O presidente americano, Barack Obama, declarou nesta sexta-feira que um m�ssil disparado de um territ�rio em poder dos rebeldes na Ucr�nia foi a causa da queda de um avi�o comercial malaio, provocando uma trag�dia indescrit�vel, segundo ele.
Em um pronunciamento na Casa Branca, Obama se uniu aos apelos da comunidade internacional e pressionou por uma investiga��o internacional do incidente em que morreram todas as 298 pessoas a bordo da aeronave.
"As evid�ncias indicam que o avi�o foi abatido por um m�ssil terra-ar, que foi lan�ado a partir de uma �rea controlada por separatistas apoiados por russos no interior da Ucr�nia", afirmou o presidente americano.
Embora Obama tenha destacado que ainda est� � espera do quadro geral da situa��o, ele lembrou que os rebeldes pr�-russos j� abateram no passado uma aeronave ucraniana.
O presidente americano, que no in�cio da semana anunciou um aumento das san��es contra a R�ssia devido ao conflito, disse ter ligado para presidente russo, Vladimir Putin, para pedir que ele use de sua influ�ncia junto aos separatistas pr�-russos para conter seus ataques.
"Acho que � importante reconhecer que este evento chocante lembrou que este � o momento de restaurar a paz e a seguran�a na Ucr�nia", disse Obama.
Em uma conversa por telefone com o primeiro-ministro holand�s, Putin pareceu concordar com Obama ao afirmar que a "trag�dia mostrou novamente a necessidade de uma solu��o urgente e pac�fica para a grave crise a Ucr�nia".
Em sua rea��o mais contundente � trag�dia de quinta-feira, Obama homenageou os passageiros do avi�o que fazia a rota Amsterd�-Kuala Lumpur.
Ele declarou que pelo menos um cidad�o americano estava entre os 298 mortos. O Departamento de Estado identificou a v�tima como Quinn Lucas Schansman, que tamb�m tinha nacionalidade holandesa.
"Suas mortes s�o uma atrocidade de propor��es indescrit�veis", declarou Obama aos jornalistas.
Obama pediu um cessar-fogo imediato e advertiu as for�as separatistas para que n�o tentem ocultar as provas do epis�dio. Ele tamb�m pressionou a Europa a endurecer sua postura em rela��o � crise ucraniana.
"Isso certamente ser� um sinal de alerta para a Europa e para o mundo sobre o fato de que o agravamento do conflito no leste da Ucr�nia ter� consequ�ncias", enfatizou.
Acesso dif�cil � zona de impacto
Antes do discurso do presidente americano, um oficial da intelig�ncia americana havia indicado � AFP que as primeiras investiga��es sugeriam que os separatistas pr�-russos tinham derrubado o Boeing 777.
A embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Samantha Power, indicou em uma reuni�o do Conselho de Seguran�a que o m�ssil disparado seria um Buk do tipo SA-11.
Ela lembrou que na manh� de quinta-feira separatistas pr�-russos foram localizados em poder desse tipo de sistema de defesa antia�rea perto do local onde o avi�o caiu.
"Os Estados Unidos n�o t�m conhecimento da presen�a de um sistema de m�sseis SAM (m�ssil terra-ar) ucraniano na regi�o", acrescentou Power, ressaltando que desde o in�cio do conflito a defesa antia�rea ucraniana n�o lan�ou m�sseis.
Segundo Power, diante da complexidade t�cnica do sistema de m�sseis em poder dos separatistas pr�-russos, os Estados Unidos "n�o descartam assist�ncia t�cnica por parte dos russos aos rebeldes".
O Conselho de Seguran�a pediu uma investiga��o internacional independente e profunda sobre o avi�o malaio em conson�ncia com as regras da avia��o civil internacional.
As autoridades ucranianas e os separatistas pr�-R�ssia trocam acusa��es pelo lan�amento do proj�til.
O primeiro-ministro ucraniano, Arseni Yatseniuk, acusou diretamente a R�ssia nesta sexta-feira.
"Os russos foram longe demais. � um crime internacional cujos respons�veis devem ser julgados em Haia", afirmou.
Yatseniuk declarou ainda que os separatistas pr�-russos que controlam a zona onde caiu o avi�o malaio n�o deixam os investigadores da ag�ncia de avia��o ucraniana terem acesso aos destro�os do aparelho.
Dirigentes separatistas afirmaram na v�spera, horas depois da queda, que deixariam os investigadores internacionais trabalhar na zona de impacto.
Os socorristas indicaram, por sua vez, que uma das duas caixas pretas do Boeing 777 foi achada, mas que um separatista informou que o sistema de registro do voo seria enviado a Moscou para an�lise.
Uma fonte da chancelaria ucraniana reagiu � informa��o, afirmando que as caixas pretas devem permanecer no territ�rio do pa�s onde ocorreu o acidente, e que seu envio ao exterior � ilegal.
Neste contexto, cerca de 30 inspetores da Organiza��o para a Seguran�a e a Coopera��o na Europa (OSCE) chegaram nesta sexta-feira � zona do impacto.
De acordo com o chefe da organiza��o, Didier Burkhalter, eles est�o negociando com os rebeldes a cria��o de um corredor humanit�rio que d� acesso � regi�o onde o avi�o caiu para fazer o trabalho necess�rio, assim como as investiga��es.
Depois de uma breve conversa, um grupo de insurgentes pr�-russos deixou que os inspetores tivessem acesso � �rea da que do aparelho.
Mensagens postadas em sites dos rebeldes - rapidamente apagadas - e conversas interceptadas pelos servi�os de seguran�a ucranianos d�o a entender que o avi�o foi mesmo derrubado por engano pelos insurgentes, que teriam confundido o Boeing com um avi�o militar ucraniano.
Se for confirmada a hip�tese - que deve ser encarada com prud�ncia no contexto de uma violenta guerra de propaganda e desinforma��o -, a posi��o dos separatistas e de seu aliado, o presidente Putin, sofreria um abalo consider�vel.
Especialistas em Aids entre as v�timas
Muitos passageiros do avi�o da Malaysia Airlines viajavam para uma confer�ncia mundial sobre Aids que acontecer� no fim de semana em Melbourne, Austr�lia, segundo informou a ONUAids, a ag�ncia da ONU para para o combate ao HIV.
Entre as v�timas estava o cientista holand�s Joep Lange, um dos principais nomes da luta contra a pandemia.
Al�m dos 154 holandeses, o avi�o transportava 43 malaios - incluindo 15 membros da tripula��o -, 27 australianos, 12 indon�sios, nove brit�nicos, quatro alem�es, cinco belgas, tr�s filipinos, um canadense e um americano.
A nacionalidade dos demais passageiros ainda n�o foi determinada.
O papa Francisco manifestou nesta sexta-feira sua "consterna��o" pela not�cia da cat�strofe ocorrida com o avi�o da Malaysian Airlines.
"O Papa reza pelas in�meras v�timas do acidente e por seus familiares, renovando seu pedido de paz �s partes em conflito e por um compromisso para que solu��es de di�logo sejam encontradas, com o objetivo de evitar mais perdas de vidas humanas inocentes", escreveu em uma breve mensagem.