Qunu (�frica do Sul) – O corpo do l�der africano Nelson Mandela, que deixou de avi�o Pret�ria ontem ao meio-dia, chegou � aldeia de Qunu, 700 quil�metros ao sul de Joanesburgo, no meio da tarde, sendo recebido por centenas de pessoas onde o ex-presidente sul-africano ser� enterrado hoje. O cortejo f�nebre – saudado por milhares de pessoas durante o trajeto desde o aeroporto de Mthatha – foi seguido por um longo comboio de soldados das for�as de seguran�a. As dan�as e can��es de agradecimento a Mandela cessaram imediatamente para transformar-se em ova��o quando o caix�o, escoltado por soldados motorizados da Pol�cia Militar, tanques do Ex�rcito e dois helic�pteros, passou na frente das pessoas que esperavam seu her�i na entrada de Qunu.
A caminhonete preta que levava o caix�o de Mandela envolvido em uma bandeira sul-africana se dirigiu depois com todo o s�quito � casa do ex-presidente na cidade. Moradores de Qunu e dos povoados ao redor, assim como visitantes chegados de todos os pontos da �frica do Sul, agitaram bandeiras do pa�s e do partido governante, Congresso Nacional Africano (CNA), que j� foi liderado por Mandela. Uma longa fila de ve�culos civis tamb�m escoltados pelas for�as de seguran�a fechou o comboio no qual viajavam os restos mortais do l�der antiapartheid. “Passou demais r�pido, quase n�o pudemos ver, mas j� est� descansando em casa”, disse uma senhora que n�o quis perder o retorno de Mandela � aldeia de sua inf�ncia, onde o ex-presidente pediu para ser enterrado.
RITUAL Cerca de 4 mil pessoas, entre elas 20 l�deres internacionais e dignat�rios como o pr�ncipe de Gales, assistir�o hoje em Qunu � cerim�nia de Estado de ex-presidente sul-africano. Mandela morreu dia 5, aos 95 anos, rodeado por sua fam�lia em sua casa de Johanesburgo, depois de uma longa enfermidade por problemas respirat�rios. O cl� de Nelson Mandela realizou ontem, na chegada do corpo do ex-presidente sul-africano ao aeroporto de Mthatha, na prov�ncia do Cabo Oriental, um ritual para que seus antepassados saibam que ele voltou para casa. O rei do cl� Themba, Buyelekhaya Dalindyebo, comandou o grupo de l�deres tradicionais que deu as boas-vindas a Madiba, segundo afirmou Bantu Holomisa, amigo de Mandela � ag�ncia oficial de not�cias SAnews. “Isto garantiu que Mandela fosse enviado ao mundo de seus ancestrais”, acrescentou.
De acordo com a tradi��o xhosa, tribo do cl� de Madiba, o ritual foi necess�rio para que os seus antepassados soubessem que ele estava voltando ao seu lar. Os falantes de xhosa se dividiram em v�rios grupos, entre eles o cl� Thembu, do qual Mandela foi membro. “O rei, junto aos anci�os da fam�lia, os dlomos, deram as boas-vindas a Madiba”, afirmou Bantu Holomisa. Durante a cerim�nia, Mandela foi chamado por seu nome no cl� (Dalibhunga), que ele recebeu ap�s passar por um ritual de inicia��o aos 16 anos. Dalindyebo gritou “Aaah! Dalibhunga” tr�s vezes, como forma de saudar a volta a Qunu, lugar onde Mandela cresceu e ser� enterrado hoje.
TUTU Nobel da Paz e maior s�mbolo da luta contra o apartheid depois de Nelson Mandela, o arcebispo Desmond Tutu disse ontem que n�o comparecer� ao funeral do l�der hoje. O governo sul-africano garantiu que ele foi convidado. “Eu gostaria de assistir � cerim�nia para dar um �ltimo adeus a algu�m de quem gostava e apreciava, mas teria sido pouco respeitoso com Tata (Mandela) aparecer em algo que est� planejado como um funeral privado da fam�lia”, declarou, em um comunicado. Na verdade, a cerim�nia n�o � exclusiva para a fam�lia, apenas o trecho final dela. Cerca de 5 mil pessoas, entre celebridades, l�deres pol�ticos e amigos, acompanhar�o o sepultamento em Qunu, vila dos ancestrais de Mandela.
Tutu � um cr�tico do atual presidente, Jacob Zuma, e do partido governante, o Congresso Nacional Africano. Suas den�ncias de corrup��o, abuso de poder e m� gest�o econ�mica o tornaram persona non grata no governo. Em seu comunicado, ele faz uma refer�ncia velada � tens�o com o governo, ao dizer que n�o � “bem-vindo”.