
As ruas da Cidade de Gaza est�o desertas. Os drones (avi�es n�o tripulados) sobrevoam o enclave palestino de modo intensivo, os ca�as F-16 surgem do nada e lan�am m�sseis e bombas. O som das explos�es � sucedido pelo das sirenes de ambul�ncias. Enquanto isso, israelenses de Tel Aviv e de Jerusal�m, al�m de cidades mais ao Sul, precisam controlar o p�nico a cada vez que escutam as sirenes antia�reas – sinal de que foguetes lan�ados de Gaza est�o prestes a impactar o solo. Os cidad�os t�m 15 segundos para se proteger, antes da explos�o. Ao menos 350 proj�teis foram disparados contra Israel. O premi� israelense, Benjamin Netanyahu, avisou que a Opera��o Cerca de Prote��o deve se expandir para outras fases e descartou que um cessar-fogo esteja sobre a mesa. Fontes israelenses admitiram que a segunda etapa da campanha incluiria a incurs�o de tropas em Gaza para desarticular a infraestrutura militar do grupo isl�mico Hamas. Nesta quinta-feira, os bombardeios de Israel tinham deixado 90 mortos, incluindo 22 crian�as, e 630 feridos. Do lado israelense, 22 civis se feriram com estilha�os dos foguetes palestinos e 101 foram atendidos em estado de choque.
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, telefonou para Netanyahu e “expressou seu temor diante do risco de uma escalada”, de acordo com um comunicado da Casa Branca. “Os EUA se mant�m dispostos a mediar negocia��es pelo fim das hostilidades, incluindo um retorno ao acordo de cessar-fogo de novembro de 2012”, indicou a nota. Obama determinou ao secret�rio de Estado, John Kerry, que conversasse ontem com Netanyahu e com o l�der palestino, Mahmoud Abbas.
LINHA VERMELHA Rafael Eldad, embaixador de Israel no Brasil, afirmou que o Hamas ultrapassou uma linha vermelha. “N�o sabemos quanto tempo a Opera��o Cerca Protetora vai durar. N�o me parece que ser� curta”, disse. “A �nica coisa que desejamos � viver em paz. Queremos poder trabalhar, mandar as crian�as para a escola, sair para fazer compras. Essa organiza��o terrorista, com a incessante chuva de foguetes, torna isso imposs�vel”, acrescentou o diplomata, ao pedir o apoio da comunidade internacional. Eldad acusa o Hamas de usar civis como escudos humanos, “de modo c�nico e cruel”. “Eles colocam moradores de Gaza sobre os arsenais de foguetes e de m�sseis.”
Para Ibrahim Mohammed Khalil Alzeben, embaixador da Autoridade Nacional Palestina, Israel deseja o territ�rio palestino livre de �rabes. “� uma limpeza �tnica, um genoc�dio. Querem limpar a Faixa de Gaza ecriar um grande Estado de Israel”, desabafou, por telefone. Ele instou a comunidade internacional a obrigar Netanyahu a respeitar o direito internacional. “Quando Israel sequestra todo um povo, o mundo exorta a calma. Quando h� um atentado contra Israel, todos se levantam, como se o sangue palestino n�o tivesse valor”, ironizou.
Na Regi�o Oeste da Cidade de Gaza, a estudante palestina Farah Baker, de 16 anos, enfrenta uma “semana horr�vel e apavorante”. “Moro perto do Hospital Al-Shifa, o maior de Gaza. Na noite passada, os israelenses bombardearam como nunca. Grande parte dos m�sseis atingiu casas civis”, relatou, pela internet. Seis bombas ca�ram perto da resid�ncia dela. Antes de atingir um pr�dio, a bomba ilumina a �rea. Ent�o, voc� sabe que ela vai explodir por perto. � horr�vel”, comenta. Em Beersheva, a segunda maior cidade ao Sul de Israel, 20 foguetes rasgaram o c�u em poucos minutos. A trabalhadora social Hilly KudasiNevo decidiu viajar � casa dos pais, em Arad (Leste) para fugir do quinto dia de ataques. “As sirenes come�aram a tocar no caminho. Parei o carro, tirei meus dois filhos e nos deitamos no ch�o. Eu os cobricom meu corpo. Os ocupantes de outros 10 ve�culos fizeram o mesmo”, disse. Ontem, o Hamas lan�ou quatro foguetes contra Jerusal�m – dois foram interceptados sobre a cidade e dois ca�ram em �reas desabitadas.