"Anatoli, venha por aqui, h� muitos". Os bombeiros avan�am lentamente entre os campos de trigo do leste da Ucr�nia marcando com uma estaca com um pano branco amarrado na ponta os locais onde s�o encontrados os restos humanos dos passageiros do voo MH17 da Malaysia Airlines.
O avi�o caiu na quinta-feira, provavelmente atingido por um m�ssil terra-ar. Testemunhas afirmam que a aeronave se partiu em pleno voo.
Os destro�os do avi�o se espalharam por v�rios quil�metros quadrados na zona rural, nos arredores do povoado de Grabove, no leste da Ucr�nia, perto da linha de frente entre separatistas pr�-russos e for�as governamentais.
Sob uma chuva fina, as equipes de resgate preparam o recolhimento dos corpos das 298 pessoas que viajavam na aeronave.
Uma d�zia de caminh�es do corpo de bombeiros est� estacionado perto das duas barracas que abrigam o quartel-general dos servi�os de resgate.
No entanto, mais de 12 horas ap�s a cat�strofe dezenas de corpos e restos humanos continuam espalhados pela zona.
Um jogo de cartas e um guia tur�stico lembram que muitas fam�lias viajavam de f�rias. Um bra�o aparece em um assento que jaz em um buraco. Perto dali, os socorristas re�nem as malas e bolsas.
A algumas centenas de metros do local, em outro ponto de impacto, uma asa cheia de querosene incendiou completamente um campo.
Tamb�m � poss�vel observar dois reatores retorcidos, uma parte do trem de pouso e peda�os da fuselagem com fileiras de janelas.
A devasta��o � total, o metal se fundiu e voltou a se solidificar sem forma no ch�o. Ali, quase n�o se veem restos humanos entre as ru�nas enegrecidas pelo inc�ndio.
Ao longe, os cachorros est�o presos. Os poucos combatentes separatistas que se encontram no local se prop�em a atirar em qualquer animal que se aproxime dos restos humanos.
Os insurgentes, conscientes de que s�o responsabilizados pela cat�strofe, desmentem ter qualquer liga��o com ela e se comprometem a proteger a regi�o e facilitar o acesso aos investigadores.
Tr�gua
Os separatistas pr�-russos tamb�m propuseram uma tr�gua com fins humanit�rios, mas na manh� desta sexta-feira ainda eram ouvidas explos�es espor�dicas no local.
Segundo os socorristas, uma caixa-preta foi encontrada.
Os habitantes da aldeia pr�xima ao local da cat�strofe n�o se aproximaram, ainda comovidos pelo ocorrido.
"Olhe! � como se um edif�cio de tr�s andares tenha estado prestes a cair em cima de n�s", disse Pavel, um agricultor de 45 anos que ainda n�o acredita no que ocorreu.
"Estou comovido, n�o esquecerei nunca disso, estivemos prestes a morrer. Percebe como tem cheiro de morte?", pergunta enquanto aponta para um grande peda�o de fuselagem a uma centena de metros de sua casa.
Funcion�rios do minist�rio das Situa��es de Emerg�ncia passam por ali com outros peda�os de madeira embaixo do bra�o.
"Nunca encontraremos todos, est�o em um per�metro de 25 quil�metros", sussurra um oficial dos bombeiros a um de seus homens.