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Estado de Minas

Novas formas de racismo emergem na pesquisa cient�fica


postado em 21/02/2014 18:10

Avan�os no sequenciamento gen�tico est�o dando lugar a uma nova era de racismo cient�fico, apesar de d�cadas de esfor�os para reverter atitudes usadas para justificar o com�rcio de escravos e a teoria nazista.

Novas formas de discrimina��o, conhecidas como neorracismo, est�o emergindo da pesquisa cient�fica, alertam especialistas, espalhando a cren�a da exist�ncia de ra�as que s�o diferentes em termos de biologia, comportamento e cultura, advertiram antrop�logos reunidos semana passada na confer�ncia anual da Associa��o Americana para o Avan�o da Ci�ncia, em Chicago.

"A ci�ncia gen�tica pode nos ajudar muito na individualiza��o da pr�tica m�dica", afirmou Nina Jablonski, professora de Antropologia da Universidade do Estado da Pensilv�nia.

Mas ela alertou que a ci�ncia pode ser "mal usada" para propagar a cren�a de que as pessoas t�m habilidades inerentemente diferentes com base na cor da pele ou na origem �tnica.

Ela citou um novo estudo que recomenda que as crian�as sejam identificadas com base em suas habilidades educacionais geneticamente pr�-determinadas e, ent�o, coloc�-las em escolas separadas que podem ser usadas para estimular diferentes tipos de aprendizado.

"N�s j� ouvimos isso antes e � incrivelmente preocupante", afirmou, referindo-se � era da segrega��o, quando negros e brancos eram separados nas escolas e os afro-americanos eram considerados inferiores.

- Uma quest�o de distor��o? -

"Os educadores que est�o propondo isso afirmam que � um meio positivo, mas � algo que poderia facilmente ser distorcido se for implementado", afirmou.

Muitos cientistas respeitados nos Estados Unidos admitem que a ra�a em si n�o � uma vari�vel biol�gica, mas eles ainda compram a ideia de que a ancestralidade compartilhada pode transmitir certas caracter�sticas biol�gicas, afirmou Joseph Graves, decano associado de pesquisas da Universidade da Carolina do Norte.

Estudos publicados t�m demonstrado que os negros s�o mais propensos do que os brancos a terem um tipo sangu�neo que causa anemia falciforme e pode proteger da mal�ria, al�m de terem maior probabilidade de possuir um gene denominado APOL1, que protege o indiv�duo de um parasita que provoca a doen�a do sono.

A anemia falciforme se caracteriza pela altera��o das hem�cias, que perdem a forma arredondada e ficam com apar�ncia de foice. Segundo dados divulgados no site oficial Portal Brasil, ela � a doen�a heredit�ria de maior preval�ncia no pa�s e pode ser diagnosticada com o teste do pezinho, realizado em beb�s rec�m-nascidos.

Embora Graves n�o discuta as descobertas, ele disse ser errado deduzir que as diferen�as gen�ticas respondem pelas grandes disparidades gen�ticas entre os negros e os brancos.

"A suposi��o � de que a ancestralidade africana predisp�e a perfis de maior morbidade e mortalidade nos Estados Unidos", disse Graves durante a confer�ncia.

"Isso � o que chamo de mito do africano geneticamente doente", prosseguiu.

Ao inv�s disso, � mais prov�vel que fatores sociais sejam a causa de uma sa�de mais prec�ria entre os negros nos Estados Unidos, afirmou.

"Os americanos costumam confundir concep��es biol�gicas e socialmente definidas de ra�a", disse Graves. "O neorracismo resulta, em parte, dessa confus�o", prosseguiu.

Outra preocupa��o surge com os testes de ancestralidade que agora s�o comumente vendidos na internet, uma tend�ncia que alimenta a no��o de que a heran�a heredit�ria de uma pessoa pode indicar seu estado de sa�de, afirmou Yolanda Moses, antrop�loga cultural da Universidade da Calif�rnia, que descreveu esses testes como "enganosos".

- Ra�a e justi�a criminal -

Ao longo da �ltima d�cada, a expans�o de bases de dados de DNA que incluem perfis gen�ticos de pessoas detidas, mas n�o condenadas pela pr�tica de crimes, tamb�m � fonte de preocupa��o, afirmou a cientista.

"A gen�tica tem um impacto profundo na ra�a e no sistema de justi�a criminal", afirmou.

Ironicamente, um novo enfoque na ra�a como base da gen�tica come�ou quando os Institutos Nacionais de Sa�de dos EUA (NIH, na sigla em ingl�s) - os maiores financiadores de pesquisas do mundo - determinaram que todos os seus estudos gen�ticos tenham uma representa��o t�o diversa quanto poss�vel, em um esfor�o para eliminar as disparidades de sa�de e incluir mais pessoas de cor nos testes cl�nicos.

Esse n�o foi o caso quando o Projeto Genoma foi iniciado, nos anos 1980.

"Sa�mos de um mundo onde os mapeadores gen�ticos n�o queriam tocar a quest�o racial com uma vara longa para entrar em outro, no qual projetos e medicamentos n�o podem mais sobreviver sem reconsiderar sua raz�o de existir como uma campanha de direitos das minorias", explicou Catherine Bliss, professora assistente de Sociologia na Universidade da Calif�rnia, em San Francisco.

"O que temos � uma press�o �tica e financeira para 'racializar' a pesquisa e suas aplica��es", afirmou.


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