As torturas e os m�todos de interrogat�rio utilizados pela CIA contra suspeitos de terrorismo foram muito mais brutais do que se admitiu at� agora e n�o apresentaram resultados, afirma um relat�rio do Senado americano divulgado nesta ter�a-feira.
Na introdu��o do documento, a senadora Dianne Feinstein, l�der do Comit� de Intelig�ncia, n�o deixou d�vidas sobre o resultado das investiga��es: "� a minha conclus�o pessoal que, em qualquer acep��o do termo, os presos da CIA foram torturados".
O documento de 525 p�ginas, que inclui par�grafos inteiro cobertos por tinta preta para proteger informa��es confidenciais, � um resumo da vers�o de 6.000 p�ginas mantida em sigilo e diz que a CIA impediu o Congresso e a Casa Branca a terem acesso �s informa��es sobre o ocorrido e mentiu �s autoridades.
O texto toma muito cuidado no uso da palavra "tortura", preferindo o eufemismo "t�cnicas refor�adas de interrogat�rio", que tinha sido adotado no governo do presidente George W. Bush.
O documento cont�m duras revela��es sobre o programa secreto implementado pelo governo do presidente George W. Bush (2001-2009) para interrogar pessoas consideradas suspeitas de v�nculos com a rede Al-Qaeda depois dos ataques de 11 de setembro de 2001.
Os suspeitos foram submetidos a t�cnicas que inclu�am afogamento simulado, deten��o por longos per�odos em posi��es inc�modas, proibi��o de dormir, entre outros m�todos aplicados em centros clandestinos mantidos pela CIA e na pris�o da base militar de Guant�namo, em Cuba.
- M�todos eram brutais -
O documento, apresentado publicamente nesta ter�a-feira, afirma categoricamente que os m�todos brutais de interrogat�rios aplicados pela CIA "n�o foram uma maneira eficiente de obter informa��es precisas ou a coopera��o dos detentos", e destaca que, apesar disso, a CIA sempre insistiu na efic�cia do sistema.
A avalia��o do Senado tamb�m denuncia que a ag�ncia de intelig�ncia americana "n�o realizou uma contagem profunda e precisa do n�mero de pessoas que prendeu e do n�mero de detentos que n�o reuniam o m�nimo de condi��es de serem detidos".
De acordo com o comit� investigador, a CIA "n�o estava preparada quando come�ou a operar seu Programa de Deten��o e Interrogat�rio, mais de seis meses depois de ter recebido autoriza��o para manter presos".
Al�m disso, os programas de "m�todos melhorados de interrogat�rio" foram desenhados por dois psicol�gicos contratados. "No ano de 2005, a CIA dependia pesadamente de opera��es terceirizadas ligadas ao programa", diz o documento.
- A salvo de qualquer supervis�o -
O texto tamb�m acusa a CIA de ter apresentado "informa��o incorreta" entre 2002 e 2007 ao Departamento de Justi�a sobre o alcance e os efeitos da tortura, assim como impedir que o Congresso consiga supervisionar a aplica��o deste m�todo de interrogat�rio.
Desta forma, "a CIA impediu a supervis�o pela Casa Branca e a tomada de decis�es", prosseguiu o informe.
A pr�pria administra��o do programa de interrogat�rios por parte da CIA "complicou e, em alguns pontos, impediu" a a��o de outros departamentos do Poder Executivo.
Um par�grafo do informe tamb�m destaca que "a CIA coordenou o vazamento de informa��o secreta para a imprensa, inclusive informa��o incorreta sobre a efic�cia" dos interrogat�rios sob tortura.
Pouco depois de divulgado o documento, o presidente Barack Obama publicou uma nota na qual afirmou que a tortura era "contr�ria aos nossos valores".
O governo que precisou planejar uma resposta aos ataques de 11 de setembro de 2001 enfrentou "escolhas dif�ceis", disse Obama.
"Como j� disse antes, nossa na��o fez muitas coisas bem nestes anos dif�ceis. Mas ao mesmo tempo, algumas a��es tomadas eram contr�rias aos nossos valores", afirmou.
Por isso, acrescentou, "proibi a tortura quando assumi a Presid�ncia".
- T�cnica ajudou a "impedir ataques" -
O diretor da CIA, John Brennan, insistiu nesta ter�a-feira em que a aplica��o de m�todos brutais de interrogat�rio ajudaram a prevenir atentados.
Ele admitiu que erros foram cometidos, mas acrescentou que a revis�o dos m�todos iniciada pela pr�pria CIA chegou � conclus�o de que estes interrogat�rios brutais "produziram informa��o de intelig�ncia que ajudou a impedir ataques, capturar terroristas e salvar vidas".
Dirigentes do opositor Partido Republicano questionaram a conveni�ncia da divulga��o e o custo excessivo do informe (US$ 40 milh�es) para os contribuintes americanos.
O informe sobre a investiga��o promovida pelo Senado e realizada entre 2009 e 2012 foi finalmente publicado, apesar do secret�rio de Estado, John Kerry, alertar na semana passada para o impacto negativo que poderia ter para os interesses americanos no mundo.
As embaixadas dos Estados Unidos amanheceram em alerta m�ximo por poss�veis repres�lias antes da divulga��o dessa investiga��o.
O secret�rio americano de Defesa, Chuck Hagel, tamb�m informou que as for�as militares do pa�s se encontram em "estado de alerta m�ximo".
"Ordenei aos comandantes que fiquem em estado de alerta m�ximo em todo o mundo", disse Hagel em declara��es � imprensa durante uma visita inesperada a Bagd�.
Ele ressaltou que at� o momento n�o foram identificadas amea�as concretas.
