Rajadas de tiros, policial executado, po�as de sangue em frente � sede da revista sat�rica Charlie Hebdo: o atentado terrorista que deixou 12 mortos nesta quarta-feira em Paris fez a cidade recordar os tempos sombrios dos atentados dos anos 1980 e 1990.
Neste bairro do leste parisiense, isolado pela for�as de seguran�a, as ambul�ncias, caminh�es de bombeiros e policiais invadiram as ruas.
Diversas pessoas em estado de choque s�o amparadas pelos bombeiros, uma outra, aparentemente inconsciente, � evacuada em uma maca.
Um jornalista que trabalha num local situado em frente � sede do Charlie Hebdo relembra ter visto "corpos no ch�o, po�as de sangue e muitos feridos gravemente".
Por volta das 10h30 GMT (8h30 de Bras�lia), dois homens armados com fuzis AK-47 e um lan�a-foguete invadiram a reda��o da revista, num edif�cio empresarial na rua Nicolas-Appert, uma pequena viela do distrito 11 da capital francesa.
"Eu estava no pr�dio, no fim do corredor. Pessoas entraram, eles procuravam o Charlie Hebdo e atiraram para nos impressionar", relembrou � AFP uma funcion�ria dos correios que conseguiu escapar.
No escrit�rio do jornal, foi um verdadeiro massacre. O atentado foi o mais sangrento da Fran�a nas �ltimas d�cadas.
Tiros, policiais correndo: Regina, que aguardava para ser atendida numa sala de espera de uma cl�nica oftalmol�gica, a cerca de 100 metros do jornal, garante que sabia "na mesma hora que era um atentado" e que "parecia que eu estava num novela".
"Vi dois caras saindo do pr�dio, atirando, entrando num carro C3 (Citro�n) e partindo em dire��o ao boulevard Richard-Lenoir", contou calmamente uma testemunha que estava perto do local e que prefere preservar o anonimato.
Parecia filme
Em um v�deo gravado a alguns metros da sede do Charlie Hebdo, os dois homens armados com fuzis autom�ticos aparecem saindo de um ve�culo, executam com um tiro na cabe�a um policial ferido no ch�o, antes de fugir de carro gritando "Vingamos o Profeta!".
"Eles estavam encapuzados, com fuzis AK-47 ou M16", descreveu um vizinho, que, num primeiro momento, admitiu achar que se tratava "de for�as especiais perseguindo traficantes de drogas". "Parecia que est�vamos vendo as grava��es de um filme".
"Eu estava indo para minha aula, sa� do metr� e ouvi tiros... uns tr�s tiros", explicou Lilya Mohded, uma estudante de 24 anos. "Algumas pessoas gritaram: 'Est�o atirando! Proteja-se!", lembrou a jovem, que "n�o pensou duas vezes, voltando logo para dentro da esta��o". Traumatizada, ela demorou uma hora para ter coragem de voltar � rua.
Bocar Diallo trabalha numa oficina mec�nica pr�xima ao local do atentado e afirmou ter visto "policiais atirando, o que durou uns tr�s ou quatro minutos".
"A gente queria sair para ver, mas ouvimos uma rajada de tiros e alguns policiais pediram para que volt�ssemos para dentro da oficina", explicou o mec�nico, que ainda socorreu um policial ferido.
Dezenas de pessoas, penduradas nos celulares, passam pela proximidade do per�metro de seguran�a armado pelo pol�cia. "� uma loucura o que aconteceu, em pleno cora��o de Paris", lamenta uma delas.