Dezenas de milhares de manifestantes marcharam na noite deste s�bado pelas ruas de Bilbao, no Pa�s Basco, em um desafio lan�ado contra Madri depois da proibi��o pela justi�a de uma mobiliza��o em apoio aos presos da organiza��o separatista basca (ETA).
Apesar de terem decidido realizar uma marcha silenciosa, os manifestantes gritavam palavras de ordem, como "Presos bascos, para casa!", enquanto familiares destes eram aplaudidos em sua passagem, emocionados, levando len�os brancos amarrados no pesco�o.
Sob o lema "Direitos humanos, acordo, paz", os nacionalistas do PNV se uniram nas ruas aos separatistas, apesar de suas diverg�ncias, em resposta � decis�o da Audi�ncia Nacional de proibir uma manifesta��o organizada por outro coletivo a favor dos presos da ETA.
Desta forma, o PNV se uniu pela primeira vez desde 1999 a um protesto dos separatistas.
Esta resposta comum de duas correntes pol�ticas que representam mais da metade do eleitorado do Pa�s Basco espanhol ocorre ap�s a proibi��o de uma manifesta��o contra a "dispers�o" dos militantes separatistas presos.
"Diante desta proibi��o que sup�e tamb�m uma agress�o � liberdade de express�o, partidos pol�ticos e sindicatos que representam a maioria pol�tica deste pa�s decidiram que era preciso convocar esta manifesta��o em primeiro lugar para defender este direito � liberdade de express�o", declarou Pernando Barrena, porta-voz do partido separatista de esquerda Sortu.
O porta-voz do governo regional, Josu Erkoreka, tinha considerado "muito grave e incompreens�vel para o povo basco" a decis�o do magistrado que proibiu o ato.
Dias antes da marcha deste s�bado, o juiz da Audi�ncia Nacional (principal inst�ncia penal espanhola), Eloy Velasco, tinha "proibido" outra manifesta��o por considerar que o grupo de apoio aos presos, Herrira, desmantelado em uma opera��o policial em 30 de setembro do ano passado e cujas atividades foram suspensas durante dois anos pela justi�a espanhola, estaria por tr�s do protesto.
A proibi��o judicial levou v�rios partidos bascos, cr�ticos a esta decis�o, a convocar outra mobiliza��o, com o lema "Direitos humanos, acordo, paz".
A aproxima��o dos presos militantes da ETA ao Pa�s Basco, atualmente uns 520 espalhados em pris�es de toda a Fran�a e Espanha, constitui uma das reivindica��es hist�ricas da organiza��o separatista e da esquerda separatista basca. Ap�s o abandono da luta armada, em 20 de outubro de 2011, este tema, muito delicado, revelou-se chave na oposi��o entre a ETA e o governo central, em Madri.
"Impuseram-nos uma dupla pena", lamentava Itziar Goienetxia, uma mulher de 52 anos, cujo marido est� preso h� 11 anos perto de C�diz, na Andaluzia (sul), cidade portu�ria oposta ao Pa�s Basco na geografia espanhola.
"Eu moro em Pasajes, perto de San Sebasti�n", contava a mulher, que se deslocou para Bilbao para participar do protesto. "A cada quinze dias, tenho que percorrer 1.200 quil�metros para ir v�-lo e outros 1.200 km para voltar. Tudo isto para passar 40 minutos atr�s de um vidro e depois uma hora e meia frente a frente com ele", contou.