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Estado de Minas

Papa dissemina canoniza��o sem milagre


postado em 06/04/2014 10:01

S�o Paulo, 06 - Consumada como ato administrativo, a canoniza��o de Jos� de Anchieta (1534-1597) reverberou no edif�cio cat�lico: mais um beato chega � santidade sem a comprova��o de milagres, por decis�o pontif�cia. Ou seja, assim quer Francisco. Na �ltima quinta-feira, o papa despachou com o cardeal Angelo Amato, respons�vel pela Congrega��o para as Causas dos Santos, e, entre um expediente e outro, assinou o decreto conferindo novo status ao "Ap�stolo do Brasil". Fez uma canoniza��o por equival�ncia que, como explicaria Amato, "introduz o santo no culto universal, com of�cio divino e missa em sua honra, mas sem senten�a formal definitiva".

Anchieta disparou na estreita pista para a santidade s� no ano passado, embora o clamor pela canoniza��o tenha surgido logo ap�s sua morte, no s�culo 16. Num caf� da manh� na Casa de Santa Marta, onde o papa Francisco mora em Roma, d. Raymundo Damasceno, arcebispo de Aparecida e presidente da Confer�ncia Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), pediu aten��o especial da parte do pont�fice para a canoniza��o do beato. Falou da obra mission�ria do jesu�ta nascido nas Ilhas Can�rias, que chegou jovem ao Brasil com os primeiros colonizadores. Francisco ouviu com aten��o e prometeu acompanhar de perto o processo can�nico deste seu irm�o de ordem.

Pouco depois, o cardeal Amato chamaria os postuladores da causa de Anchieta para lhes dizer: "Sua Santidade quer responder positivamente ao pedido de Raymundo". Foi a senha: o caminho para a santidade estava liberado. "E ent�o veio o toque fundamental. O cardeal disse que dever�amos postular em caminho diferente do que vinha sendo feito h� quatro s�culos. Que n�o dever�amos perder mais tempo com milagres, partindo para a canoniza��o equivalente, cujos requisitos s�o distintos", explica de Roma o vice-postulador de Anchieta, padre C�sar Augusto dos Santos.

"T�nhamos de nos concentrar em tr�s pontos: a antiguidade da causa, sua continuidade ininterrupta e sua amplitude", enumera. Antiguidade e continuidade foram f�ceis de provar. A amplitude da causa, demonstrando a abrang�ncia da devo��o a Anchieta, constitui parte documental com dados interessantes. Ainda que o jesu�ta tenha circulado pelos Estados de S�o Paulo, Bahia, Rio e Esp�rito Santo, existe capela em sua honra at� no Piau�, com devotos, rezas e lembrancinhas.

Foram deixadas de lado as buscas pelas curas de um jesu�ta que amealhou, ainda em vida, fama de taumaturgo - milagreiro, em suma - para se reorganizar todo o processo em torno de valores e de suas virtudes heroicas. Mas padre C�sar Augusto ainda hoje contabiliza as supostas curas de Anchieta, algumas em fase de comprova��o. � o caso de um beb� que nasceu no Rio, nos anos 1960, sem o osso do calcanhar, e que os pais rezavam, tocando o pezinho com rel�quia aben�oada do jesu�ta. O osso se formou, sem justificativa cient�fica, e hoje o beb� � uma m�dica saud�vel.

A fam�lia s� revelou o caso ap�s a beatifica��o do jesu�ta por Jo�o Paulo II. Padre Sim�o de Vasconcelos, historiador do s�culo 17, j� mencionava passagens miraculosas, como a ferida no rosto de um indiozinho que sumiu ap�s o toque e a b�n��o de Anchieta.

Mas a reverbera��o do novo status do jesu�ta, no contexto da Igreja, se d�, acima de tudo, pela maneira como foi canonizado. Santo mais pelo que fez do que pelo que se sup�e ter feito, Anchieta integra o bloco das seis canoniza��es equivalentes de Francisco: juntam-se a ele a m�stica italiana Angela de Foligno (1248-1309), o jesu�ta franc�s Pedro Fabro (1506-1546), a mission�ria canadense Maria Guyart (1599-1672), o bispo franco-canadense Francisco de Montmorency-Laval (1623- 1708) e o papa italiano Jo�o XXIII (1881-1963), santo dentro de alguns dias.

Hoje a pergunta nos c�rculos teol�gicos �: a ortodoxia na postula��o � santidade n�o conta tanto nos dias atuais? O atual papa est� menos preocupado com milagres do que com o testemunho da f� de uma vida exemplar? Ao que parece, sim, concordam especialistas. Em apenas um ano de papado, Francisco s� perde em canoniza��es equivalentes - consideradas extraordin�rias pela Igreja - para Le�o XIII, ao longo de 20 anos. Jo�o Paulo II, outro santo em breve, que bateu recordes com 819 beatifica��es e 276 santos em duas d�cadas, usou uma vez a canoniza��o equivalente, assim como seu sucessor, Bento XVI. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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