A onda de viol�ncia se intensifica com 25 policiais e 37 presos islamitas mortos em menos de 24 horas no Egito, onde as for�as de ordem reprimem com viol�ncia os partid�rios do presidente destitu�do Mohamed Mursi, que os consideram "terroristas".
Na pen�nsula des�rtica do Sinai, base de retaguarda de v�rios grupos islamitas armados, os agressores atacaram nesta segunda-feira com foguetes dois micro-�nibus da Pol�cia, matando pelo menos 25 policiais que iam para Rafah. Esse ataque, o mais mort�fero contra as for�as de ordem em d�cadas, eleva para 102 o n�mero de policiais mortos em cinco dias.
Na noite de domingo, em circunst�ncias ainda n�o esclarecidas, 37 presos pertencentes � Irmandade Mu�ulmana, de Mursi, morreram asfixiados no furg�o em que eram levados para uma pris�o do Cairo, com a pol�cia mencionando uma tentativa de fuga. O campo de Mursi denunciou um "assassinato".
As autoridades anunciam regularmente, desde o in�cio, manifesta��es pr�-Mursi, a pris�o de centenas de islamitas.
Elas mant�m Mursi desde o dia 3 de julho em um local secreto. Nesta segunda, uma nova acusa��o foi apresentada contra ele: a de "cumplicidade em assassinato e tortura" contra manifestantes.
Enquanto isso, a justi�a anunciou que o ex-presidente Hosni Mubarak, derrubado no in�cio de 2011 por uma revolta popular, foi colocado em liberdade condicional � espera de julgamento em um caso de corrup��o. Agora ele permanece detido por uma �ltima acusa��o.
Cerca de 900 pessoas, manifestantes pr�-Mursi em sua grande maioria, foram mortas em seis dias em todo o pa�s, incluindo cerca de 600 na quarta-feira quando as for�as de ordem lan�aram o primeiro ataque contra as mobiliza��es da Irmandade Mu�ulmana no Cairo. Cerca de 200 morreram depois durante um dia de manifesta��es na sexta-feira.
Mursi, primeiro chefe de Estado eleito democraticamente no Egito, foi destitu�do no dia 3 de julho. Desde ent�o, seus partid�rios exigem o seu retorno ao poder e denunciam um golpe de Estado.
E esta viol�ncia sem precedentes na hist�ria recente do Egito pode aumentar, j� que os dois lados est�o refor�ando suas posi��es.
Os pr�-Mursi convocaram novas manifesta��es no Cairo nesta segunda-feira e o comandante do Ex�rcito, Abdel Fattah al-Sissi, prometeu uma resposta "das mais en�rgicas" aos islamitas que optarem pela viol�ncia.
"Nossa maior prioridade � a seguran�a nacional", ressaltou, por sua vez, o ministro das Rela��es Exteriores, Nabil Fahmy, admitindo que "h� uma crise" no pa�s.
O "Egito est� no bom caminho", considerou ele, afirmando que "o futuro sistema pol�tico ser� um regime democr�tico, aberto a todos, de acordo com as regras constitucionais que ser�o escritas em breve".
Qualquer um que recorrer � viol�ncia dever� responder por seus atos "conforme � lei" e n�o participar� do futuro do Egito, ressaltou.
No pa�s, a imprensa e grande parte da popula��o, que consideram os membros da Irmandade Mu�ulmana "terroristas", apoiam o m�todo de uso da for�a do Ex�rcito, que suscitou uma onda de fortes cr�ticas no exterior.
A Anistia Internacional denunciou um "massacre total", e lamentou as "fracas" rea��es internacionais, enquanto os pa�ses da Uni�o Europeia, que se disseram preparados para "reexaminar" suas rela��es com o Cairo, realizar�o uma reuni�o ministerial na quarta-feira sobre o assunto.
O chefe da diplomacia saudita, o pr�ncipe Saud al-Fay�al, alertou para que os pa�ses �rabes estejam preparados para compensar qualquer queda na ajuda ocidental ao Egito.
O Canad� se disse "fortemente preocupado" com a pris�o de dois se seus cidad�os no Egito, exigindo explica��es sobre as acusa��es contra eles.
Apesar de ter aumentado o tom com o governo eg�pcio, os Estados Unidos n�o suspender�o por enquanto sua ajuda militar e econ�mica, mas podem tomar uma decis�o a respeito nas pr�ximas semanas.
O secret�rio americano de Defesa, Chuck Hagel, pediu nesta segunda feria o fim do estado de emerg�ncia, mas reconheceu que a capacidade de influ�ncia de seu pa�s � limitada.
"A viol�ncia deve parar, o estado de emerg�ncia deve ser retirado", declarou Hagel, indicando que "todos os aspectos" da coopera��o com o Cairo est�o sendo reavaliados.
Mas ele concluiu: "Nossa capacidade de influenciar os eventos � limitada. Est� com o povo eg�pcio (...), � de sua responsabilidade resolver isto".
Dentro do pa�s, lideran�as da pequena comunidade cat�lica copta eg�pcia consideraram que um ataque "terrorista" est� sendo praticado contra o povo eg�pcio, mas negaram qualquer divis�o entre crist�os e mu�ulmanos, depois de v�rios ataques terem atingido os coptas recentemente.
No domingo, os militantes favor�veis a Mursi cancelaram manifesta��es no Cairo, mencionando raz�es de seguran�a. Os manifestantes isl�micos temem se tornar alvos das for�as de ordem, que s�o autorizadas a atirar nos manifestantes hostis, e de grupos de cidad�os armados que, h� v�rios dias, atacam islamitas e jornalistas estrangeiros acusados de apoiar os pr�-Mursi.
Em um aparente gesto de apaziguamento, o governo anunciou no domingo a proibi��o desses "comit�s populares".
Apesar de o estado de emerg�ncia e o cessar-fogo noturno permanecerem em vigor, o tr�nsito voltou a registrar seus habituais engarrafamentos nesta segunda-feira de manh� no Cairo. Os moradores voltaram ao trabalho, enquanto as lojas estavam abertas.
Tanques do Ex�rcito continuam posicionados em trechos importantes da capital, e o governo anunciou que as mesquitas ser�o fechadas fora das horas de ora��o, para tentar evitar mobiliza��es pr�-Mursi.
O presidente deposto foi acusado por seus cr�ticos e por milh�es de manifestantes de ter concentrado o poder em benef�cio dos islamitas e de ter arruinado de vez a economia.