
O governo ucraniano anunciou nesta quarta-feira uma s�rie de medidas, no dia seguinte aos confrontos que deixaram pelo menos 26 mortos no centro de Kiev, incluindo uma mudan�a na c�pula das For�as Armadas e uma opera��o "antiterrorista" contra grupos radicais. O presidente Viktor Yanukovytch substituiu o chefe do Estado-Maior das For�as Armadas, depois de ter lan�ado uma opera��o de combate ao "terrorismo" que concede amplos poderes aos militares.
O presidente nomeou Yuri Ilyin, chefe do Estado-Maior, no lugar de Volodymyr Zamana, segundo o texto do decreto publicado no site da Presid�ncia, que n�o apresenta o motivo dessa nomea��o. Anteriormente, servi�os de seguran�a ucranianos (SBU) tinham anunciado o in�cio de uma ampla opera��o contra o "terrorismo" no pa�s, tendo como alvos "os grupos extremistas e radicais que amea�am com suas a��es a vida de milh�es de ucranianos".
Mais de 1,5 mil armas de fogo e 100 mil cartuchos de muni��es passaram pelas "m�os dos criminosos" desde ter�a-feira, indicou o SBU. Nas �ltimas semanas, a ado��o de um eventual estado de emerg�ncia foi mencionado pelas autoridades ucranianas. De fato, o Ex�rcito poder� utilizar a partir de agora suas armas para "limitar ou proibir a circula��o de ve�culos e pedestres" como parte da opera��o "antiterrorista", de acordo com o Minist�rio da Defesa. Al�m disso, os militares poder�o revistar e deter pessoas que cometerem "atos ilegais".
No centro da capital ucraniana, a situa��o parece mais calma, com centenas de pessoas na Pra�a da Independ�ncia - ou Maidan -, �ltimo ref�gio dos opositores ao presidente Viktor Yanukovytch. "A pr�xima etapa ser� a guerra civil", considerou Igor, um opositor de 23 anos. O registro mais recente do Minist�rio da Sa�de indica 26 mortes desde a explos�o de viol�ncia na ter�a-feira em Kiev, e 241 feridos hospitalizados, incluindo 79 policiais e cinco jornalistas.
Ao menos dez policiais est�o entre os mortos, segundo o Minist�rio do Interior. Um rep�rter do jornal Vesti morreu ao ser alvejado por disparos de arma de fogo perto do local dos confrontos, anunciou a publica��o.
Um dos l�deres da oposi��o, o campe�o de boxe Vitali Klitschko, considerou nesta quarta que apenas a ren�ncia do presidente pode trazer calma para o pa�s. "O sangue correu pelas ruas de Kiev (...). Viktor Yanukovytch � respons�vel pelo assassinato de cidad�os pac�ficos", declarou Klitschko em um v�deo divulgado no site do partido Udar.
Motivo dos conflitos
As manifesta��es come�aram em novembro, quando o governo decidiu repentinamente suspender as negocia��es de associa��o � UE e estreitar as rela��es econ�micas com a R�ssia. Em um discurso � na��o exibido durante a madrugada ap�s um encontro infrut�fero com l�deres da oposi��o, o presidente do pa�s acusou os manifestantes de terem ultrapassado os limites ao defenderem a "luta armada" para assumir o poder.
Os confrontos come�aram na ter�a-feira nas imedia��es do Parlamento. Durante a noite, as for�as de seguran�a iniciaram uma ofensiva com g�s lacrimog�neo e bombas de efeito moral para desocupar a Pra�a da Independ�ncia. Mas na manh� desta quarta-feira, milhares de manifestantes permaneciam no local, diante das barreiras policiais. Apesar das cr�ticas da comunidade internacional, Yanukovytch havia exigido que os manifestantes abandonassem a pra�a, segundo os l�deres da oposi��o ap�s uma reuni�o na noite de ter�a.
A viol�ncia amea�a se alastrar para o restante da Ucr�nia. Em Leopolis, reduto dos protestos no oeste do pa�s, 5 mil manifestantes assumiram o controle das sedes do governo local e da pol�cia, assim como de pr�dios militares e dep�sitos de armas.

Amea�as de san��es
Neste contexto de crise pol�tica, uma das piores atravessadas por esta ex-rep�blica sovi�tica desde a sua independ�ncia em 1991, a Uni�o Europeia anunciou que estudar� san��es contra os respons�veis pela viol�ncia. A chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, indicou que analisar� junto �s autoridades de seguran�a do bloco "todas as op��es, incluindo san��es contra os respons�veis pela repress�o e pelas viola��es aos direitos humanos na Ucr�nia.