creem".
A universidade eg�pcia de Al-Azhar enviou recentemente um comunicado de quatro linhas indicando que o im� Ahmed Al-Tayyeb apresentava seus votos ao novo Papa, desejando a partilha dos "valores comuns" e a abertura de uma "�poca positiva".
O pontificado de Bento XVI foi marcado pela desconfian�a ap�s o discurso de Ratisbonne em 2006 onde o Papa alem�o pareceu assimilar a viol�ncia ao Isl�.
Quanto ao di�logo com os descrentes, foi encorajado por Bento XVI em encontros do "p�tio dos gentios".
Este discurso na Sala Real do Vaticano foi marcado por uma outra inova��o: Jorge Bergoglio falou em italiano, deixando de lado o franc�s, a l�ngua diplom�tica.
O Papa, que continua a residir na Casa de Santa Marta no Vaticano, se manteve humilde, em contraste com os costumes: celebrou na capela uma missa para os funcion�rios do pequeno Estado -cozinheiras, jardineiros...-, e foi visto rezando, sentado em um banco.