A Alemanha tem debatido uma flexibiliza��o do sigilo m�dico para os empregos considerados de risco, ap�s as revela��es e rumores sobre o estado de sa�de do copiloto da Germanwings. Andreas Lubitz, o copiloto de 27 anos que precipitou o A320 da empresa alem� contra os Alpes franceses, estava, de acordo com a promotoria de D�sseldorf, doente e n�o deveria ter entrado na cabine da aeronave devido a um atestado m�dico que ele manteve em segredo.
As autoridades judiciais alem�s, no entanto, ainda n�o revelaram a natureza desta "doen�a". A promotoria de D�sseldorf informou nesta segunda-feira que o copiloto chegou a receber tratamento para tend�ncias suicidas no passado. V�rios meios de comunica��o alem�es, principalmente o jornal Bild, citando documentos oficiais, o copiloto atravessou um "epis�dio de depress�o profunda" h� seis anos, para o qual recebeu tratamento "m�dico especial e regular".
No fim de semana, v�rios meios de comunica��o tamb�m evocaram o fato de o jovem copiloto ter sofrido um descolamento de retina, les�o que poderia prejudicar sua carreira. Tendo em conta estes elementos, v�rias autoridades pol�ticas, como Dirk Fischer, especialista em quest�es de transporte dentro do partido conservador de Angela Merkel (CDU), exigiu que os pilotos, assim como de outras profiss�es sens�veis, "consultem somente m�dicos indicados por seus empregadores".
Esses profissionais "devem ser liberados da obriga��o do sigilo m�dico em comunica��o com o empregador e as autoridades da avia��o civil". O deputado Thomas Jarzombek, tamb�m membro do CDU, pediu o estabelecimento de uma comiss�o de especialistas para estudar como devem ser tratadas as doen�as dessas pessoas que, em seu trabalho, comprometem a sa�de ou a vida de outros.
Para o deputado social-democrata (SPD) Karl Lauterbach, professor de medicina, � evidente que um m�dico "tem o dever de informar o empregador da incapacidade de um funcion�rio para trabalhar" no caso deste ser respons�vel pela vida de outras pessoas. "E isso � especialmente verdadeiro nos casos de doen�a mental e do risco potencial suicida", insistiu.
Mas a solu��o n�o � t�o simples, como observou em um editorial o jornal Die Welt, uma vez que os "pilotos tamb�m t�m o direito (...) a ter uma discuss�o aberta com um m�dico sem medo de que seu empregador seja informado". As normas da Associa��o M�dica Alem� s�o claras sobre o assunto: "os m�dicos devem permanecer em sil�ncio sobre o que lhes foi confiado ou sobre o que ouviram no curso de sua pr�tica m�dica."
A trai��o deste segredo, que permanece v�lido ap�s a morte do paciente at� mesmo aos membros de sua pr�pria fam�lia, � pun�vel com pena de pris�o e multa. "O sigilo m�dico � t�o precioso para o m�dico quanto para o paciente, e que � garantido pela Constitui��o como um direito humano", alertou o presidente da C�mara Federal dos M�dicos, Frank Ulrich Montgomery.
Mas j� est�o previstas exce��es a este segredo, especialmente quando se trata de evitar "um crime particularmente grave" ou evitar o risco de p�r em perigo a seguran�a dos outros. Para Hans-Werner Teichm�ller, presidente da Uni�o Federal dos M�dicos Avia��o (DFV), se um piloto escolhe voar mesmo estando medicamente inapto, "eu sou obrigado a informar �s autoridades".
Mas esta exig�ncia n�o se aplica ao empregador, disse ele em entrevista � ZDF. Na semana passada, o diretor da Lufthansa afirmou que Andreas Lubitz estava 100% apto para pilotar um avi�o. Ele tamb�m disse que o jovem tinha interrompido a sua forma��o por v�rios meses, mas indicou que n�o poderia revelar o motivo.
Nesta segunda-feira, em uma coletiva de imprensa, um porta-voz de Angela Merkel declarou "que n�o poderia comentar sobre casos individuais espec�ficos". Anteriormente, os porta-vozes dos minist�rios da Sa�de da Justi�a j� haviam evitado o assunto. Nesta segunda, o Hospital Universit�rio de D�sseldorf, no qual Andreas Lubitz se consultou em tr�s ocasi�es em fevereiro e mar�o, declarou ter enviado seu dossi� m�dico �s autoridades judiciais.