Conhecido como "o Papa bom" por sua simplicidade e afabilidade, Jo�o XXIII (1881-1963), que ser� em breve canonizado pelo Vaticano, � frequentemente considerado o pai da renova��o da Igreja Cat�lica, por ter lan�ado o Conc�lio Vaticano II.
Beatificado em 3 de setembro de 2000 pelo Papa Jo�o Paulo II, reinou de 1958 a 1963, tornando-se muito popular, especialmente na It�lia, onde era visto como um progressista que incentivava o di�logo com outras religi�es e com os ateus.
Nascido em Sotto il Monte (norte da It�lia), em 25 de novembro de 1881, em uma modesta fam�lia camponesa, Angelo Giuseppe Roncalli foi ordenado padre em 1904, depois de estudar no Pontif�cio Semin�rio Romano.
Em 1921, retornou a Roma como respons�vel pelas Obras Pontif�cias Mission�rias da It�lia. Ordenado bispo em 1925, deu in�cio a uma carreira diplom�tica que o levou a Bulg�ria e a Istambul, e finalmente a Paris logo ap�s a Segunda Guerra Mundial.
N�ncio Apost�lico na Turquia, se aproximou dos ortodoxos e mu�ulmanos. Durante a guerra, "esteve entre os mais sens�veis � trag�dia dos judeus e entre os mais fortes nos esfor�os para os salvar, apesar da atitude cat�lica em rela��o aos judeus nesta �poca", pode ser lido no site do Yad Vashem.
Em 1953 foi indicado a cardeal e nomeado patriarca de Veneza. Aos 77 anos, quando foi eleito Papa em 28 de outubro de 1958, adotou o nome de Jo�o XXIII. Escolhido para ser um Papa de transi��o, anunciou, para surpresa geral, em 25 de janeiro de 1959, o lan�amento do Conc�lio Vaticano II - a reuni�o de todos os bispos do mundo - que foi iniciado em 11 de outubro de 1962.
"Desejo abrir as janelas da Igreja para que possamos ver o que est� acontecendo l� fora e para que o mundo possa ver o que est� acontecendo aqui dentro", disse ele na �poca.
Inicialmente, a maioria conservadora do Vaticano esperava que isso confirmaria a autoridade do Papa e do Vaticano, sem uma abertura importante.
O Conc�lio Vaticano II levou ao abandono da exig�ncia de usar a batina e o latim, mas principalmente ao reconhecimento da liberdade de consci�ncia e de religi�o, e � abertura do di�logo com as outras religi�es e n�o crentes, bem como � ado��o de uma nova atitude dos cat�licos em rela��o aos judeus, que resultou em mar�o de 2000 a hist�rica visita do Papa Jo�o Paulo II ao Muro das Lamenta��es em Jerusal�m.
O Conc�lio ainda n�o havia terminado quando Jo�o XXIII morreu em 3 de junho de 1963, pouco tempo depois de ter publicado sua principal enc�clica, "Pacem in Terris" (Paz na Terra). Sua conclus�o coube ao Papa Paulo VI, em 8 de dezembro de 1965.
"Jo�o XXIII tocou o mundo com o seu comportamento af�vel, que fazia transparecer a sua bondade", declarou Jo�o Paulo II durante sua beatifica��o, acrescentando: "O Papa Jo�o deixou na mem�ria de todos a imagem de um rosto sorridente e de bra�os abertos para abra�ar o mundo inteiro" .
O milagre atribu�do ao Papa Jo�o XXIII para a sua beatifica��o foi a cura da irm� Caterina Capitani, da Congrega��o das Filhas da Caridade, desenganada pelos m�dicos ap�s uma opera��o para retirada de um tumor no est�mago. Esta mulher se curou misteriosamente, depois das ora��es dirigidas ao Papa Jo�o XXIII.
Pra a canoniza��o de Jo�o XXIII, o Papa Francisco considerou que n�o era necess�rio demonstrar que intercedeu em um milagre.
A decis�o do papa se canonizar Jo�o XXIII sem registro de milagre, algo n�o muito frequente nas �ltimos d�cadas, � uma prerrogativa do chefe da Igreja, segundo as normas do Vaticano.
"Todos conhecemos as virtudes e a personalidade do papa Roncalli (Jo�o XXIII) e n�o � necess�rio explicar as raz�es pelas quais alcan�a a gl�ria dos altares", afirmou o porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi.