O novo governo de unidade nacional palestino tomou posse nesta segunda-feira ao presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, com autoridades apoiadas pelo Hamas e personalidades independentes que Israel promete boicotar.
"Com a forma��o do governo de unidade nacional, anunciamos o fim da divis�o palestina, que tanto tem prejudicado a causa nacional", declarou Abbas na Muqata, sede da Presid�ncia palestina em Ramallah (Cisjord�nia), depois de dar posse aos ministros.
Os Estados Unidos manifestaram sua inten��o de trabalhar com o novo governo, e de manter sua ajuda � Autoridade Palestina, considerada essencial.
"Pelo que sabemos at� agora, trabalharemos com esse governo", declarou a porta-voz do Departamento de Estado, Jen Psaki, lembrando que o governo n�o conta com "membros afiliados ao Hamas", movimento isl�mico contr�rio a Israel.
No entanto, o governo israelense ficou "profundamente decepcionado" com o apoio americano, segundo uma autoridade, que pediu para n�o ser identificada.
"Esse governo palestino � um governo apoiado pelo Hamas, que � uma organiza��o terrorista determinada a destruir Israel", explicou.
De acordo com dois ministros israelenses citados pelo jornal Haaretz, o secret�rio de Estado americano, John Kerry, teria garantido que os EUA "esperariam para ver" como se comportaria o governo palestino, antes de decidir cooperar com ele ou n�o.
Israel j� havia amea�ado tomar medidas "adicionais" contra a Autoridade Palestina, mas sem anunciar algo concreto.
- Gabinete de consenso -
No domingo, Abbas recebeu uma liga��o do secret�rio de Estado americano, John Kerry, e informou sobre os �ltimos avan�os. Garantiu que o novo governo n�o tem ministros do Fatah ou do Hamas, segundo uma fonte palestina.
O presidente da Autoridade Palestina prometeu que o novo governo rejeitaria a viol�ncia, reconheceria Israel e respeitaria os compromissos internacionais para convencer a comunidade internacional de sua vontade de estar em paz com Israel.
O gabinete de "consenso", dirigido pelo primeiro-ministro Rami Hamdalah, est� composto por figuras independentes e tecnocratas.
Em Gaza, o Hamas elogiou o novo governo de uni�o de "todos os palestinos".
Com 17 ministros, cinco deles de Gaza, este � um Executivo de transi��o, que ter� como miss�o priorit�ria a convoca��o de elei��es at� o fim do ano.
Pouco antes da cerim�nia de posse, o Hamas, que governa Gaza, e o Fatah, do presidente Abbas, conseguiram resolver as �ltimas diverg�ncias sobre a composi��o do governo.
O Hamas exigia a manuten��o do ministro para os Prisioneiros e as duas partes concordaram em atribuir a pasta ao primeiro-ministro Rami Hamdalah, um professor universit�rio respeitado, mas relativamente pouco conhecido no exterior.
A Organiza��o pela Liberta��o da Palestina (OLP) - liderada pelo movimento nacionalista Fatah de Abbas - e o Hamas assinaram em 23 de abril um acordo de reconcilia��o para acabar com a divis�o pol�tica desde 2007 nos territ�rios na Cisjord�nia.
A Autoridade Palestina administrava as zonas aut�nomas, enquanto o Hamas governava a Faixa de Gaza, submetida ao bloqueio israelense.
- Recusa israelense -
Mas o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, pediu � comunidade internacional que "n�o se precipite" em reconhecer um governo palestino apoiado pelo Hamas e criticou a "ambiguidade" da Europa.
"O terrorismo isl�mico volta a levantar a cabe�a na Europa. Tivemos o exemplo com o horr�vel crime cometido no Museu Judaico em Bruxelas", disse.
"Me parece estranho que os pa�ses europeus condenem os crimes, mas discutam com ambiguidade, de maneira quase amistosa, de um governo com o Hamas, uma organiza��o terrorista que comete esse tipo de crime e faz apologia dele", completou.
O primeiro-ministro reafirmou que considera o presidente Abbas respons�vel por qualquer a��o "destinada a atingir a seguran�a de Israel", seja procedente de Gaza ou da Cisjord�nia.
O gabinete de seguran�a de Israel se reuniu durante a madrugada, segundo o jornal Jerusalem Post, e confirmou a decis�o de n�o reconhecer o novo governo e de congelar qualquer tipo de negocia��o com a Autoridade Palestina enquanto persistir o acordo com o Hamas.
Como repres�lia, o governo de Netayahu tamb�m vai analisar o bloqueio de parte do dinheiro que recebe mensalmente em nome dos palestinos, em uma iniciativa que pode agravar a situa��o financeira da Autoridade Palestina.
Procurado pela AFP, o gabinete de Benjamin Netanyahu se negou a confirmar ou desmentir as informa��es.
O jornal israelense Israel Hayom, considerado um porta-voz do primeiro-ministro, pediu "uma resposta inteligente" � forma��o do novo governo palestino.
"Condenar e esperar", sugere um editorial. "Neste momento, � suficiente condenar o governo palestino de que o Hamas participa, e proclamar que as negocia��es com Abu Mazen n�o podem seguir", diz o texto, referindo-se ao apelido de Abbas.