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Estado de Minas

Para os sobreviventes de Auschwitz, o horror persiste


postado em 26/01/2015 15:52

Passaram-se 70 anos, mas os �ltimos sobreviventes de Auschwitz lembram como se fosse hoje dos gritos horr�veis dos eletrocutados, da ang�stia permanente de morrer e dos rostos das mulheres e crian�as a caminho das c�maras de g�s.

Alguns deles, quase todos nonagen�rios, ainda t�m for�as para assistir na ter�a-feira �s cerim�nias do 70� anivers�rio da liberta��o do maior campo de exterm�nio alem�o pelo Ex�rcito Vermelho, em 27 de janeiro de 1945.

"Ningu�m pode imaginar o grito de uma pessoa eletrocutada" quando, desesperada, se joga contra o alambrado para por fim � sua vida, conta a polonesa Zofia Posmysz, de 91 anos, com o rosto marcado pela emo��o e pela dor, apesar dos muitos anos que se passaram desde sua chegada a Auschwitz, em 1942.

As recorda��es atormentam essa bela e pequena mulher que suportou tr�s anos em Auschwitz e em Ravensbr�ck: "Vi cad�veres pendurados nas cercas de arames. � noite, as mulheres jovens sa�am dos barrac�es e iam se jogar contra as cercas el�tricas. Era horr�vel, era realmente horr�vel!".

"� noite, n�s acord�vamos com esses gritos terr�veis", relembra a ex-interna n� 7566.

O cabeleireiro do carrasco

Jozef Paczynski, de 95 anos, preso n� 121, poderia reproduzir, como os olhos fechados, o corte de cabelo de Rudolf H�ss, o carrasco de Auschwitz, de quem foi seu cabeleireiro habitual.

Depois de tantos anos, ele continua a se assustar. Por que o comandante do campo elegeu a ele, um "miser�vel prisioneiro", incorporado � unidade dos cabeleireiros, ap�s sua chegada em junho de 1940 com cerca de 700 homens do primeiro comboio dos presos pol�ticos poloneses?.

"Havia oito ou dez cabeleireiros profissionais de Vars�via e H�ss ordenou que um aprendiz como eu cortasse o cabelo dele", relata � AFP. "Minhas m�os tremiam. Mas uma ordem � uma ordem. Tive que fazer meu trabalho", diz. "O corte era muito f�cil, ao estilo alem�o. Tinha que raspar a nuca com a l�mina e passar a m�quina dos lados. Tinha bons instrumentos, meus colegas afiaram bem a navalha", relata.

N�o passou pela sua cabe�a matar H�ss com essa l�mina? "Muitas vezes me perguntam. Eu era consciente das consequ�ncias, n�o estava louco, se eu lhe cortasse o pesco�o, metade dos prisioneiros do campo seriam imediatamente executados", contou.

Quando foram deportados, Zofia e Jozef tinham ambos 19 anos. Sobreviveram porque eram jovens, aprenderam rapidamente a viver no campo e foram encarregados de um "bom trabalho".

Longe do c�o

"Aprendi a sobreviver nesse lugar. N�o ser o primeiro da fila, n�o estar nos cantos quando tinha que andar em grupo. Estar no meio para ficar longe do c�o do guarda, que podia pegar a gente. Fazia de tudo para n�o me expor aos castigos", conta Zofia Posmysz.

Kazimierz Albin, de 92 anos, sobreviveu porque conseguiu escapar em 27 de fevereiro de 1942 com outros seis internos.

"Era uma noite estrelada. Fazia uns 8 ou 10 graus negativos", relata o prisioneiro n� 118.

"T�nhamos que atravessar o rio nus, em meio a placas de gelo", conta. Quando foi libertado, Kazimierz Albin se uniu � Resist�ncia.

As fugas eram pouco habituais. Com 1.300.000 deportados para Auschwitz, apenas 802 - entre eles, 45 mulheres - fugiram, segundo dados do museu do campo.

O n�mero de mortos foi de 1,1 milh�o de pessoas, entre eles cerca de um milh�o de judeus de v�rios pa�ses da Europa.

"� poss�vel esquecer todos esses assassinatos? � poss�vel perdoar? Jamais poderei esquecer as mulheres, as crian�as levadas para a c�mara de g�s", lamenta Jozef Paczynski.

Mas, acrescentou, "vamos travar uma guerra sem fim? Os mortos n�o v�o ressuscitar. Hoje estou contente de que haja reconcilia��o, de que haja paz, de que tenham ca�do as fronteiras. Estou contente e digo isso abertamente aos alem�es", conclui.


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