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Estado de Minas

Para os palestinos, Sharon foi um inimigo impiedoso


postado em 11/01/2014 17:01 / atualizado em 11/01/2014 17:06

Ariel Sharon era odiado por muitos palestinos como um inimigo impiedoso, que fez o que p�de para sabotar suas esperan�as de independ�ncia ao liderar ofensivas militares contra eles no L�bano e nos territ�rios ocupados da Cisjord�nia e da Faixa de Gaza e ao favorecer a coloniza��o, por Israel, das terras que eles onde eles pretendem construir seu Estado.

A not�cia da morte do ex-primeiro-ministro israelense, neste s�bado, oito anos depois de ele sofrer um derrame, provocou manifesta��es de satisfa��o. Alguns disseram lamentar que Sharon n�o tenha sido responsabilizado pelos atos que cometeu em vida.


"Ele queria apagar o povo palestino do mapa. Ele queria nos matar a todos, mas, no fim das contas, Sharon est� morto e o povo palestino vive", disse Tawfik Tirawi, que era chefe do servi�o de intelig�ncia da Autoridade Nacional Palestina quando Sharon era primeiro-ministro.

Na Faixa de Gaza, Khalil al-Haya, dirigente do Movimento Isl�mico de Liberta��o (Hamas), disse que Sharon causou sofrimento a gera��es de palestinos. "Depois de oito anos, ele vai na mesma dire��o que outros tiranos e criminosos cujas m�os ficaram cobertas com sangue palestino", afirmou.

No campo de refugiados palestinos de Khan Younis, em Gaza, partid�rios de dois grupos militantes, a Jihad Isl�mica e os Comit�s Populares de Resist�ncia, reuniram-se na rua principal e gritaram lemas como "Sharon foi para o inferno". Alguns queimaram retratos do ex-general e ex-primeiro-ministro; outros distribu�ram doces para quem passava.

Como general do Ex�rcito israelense e como pol�tico, Sharon esteve no centro dos epis�dios mais controvertidos do conflito israelense-palestino. Mesmo sua decis�o, em 2005, de retirar tropas e colonos israelense da Faixa de Gaza, vista por muitos como um gesto conciliat�rio, foi, pelo menos em parte, um meio de consolidar o controle israelense de outro territ�rio tomado dos palestinos pela for�a a Cisjord�nia, segundo um de seus mais pr�ximos assessores na �poca. Outros lembram que a retirada dos colonos israelenses permitiu que Israel passasse a lan�ar ataques a�reos e de artilharia contra Gaza sem o risco de atingir seus pr�prios cidad�os.

Ahmed Qureia, que foi um dos negociadores de paz palestinos e teve uma s�rie de reuni�es com Sharon em 1998, escreveu em um livro publicado em 2005 que o dirigente israelense "acreditava na l�gica do uso da for�a". Qureia escreveu que sa�a daquelas reuni�es com a convic��o de que Sharon estava tentando torpedear qualquer possibilidade de um acordo que inclu�sse o estabelecimento de um Estado palestino.

O conflito com os palestinos foi o tema central da vida de Sharon. Na juventude, como soldado, ele comandou uma unidade de for�as especiais que cometia assassinatos em retalia��o por ataques realizados por �rabes. Depois da morte de uma mulher israelense e de seus dois filhos em um ataque palestino, a unidade de Sharon explodiu mais de 40 resid�ncias na aldeia de Qibiya, na �rea da Cisjord�nia que na �poca era controlada pela Jord�nia; 69 palestinos foram mortos naquela opera��o, quase todos civis.

Em 1982, depois de uma s�rie de ataques de palestinos baseados no sul do L�bano, Sharon comandou a invas�o do pa�s vizinho, que estava em guerra civil desde 1975. Entre 16 e 18 de setembro de 1982, tr�s meses depois da invas�o, tropas israelenses que controlavam o entorno dos campos de refugiados palestinos de Sabra e Chatila permitiram que a Falange, uma mil�cia crist�, massacrasse centenas de civis palestinos.

At� agora n�o se sabe exatamente quantas pessoas morreram no massacre de Sabra e Chatila; as estimativas v�o de 762 a 3.500. Uma comiss�o de investiga��o israelense rejeitou os argumentos de Sharon, de que n�o sabia o que aconteceria se ele permitisse que a Falange entrasse nos campos, e o general acabou afastado de seu comando e removido do servi�o ativo.

No come�o dos anos 1990, Sharon supervisionou um grande movimento de ocupa��o de terras palestinas na Cisjord�nia por colonos israelenses. Ao fim daquela d�cada, quando o governo israelense prometeu aos EUA que n�o estabeleceria novos assentamentos em terras palestinas, de modo a facilitar as conversa��es de paz com a Autoridade Nacional Palestina, Sharon exortou os colonos israelenses a tomarem mais terras na Cisjord�nia, principalmente os topos de colinas, para de modo a impedir que algum dia as terras fossem partilhadas com os palestinos.

Em setembro de 2000, quando era l�der da oposi��o direitista ao governo do Partido Trabalhista, Sharon fez uma visita simb�lica a um dos mais importantes locais de culto do Isl�, o Monte do Templo, em Jerusal�m, onde fica a mesquita de Al Aqsa. A atitude provocou uma onda de protestos que escalou para um levante armado dos palestinos, que ficaria conhecido como a Segunda Intifada.

Aproveitando-se da radicaliza��o que havia provocado, Sharon elegeu-se primeiro-ministro menos de um ano depois. Em 2002, depois de uma s�rie de ataques palestinos com bombas, Sharon retomou as cidades e aldeias palestinas da Cisjord�nia que haviam sido transferidas ao controle palestino em cumprimento aos acordos de paz de Madri (1991), Oslo (1993) e Camp David (2000), que governos israelenses anteriores haviam assinado com a Organiza��o para a Liberta��o da Palestina (OLP).

Sharon tamb�m colocou seu arqui-inimigo Yasser Arafat, o l�der da OLP, em virtual pris�o domiciliar na sede da Autoridade Nacional Palestina em Ramallah, na Cisjord�nia. Arafat havia recebido o Pr�mio Nobel da Paz em 1994 junto com os israelenses Yitzak Rabin e Shimon Peres, por causa do acordo de paz de Oslo, no qual o l�der palestino reconheceu pela primeira vez o direito do Estado de Israel de existir, em troca da promessa de negocia��es para a cria��o de um Estado Palestino.

Em 2004, Arafat foi acometido de uma doen�a misteriosa e o governo de Sharon impediu que ele fosse levado � Europa para tratamento. O governo israelense bloqueou o aeroporto de Ramallah e s� permitiu que o l�der palestino viajasse quando sua morte era vista como inevit�vel. Arafat morreu duas semanas depois, em novembro de 2004, em Paris. H� poucas semanas, o ex-deputado israelense Uri Avnery, do Bloco da Paz, disse estar convencido de que Sharon ordenou o envenenamento de Arafat.

De pessoas comuns a dirigentes, os palestinos t�m mem�rias amargas de Sharon

Em Qibiya, palco do ataque de retalia��o de 1953, moradores disseram que ainda fazem uma marcha anual em homenagem �s v�timas do ataque comandado por Sharon. Hamed Ghethan, de 65 anos, que era uma crian�a na �poca do ataque, disse lamentar que Sharon e outras pessoas envolvidas naquela opera��o tenham escapado sem puni��es. "Esper�vamos que o mundo ouvisse a nossa voz e os julgasse", afirmou.

Leah Whitson, diretora do Human Rights Watch para o Oriente M�dio, disse que "� uma pena que Sharon tenha ido para o t�mulo sem enfrentar a Justi�a por seu papel em Sabra e Chatila e por outros abusos. Sua morte � mais um lembrete amargo de que anos de virtual impunidade por suas viola��es dos direitos humanos n�o fizeram nada para tornar mais pr�xima a paz entre israelenses e palestinos".


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