
Com a entrada em vigor do cessar-fogo, �s 13h de Bras�lia, tiros foram disparados para o alto em comemora��o na Cidade de Gaza. Segundo o governo eg�pcio, o acordo prev� uma redu��o do bloqueio imposto desde 2006 por Israel e que asfixia 1,8 milh�o de habitantes de Gaza.
Nas ruas, em meio � comemora��o, Maha Khaled, uma m�e de 32 anos n�o escondia a alegria: "Obrigada Deus, a guerra acabou". "N�o consigo acreditar que ainda estou viva, com meus filhos. Esta guerra foi muito dura e eu n�o acreditava mais que a paz pudesse chegar", acrescentou.
Tamer al-Madqa, de 23 anos, comemorava "a vit�ria da resist�ncia". "Hoje, Gaza provou ao mundo que resiste e que � mais forte do que Israel", disse � AFP.
Mesmo que este cessar-fogo suscite esperan�as, os pontos de diverg�ncia entre israelenses e palestinos est�o longe de ter desaparecido, e as negocia��es devem ser retomadas no Cairo em um m�s.
O secret�rio de Estado americano, John Kerry, saudou o acordo, esperando que esta nova tr�gua seja mantida e permita prever um acordo de longo prazo entre israelenses e palestinos, assim como o secret�rio-geral da ONU, Ban Ki-moon, que espera que o cessar-fogo seja um "prel�dio de um processo pol�tico".
Entre os principais pontos de acordo revelados pelo chefe da delega��o palestina no Cairo, Azzam al-Ahmed, est� "a abertura de passagens para as necessidades humanit�rias, alimentos, material m�dico e tudo o que permita reparar os sistemas de �gua, de eletricidade e de telefonia m�vel".
Nada foi dito a respeito de poss�veis restri��es a importa��es de material de constru��o ou sobre a retomada das exporta��es a partir de Gaza. A retirada das restri��es aos pescadores parece ter sido mantida, com a limita��o da zona de pesca a 3 milhas n�uticas devendo ser passada para 6 milhas (11km) e, depois, para 12, segundo Ahmed.
A quest�o da desmilitariza��o da Faixa de Gaza, uma exig�ncia israelense, deve ser discutida no Cairo durante negocia��es, assim como as palestinas, de reabertura do aeroporto e do porto.
Hamas canta vit�ria
Na noite desta ter�a, o momento era de festa para os palestinos. V�rios l�deres do Hamas, que controla a Faixa de Gaza, e da Jihad Isl�mica, a segunda for�a no enclave palestino, apareceram em p�blico pela primeira vez em 50 dias. Mahmud Zahar, um alto dirigente do Hamas na Faixa de Gaza e Mohamed al-Hindi, um l�der da Jihad Isl�mica, pronunciaram um discurso diante de milhares de palestinos no bairro de Rimal, no oeste da Cidade de Gaza, em um sinal da uni�o nascida pouco antes do conflito.
Pela primeira vez, os palestinos enviaram ao Cairo uma delega��o representando o Hamas, a Jihad Isl�mica e a Organiza��o pela Liberta��o da Palestina (OLP), � qual pertence a Autoridade Palestina.
O Hamas, que infligiu as maiores perdas ao Ex�rcito israelense desde 2006, com 64 soldados mortos, reivindicou a "vit�ria", afirmando ter derrotado "a lenda do Ex�rcito israelense que se dizia invenc�vel" e conseguido a redu��o do bloqueio, principal reivindica��o dos palestinos.
Os n�meros da destrui��o
A opera��o israelense "Barreira Protetora" deixou 2.143 mortos e 11.000 feridos na Faixa de Gaza e cerca de 475.000 pessoas foram obrigadas a deixar suas casas. Cerca de 55.000 casas foram atingidas pelos ataques israelenses, sendo pelo menos 17.200 totalmente ou quase totalmente destru�das, segundo o Escrit�rio de Coordena��o de Assuntos Humanit�rios da ONU.
O presidente palestino, Mahmud Abbas, alertou que os palestinos n�o se envolver�o em novas "negocia��es obscuras".
"Gaza sofreu tr�s guerras entre 2008 e 2009, em 2012 (e em 2014). Devemos esperar uma nova guerra em um ou dois anos? E at� quando a quest�o palestina continuar� sem solu��o?", lan�ou.
A dire��o palestina se prepara para exigir que a comunidade internacional fixe uma data limite para o fim da ocupa��o israelense dos Territ�rios Palestinos. Se sua exig�ncia n�o for ouvida, eles amea�am aderir ao Tribunal Penal Internacional (TPI), o que permitir� aos palestinos processar autoridades israelenses por opera��es na Faixa de Gaza.
O acordo de cessar-fogo p�e fim a 50 dias de viol�ncia e a v�rias semanas de negocia��es, interrompidas por tr�guas tempor�rias rompidas com frequ�ncia. O �ltimo cessar-fogo fracassou depois de nove dias. H� uma semana, a viol�ncia voltou com for�a, com 121 palestinos e tr�s israelenses mortos, elevando para seis o n�mero de civis mortos em territ�rio israelense desde o in�cio da guerra em 8 de julho. Ainda nesta ter�a, 12 palestinos morreram. Em Israel, dois civis israelenses morreram na queda de um morteiro no sul.