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Estado de Minas JOGADA DE MESTRE

Canoniza��o de Jo�o Paulo II e Jo�o XXIII busca cimentar diverg�ncias na Igreja

Papa Francisco canonizar� seus antecessores no domingo, em uma cerim�nia in�dita no Vaticano


postado em 26/04/2014 07:00 / atualizado em 26/04/2014 13:40

Fieis já aguardam o início da cerimônia, na Praça de São Pedro - cerimônia inédita canonizará um ex-pontífice conservador e um progressista(foto: ANDREAS SOLARO / AFP)
Fieis j� aguardam o in�cio da cerim�nia, na Pra�a de S�o Pedro - cerim�nia in�dita canonizar� um ex-pont�fice conservador e um progressista (foto: ANDREAS SOLARO / AFP)

Domingo, quando decretar santos, ao mesmo tempo, dois de seus antecessores – Jo�o Paulo II e Jo�o XXIII –, o papa Francisco dar� um largo passo para concretizar o desafio imposto a si mesmo desde que ocupou o trono de Pedro: reaproximar a Igreja Cat�lica do povo. De quebra, atrelado � proximidade com os fi�is e numa tacada s�, afagar� os divergentes grupos internos, santificando um conservador carism�tico e um progressista. A Pra�a de S�o Pedro e todas as ruelas que levam a ela estar�o abarrotadas de gente do mundo inteiro, que invadiu a capital italiana nos �ltimos dias.

Os ritos da cerim�nia, com a esperada presen�a de Bento XVI, n�o trar�o muita novidade, mas a canoniza��o simult�nea de ex-pont�fices ser� in�dita. N�o � toa, ocorrer� num momento em que o catolicismo, liderado pelo papa argentino, ensaia virar uma p�gina de turbul�ncias e vive em lua de mel com o rebanho de 1,2 bilh�o de fi�is.


O �ltimo papa santificado foi Pio X, que governou a Igreja entre 1903 e 1914. Agora, em uma s� missa, a Igreja chamar� de santos dois gigantes de sua hist�ria. “� uma jogada pol�tica magistral de Francisco”, definiu ontem, ao Correio, a argentina Elisabetta Piqu�, uma das vaticanistas mais badaladas do momento, autora do livro Francisco: vida e revolu��o, ainda indispon�vel em portugu�s. Foi ela que, durante o conclave do ano passado, chegou a antecipar a poss�vel elei��o do cardeal Jorge Mario Bergoglio.


A dupla canoniza��o desagradou aos poloneses, que esperavam uma festa exclusiva para o idolatrado Karol Wojtyla. Entre os entusiastas de Jo�o XXIII, o temor era de que o “papa bom” virasse coadjuvante ao lado do “papa pop”, dono do terceiro pontificado mais longo da hist�ria – 27 anos, 5 meses e 17 dias – e muito mais presente na mem�ria dos fi�is.

estrat�gia A cerim�nia parece ter sido pensada estrategicamente, nos m�nimos detalhes. Colar a imagem de um santo bondoso � de um midi�tico atende a conservadores e liberais, duas alas em constante atrito. Al�m disso, a jogada resgata a abertura da Igreja ao mundo contempor�neo e, acima de tudo, tem o poder de arrebanhar uma multid�o de peregrinos para mais um grande evento do papado de Francisco.


Ao amolecer o cora��o dos fi�is, acredita Elisabetta Piqu�, o papa ganha terreno para avan�ar nas reformas da C�ria Romana, palco de carreirismo e disputas pelo poder. As mudan�as, na cabe�a do papa, precisam come�ar de fora para dentro, sustentam a vaticanista e outros tantos estudiosos. “Francisco quer mostrar uma institui��o que est� de portas abertas, din�mica, em movimento”, pontua Elisabetta.


Os dois novos santos n�o realizaram grandes milagres, caracter�stica t�o enraizada ao conceito de santidade. Jo�o XXII, refor�a-se, “apenas” um. O discurso da Igreja – de cima para baixo e, a essa altura, generalizado – � de que a dupla canoniza��o transmite aos fi�is o recado de que ser santo pode ser mais simples do que se pensa. “Quando a vida e a obra falam por si s�s, dispensam-se milagres”, chegou a comentar dom Jos� Aparecido, bispo auxiliar de Bras�lia, antes de embarcar para Roma.

empatia H� pouco mais de um ano, a Igreja vivia o pior momento na hist�ria moderna, afundada em esc�ndalos de corrup��o, den�ncias de pedofilia e uma ferrenha guerra por espa�o na C�ria. Nesse contexto, nada nem ningu�m conseguiu deter Bento XVI: cansado f�sica e espiritualmente, decidiu por sua conta e risco renunciar ao papado, gesto in�dito em mais de 600 anos.


Em meio � convoca��o do conclave, 115 cardeais se trancaram em reuni�es secretas para tentar um consenso em torno do perfil do novo l�der. Alheios � pauta �bvia, conclu�ram: era preciso, antes de qualquer coisa, reconquistar, e urgentemente, a empatia de cat�licos e n�o cat�licos.


Escolhido pelos cardeais e pelo Esp�rito Santo, como sustenta a f� cat�lica, o “papa do fim do mundo” – primeiro jesu�ta, primeiro Francisco e primeiro latino-americano – reverteu, logo de in�cio, o cen�rio sombrio. As canoniza��es de amanh�, refor�am vaticanistas, selam a virada iniciada em 13 de mar�o do ano passado, quando o cardeal Bergoglio recebeu mais de um ter�o dos votos dos purpurados.


Francisco tem cativado por encarar as transforma��es com naturalidade. “Se n�o fosse algo espont�neo, essa boa fase da Igreja j� teria passado. N�o se trata de uma revolu��o, mas de um retorno � ess�ncia”, comenta o brasileiro S�rgio Suchodolak, de 53 anos, que trabalha desde 1988 no L’Osservatore Romano, jornal oficial da Santa S�. “A Igreja nunca deixou de estar pr�xima do povo, mas isso est� sendo melhor percebido agora”, pondera dom Odilo Scherer, arcebispo de S�o Paulo, tamb�m em Roma para a celebra��o.


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