Os israelenses prestam neste domingo uma �ltima homenagem ao seu ex-primeiro-ministro Ariel Sharon, um dos fundadores do Estado de Israel que inspirou, ao mesmo tempo, admira��o e rejei��o, embora sua morte ap�s oito anos em coma tenha gerado rea��es emotivas em todo o pa�s.
No entanto, os israelenses de todas as tend�ncias reconhecem que o corpulento militar e pol�tico de 85 anos foi um personagem chave na hist�ria do pa�s. Sua morte no s�bado deixou o presidente Shimon Peres como o �nico sobrevivente entre os pais fundadores do Estado hebreu.
Antes de seu funeral, previsto para segunda-feira, o caix�o de Sharon saiu na manh� deste domingo da base militar de Tzrifin em dire��o a Jerusal�m para ser exibido no Knesset (Parlamento unicameral), onde o p�blico ter� a chance de se despedir de seu ex-l�der at� as 16h00 GMT (14h00 de Bras�lia).
Flanqueado por uma guarda de honra parlamentar, o caix�o coberto com a bandeira de Israel foi colocado sobre um pedestal de m�rmore preto com diversas coroas de flores fixadas na base.
Na primeira meia hora, um constante fluxo de pessoas passavam pelo caix�o em um sil�ncio respeitoso, a maioria delas de meia-idade ou idosas. N�o houve exposi��o aberta de luto.
Na tarde de segunda-feira Sharon ser� enterrado em sua fazenda no deserto de Neguev (sul) ap�s uma cerim�nia militar.
Sharon estava em coma desde 4 de janeiro de 2006 devido a um derrame cerebral.
L�deres de todo o mundo enviaram mensagens de condol�ncias. � esperada a chegada do vice-presidente Joe Biden, que representar� os Estados Unidos em uma cerim�nia especial no Knesset na manh� de segunda-feira.
Tamb�m anunciaram sua presen�a o ministro das Rela��es Exteriores alem�o, Frank-Walter Steinmeier, o primeiro-ministro tcheco, Jiri Rusnok, e o emiss�rio do Quarteto para o Oriente M�dio, Tony Blair, assim como diplomatas de Espanha, R�ssia e Canad�.
De implac�vel chefe militar a pol�tico pragm�tico
Houve uma �poca em que Sharon era reconhecido principalmente como um impiedoso l�der militar que combateu nas principais guerras de Israel, antes de se dedicar � pol�tica a partir de 1973 e promover o desenvolvimento das col�nias judaicas nos territ�rios palestinos ocupados.
Durante muito tempo foi considerado um p�ria por sua responsabilidade pessoal, mas indireta, nos massacres de centenas de palestinos pelos falangistas libaneses aliados de Israel nos campos de refugiados de Sabra e Shatila, em Beirute, em 1982.
"Foi um buld�zer na guerra e na paz", afirmou o jornal de l�ngua inglesa Jerusalem Post, descrevendo-o como "talvez o mais venerado e frequentemente vilipendiado dos pol�ticos do pa�s, considerado alternativamente como um pacificador e um belicista".
At� Gideon Levy, um dos principais cr�ticos de Sharon, o elogiou.
"Foi, sem d�vida alguma, um dos pol�ticos mais valentes de Israel. Foi um l�der que usou a for�a bruta mais do que ningu�m para realizar sua pol�tica. Mas tamb�m foi um dos que reconheceram os limites da for�a", escreveu no jornal Haaretz (esquerda).
O Haaretz destaca que a sa�da unilateral de Gaza e a expuls�o deste enclave palestino de mais de 8.000 colonos israelenses "constituem sua heran�a pol�tica e criaram um precedente importante, demonstrando que as col�nias n�o s�o eternas".
O jornal Maariv (centro-direita) publica um famoso retrato de Sharon levando sobre um ombro um cordeiro em sua fazenda, pr�xima � Faixa de Gaza, onde ser� enterrado na segunda-feira junto a sua segunda esposa, Lily.
"Foi um g�nio generoso e cruel ao mesmo tempo", escreve neste jornal Shalom Yerushalmi. "Da mesma forma que era duro consigo mesmo, em particular nos campos de batalha, manifestava desprezo por seus opositores", destaca.
J� o secret�rio-geral da ONU, Ban Ki-moon, convocou Israel a se basear no legado de pragmatismo de Sharon para alcan�ar um Estado palestino vi�vel.
A not�cia da morte de Sharon provocou comemora��es na Faixa de Gaza, onde o Hamas, no poder, afirmou que era um momento hist�rico que marcava o "desaparecimento de um criminoso cujas m�os estavam cobertas de sangue palestino".