Os chilenos v�o �s urnas no domingo para escolher, entre nove candidatos, o novo presidente, em uma vota��o que tem a socialista Michelle Bachelet como grande favorita com seu programa de reformas.
De acordo com as pesquisas, Bachelet tem grandes chances de garantir a vit�ria no primeiro turno.
Mais de 13 milh�es de chilenos est�o habilitados a votar no domingo. A elei��o marca a estreia, no pleito presidencial, do voto facultativo, que mudou o antigo sistema, no qual a inscri��o eleitoral era volunt�ria, mas que, uma vez inscrito o eleitor, o voto se tornava obrigat�rio.
N�o existem proje��es exatas sobre o n�mero de eleitores que comparecer�o �s urnas. As estimativas apontam para entre sete e nove milh�es de pessoas.
Diante da inc�gnita de participa��o, o presidente Sebasti�n Pi�era fez um apelo ao voto.
Bachelet, uma socialista de 62 anos que em 2006 se tornou a primeira mulher a ocupar a Presid�ncia do Chile, lidera com grande vantagem todas as pesquisas, com 47% das inten��es de voto, e pode vencer no primeiro turno.
Dos seus oito advers�rios, a melhor colocada � a ex-ministra de direita Evelyn Matthei, com 14%.
"Temos que ganhar com ampla vantagem no primeiro turno", afirmou Bachelet no encerramento de sua campanha, na quinta-feira.
"Queremos ganhar no primeiro turno porque temos muito a fazer", acrescentou.
M�dica e m�e divorciada de tr�s filhos, Bachelet representa a "Nova Maioria", uma alian�a de socialistas, democratas crist�os e comunistas.
A carism�tica ex-presidente promete um "novo ciclo" com v�rias reformas, com destaque para a tribut�ria, a educacional e para uma nova Constitui��o que tem como objetivo acabar com o legado da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990).
"O Chile mudou e � agora um pa�s mais ativo e com maior consci�ncia de seus direitos", declarou Bachelet em mar�o, quando anunciou sua decis�o de concorrer novamente � Presid�ncia.
Para concretizar as mudan�as prometidas, ela precisa de uma ampla maioria no Congresso, que tamb�m ser� renovado no domingo.
As pesquisas preveem que Bachelet obter� a maioria no Congresso, mas n�o com a folga necess�ria para realizar as reformas mais profundas, incluindo a nova Constitui��o.
Os chilenos devem renovar a totalidade da C�mara dos Deputados, de 120 membros, e metade do Senado, de 38 membros.
Corrigir o modelo
Bachelet afirma que quer corrigir a desigualdade social em um pa�s com taxas invej�veis de crescimento econ�mico e estabilidade, mas onde o fosso que separa os mais ricos dos mais pobres � um dos maiores, segundo relat�rios da OCDE.
A candidata defende um aumento progressivo dos impostos sobre as empresas, para arrecadar cerca de 8 bilh�es de d�lares e injet�-los na educa��o, um dos principais focos do descontentamento social no Chile.
Bachelet promete ensino universit�rio gratuito em seis anos e quer acabar gradualmente com um sistema de cobran�as de mensalidades em estabelecimentos escolares que recebem subs�dios estatais.
Com essas propostas, Bachelet vai tentar atender �s demandas do poderoso movimento estudantil chileno, que em 2011 organizou grandes passeatas para exigir ensino p�blico de qualidade e gratuito.
Presidente no primeiro turno?
"N�o h� incerteza sobre quem ser� a nova presidente do Chile, que, todas as pesquisas indicam que ser� Michelle Bachelet, a menos que algo extraordin�rio aconte�a", declarou � AFP o especialista em elei��es Mauricio Morales.
Bachelet pode vencer no primeiro turno, o que n�o acontece desde 1993. Mas, sendo a primeira elei��o presidencial com voto facultativo, a previsibilidade das pesquisas diminui.
Como �nico precedente est� a absten��o de 60% nas elei��es municipais de 2012, quando o novo sistema estreou.
A vit�ria no primeiro turno depender� do n�mero de pessoas dispostas a votar. Uma taxa de participa��o baixa beneficiaria a ex-presidente, que tem um bom n�mero de eleitores considerados garantidos.
A disputa pelo segundo lugar
Mais de 30 pontos atr�s de Bachelet nas pesquisas aparece a candidata da direita Evelyn Matthei, ex-ministra do Trabalho de Pi�era, deputada e senadora do partido ultraconservador Uni�o Democr�tica Independente (UDI).
Matthei foi indicada como candidata no �ltimo momento, depois da ren�ncia intempestiva do ex-ministro Pablo Longueira, vencedor das prim�rias, mas que desistiu depois de ter sido diagnosticado com uma depress�o.
A ex-ministra, de 60 anos, com uma longa e pol�mica carreira pol�tica, aparece com 14% das inten��es de voto, muito abaixo da m�dia hist�rica da direita chilena.
Matthei afirma que deseja dar continuidade ao governo de Pi�era e afirma que o programa de Bachelet representa um "retrocesso".
"Se algu�m perguntar aos chilenos se est�o melhores agora do que h� quatro anos, estou certa de que a imensa maioria vai responder que est� melhor agora", disse Matthei ao discursar em um ato na cidade de Chill�n, cerca de 450 km ao sul de Santiago.
Assim como Bachelet, Matthei � filha de um ex-general da For�a A�rea chilena. Os pais de ambas eram grandes amigos, mas o golpe de Estado de 11 de setembro de 1973 colocou os dois em lados opostos.
Enquanto o pai de Bachelet foi detido e morto, e ela teve que se exilar, o pai de Evelyn, Fernando Matthei, fez parte da junta militar da ditadura Pinochet (1973-1990).
O terceiro lugar � disputado pelo economista independente Franco Parisi, a surpresa da elei��o com uma carreira pol�tica de menos de um ano, e pelo cineasta Marco Enr�quez Ominami, que em 2009 recebeu 20% dos votos, mas que agora n�o supera 10%.