Milhares de partid�rios do presidente isl�mico deposto, Mohamed Mursi, protestaram nesta sexta-feira no Egito diante das for�as de ordem, autorizadas a atac�-los com armas de fogo, desencadeando uma onda de viol�ncia que deixou ao menos 83 mortos, mil detidos e transformou bairros inteiros em campos de batalha.
O governo eg�pcio - instaurado pelo Ex�rcito - indicou que enfrenta "um compl� terrorista" da Irmandade Mu�ulmana para justificar a repress�o que deixou mais de 680 mortos nos �ltimos dias, em sua maioria manifestantes fi�is ao presidente destitu�do.
"O governo afirma que seus membros, as For�as Armadas, a Pol�cia e o grande povo do Egito est�o unidos para combater o compl� terrorista tramado pela Irmandade Mu�ulmana".
Segundo o minist�rio do Interior, "o n�mero de seguidores da Irmandade Mu�ulmana detidos � de 1.004," sendo 558 no Cairo.
Na capital eg�pcia, fortemente patrulhada pelo Ex�rcito e por comit�s populares partid�rios do governo, ocorreram tiroteios com armas autom�ticas em diferentes bairros, principalmente em torno da Pra�a Rams�s, onde milhares de partid�rios da Irmandade Mu�ulmana estavam reunidos.
Os corpos de pelo menos 39 pessoas foram enfileirados em mesquitas do Cairo. Soldados e policiais dispersaram os manifestantes favor�veis a Mursi na capital, constatou um correspondente da AFP.
Na noite desta sexta-feira, a pol�cia cercou a mesquita de Al-Fath, no Cairo, onde est�o v�rios militantes isl�micos partid�rios de Mursi, que acusam as for�as da ordem de atirar contra o pr�dio.
"Milhares de pessoas est�o cercadas na mesquita e os disparos na regi�o ocorrem h� mais de uma hora, sem cessar", informou por e-mail o Partido da Justi�a e da Liberdade, bra�o pol�tico da Irmandade Mu�ulmana.
Um alto oficial, citado pela ag�ncia de not�cias Mena, afirmou que "elementos armados atiraram contra as for�as da ordem a partir das mesquita" de Al-Fath.
Por volta da 01H00 de s�bado, o Ex�rcito prop�s a sa�da das mulheres da mesquita mas exigiu interrogar os homens, o que foi rejeitado pelos militantes refugiados no local, disse � AFP um dos manifestantes, confirmando a presen�a de mais de mil pessoas no templo.
O Partido da Liberdade e da Justi�a afirma que h� 130 mortos apenas na capital, e segundo fontes de seguran�a, 31 pessoas morreram em diferentes prov�ncias do Egito.
Em Suez, cinco pessoas foram mortas durante a noite pelas for�as de ordem e dezenas ficaram feridas durante uma manifesta��o durante o toque de recolher, segundo fontes da seguran�a.
Tiros tamb�m eram ouvidos em outras grandes cidades do pa�s onde os partid�rios de Mursi protestavam, como Alexandria (norte), Beni Sueif e Fayum, ao sul do Cairo, e na cidade tur�stica de Hurghada, �s margens do Mar Vermelho.
Frente � escalada, que desperta temores de que o pa�s --em estado de emerg�ncia desde quarta-feira e onde impera um toque de recolher noturno em v�rias prov�ncias-- mergulhe no caos, os Estados Unidos fizeram um novo apelo para que n�o seja empregada for�a excessiva contra os manifestantes, enquanto os europeus estudam "a ado��o de medidas". A Alemanha indicou inclusive que quer revisar suas rela��es com o Cairo.
O grupo isl�mico Alian�a contra o Golpe de Estado convocou seus seguidores a protestar diariamente.
"Haver� manifesta��es contra o golpe de Estado todos os dias", disse, depois de seu movimento ter convocado seus partid�rios a protestar "aos milh�es" e "pacificamente" para denunciar o "massacre".
Laila Musa, outra porta-voz do mesmo movimento, denunciou a pris�o de seguidores de Mursi antes dos protestos desta sexta, entre os quais h� pelo menos dois ex-membros do Parlamento.
J� o Tamarrod, movimento que promoveu as gigantescas manifesta��es pela destitui��o de Mursi, pediu que os eg�pcios formem "comit�s populares" para defender o pa�s do que ele chama de "terrorismo" da Irmandade Mu�ulmana, � qual pertence Mursi.
As autoridades decretaram estado de emerg�ncia durante um m�s na quarta e um toque de recolher na metade do pa�s entre 19h00 (14h00 de Bras�lia) e 06h00 (01h00 de Bras�lia).
A situa��o no Egito causa preocupa��o na comunidade internacional.
Os Estados Unidos pediram nesta sexta-feira que o Egito n�o recorra � "for�a letal" contra manifestantes pac�ficos.
"Dissemos claramente que os eg�pcios t�m o direito universal de se reunir e se expressar livremente, inclusive durante manifesta��es pac�ficas", escreveu a porta-voz do departamento de Estado Jennifer Psaki, em uma mensagem eletr�nica enviada � AFP.
Na quinta, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, havia anunciado o cancelamento dos exerc�cios militares conjuntos entre seu pa�s e o Egito, ap�s condenar "energicamente" a repress�o, mas sem chegar a cortar uma vultosa ajuda financeira ao Cairo.
O presidente franc�s, Fran�ois Hollande, e a chanceler alem�, Angela Merkel, pediram nesta sexta uma resposta unificada europeia urgente para a crise eg�pcia, anunciou a Presid�ncia francesa.
O mandat�rio franc�s e a primeira-ministra alem� pediram "que os ministros das Rela��es Exteriores da Uni�o (Europeia) se re�nam rapidamente na pr�xima semana para analisar a coopera��o entre a Uni�o Europeia e o Egito e elaborem respostas comuns", segundo o Eliseu.
Os representantes dos 28 Estados membros da Uni�o Europeia se reunir�o na segunda-feira em Bruxelas para analisar a situa��o, indicou nesta sexta-feira o gabinete de Catherine Ashton, chefe da diplomacia europeia.
J� o rei Abdallah da Ar�bia Saudita manifestou apoio �s autoridades eg�pcias "contra o terrorismo" e advertiu para o perigo de "intromiss�es" nos assuntos internos do Cairo. A Jord�nia tamb�m manifestou o seu apoio ao governo eg�pcio em sua luta para "combater o terrorismo".
Centenas de pessoas participaram de manifesta��es convocadas por grupos islamitas em Cartum, Am�, Rabat, Jerusal�m Oriental e na Cisjord�nia para denunciar "o golpe de Estado" contra Mohamed Mursi.
Nesta sexta, a Coaliz�o pr�-Mursi condenou os ataques de islamitas contra igrejas crist�s no pa�s, mas aproveitou para acusar alguns crist�os de apoiar a derrubada do primeiro presidente democraticamente eleito no pa�s.
"Embora alguns l�deres coptas tenham apoiado ou, inclusive, participado do golpe, este tipo de ataques n�o se justifica", indicou.