O Vaticano insistiu nesta ter�a-feira em seu "compromisso total" com a luta contra casos de pedofilia na Igreja, manifestando a uma comiss�o das Na��es Unidas em Genebra sua determina��o de erradicar esses abusos.
"Uma an�lise s�ria da realidade sobre o que a Santa S� e os religiosos locais fazem demonstra claramente e sem ambiguidades que n�o h�, com certeza, qualquer impunidade", garantiu o representante do Vaticano na ONU, monsenhor Silvano Tomasi, que concedeu essas declara��es � Comiss�o da ONU contra a Tortura.
Esse comit� das Na��es Unidas tamb�m examina os casos de abuso infantil.
Tomasi disse ainda que, nos �ltimos dez anos, foram examinados 3.420 casos baseados em "acusa��es cr�veis", referentes a abusos cometidos por religiosos entre os anos 1950 e 1980. Desses, 848 padres foram expulsos da Igreja.
Outros 2.572 foram "orientados" a "viver uma vida de ora��es e penit�ncia" nos monast�rios, por exemplo - declarou o n�ncio apost�lico, acrescentando que esses religiosos foram colocados em um contexto sem acesso a menores.
A ONU e v�rios grupos de defesa de v�timas acusam o Vaticano de minimizar os abusos sexuais cometidos por padres, tentar esconder a realidade, destruir as provas e intimidar testemunhas, em vez de destituir os respons�veis e lev�-los � Justi�a.
- Igreja apresenta relat�rio na ONU -
Na segunda-feira, o Vaticano apresentou seu primeiro relat�rio na Comiss�o da ONU contra a Tortura, uma tarefa � qual devem se submeter todos os signat�rios da Conven��o contra a Tortura de 1984.
A Santa S� assinou a Conven��o Internacional em 2002, mas esta foi a primeira vez que apresentou um informe a esse comit� da ONU, com sede em Genebra.
O relat�rio do Vaticano sobre a tortura foi apresentado ap�s a divulga��o das conclus�es do comit� da ONU sobre os direitos das crian�as. Segundo o documento publicado em janeiro passado, a Santa S� n�o adotou as medidas necess�rias para tratar dos casos de menores abusados sexualmente por padres.
Os especialistas da ONU exigiram do Vaticano a publica��o das medidas adotadas contra os religiosos acusados de abuso sexual e a garantia de que seriam suspensos de suas fun��es.
Em 3 de maio, uma comiss�o de especialistas para a prote��o infantil nas institui��es da Igreja, criada pelo papa Francisco, anunciou que seriam instaurados "procedimentos eficazes" na Igreja para a puni��o de padres ped�filos. Nenhuma medida jur�dica vinculante chegou a ser proposta.
Em abril, o papa Francisco pediu "perd�o" pelos crimes ped�filos e exigiu san��es "muito severas".
Em Genebra, o monsenhor Tomasi alegou que a Conven��o tem a autoridade sobre o territ�rio da Santa S�, "e n�o sobre todos os integrantes da Igreja Cat�lica".
A jurista americana Felice Gaer, relatora da Comiss�o da ONU, rejeitou a l�gica de Tomasi, alegando que todos os representantes e funcion�rios de um Estado - mesmo fora das fronteiras do pa�s - est�o sujeitos �s leis nacionais.
Barbara Blaine, presidente de uma ONG que representa cerca de 18 mil v�timas de abusos cometidos por religiosos, tamb�m manifestou sua insatisfa��o com as declara��es do representante do papa.
"Tomasi descreveu o que deveria acontecer segundo a pol�tica do clero, mas o que acontece, atualmente, � muito, muito diferente", criticou Barbara, em conversa com a AFP.