Cairo, 11/04/2015, 11 - Um tribunal criminal do Egito condenou um eg�pcio com nacionalidade norte-americana � pris�o perp�tua, sob as acusa��es de espalhar not�cias falsas e de financiar manifesta��es contra a ditadura militar liderada pelo marechal-de-campo Abdel-Fattah el-Sisi. Mohammed Soltan, de 27 anos, est� em greve de fome na pris�o h� 14 meses.
O mesmo tribunal manteve as senten�as de morte decididas por uma inst�ncia inferior contra 14 pessoas, entre eles Salah Soltan, o pai de Mohhamed, e outro dirigente da Irmandade Mu�ulmana, Mohammed Badie; outras 36 pessoas, entre elas tr�s jornalistas, foram condenadas � pris�o perp�tua. Nenhum dos r�us estava presente quando o juiz Mohammed Nagi Shehata emitiu as senten�as.
O irm�o de Mohammed Soltan, Omar, disse em entrevista pelo telefone que seu irm�o est� sendo mantido em isolamento em um hospital penitenci�rio, onde nem mesmo os carcereiros e guardas t�m permiss�o de falar com ele. Seus �nicos contatos com o mundo exterior s�o quando ele est� no tribunal, dentro da jaula destinada aos r�us; nessas ocasi�es ele tem oportunidade para ver seu pai.
Segundo Omar, a condi��o de sa�de de Mohammed est� deteriorando rapidamente, por causa da greve de fome. Ele disse que Mohammed vem se recusando a ser examinado por m�dicos h� dois meses, desde que seu pai foi transferido para uma pris�o de seguran�a m�xima. Salah tem diabetes e as autoridades carcer�rias t�m se negado a fornecer medicamentos a ele, disse Omar.
"As autoridades eg�pcias est�o usando meu pai para pressionar Mohammed a encerrar sua greve de fome, mas ele continua se recusando", afirmou Omar. Ele acrescentou que a fam�lia pretende entrar com novos recursos contra as condena��es.
A ditadura militar eg�pcia foi estabelecida em julho de 2013 com o golpe de Estado que derrubou o presidente Mohammed Morsi, que havia sido eleito depois da ren�ncia de Hosni Mubarak, que havia governado o pa�s desde 1981. Morsi tamb�m era um dirigente da Irmandade Mu�ulmana, o maior partido pol�tico do Egito, agora na ilegalidade.
Em novembro do ano passado, o marechal El-Sisi emitiu um decreto que permite ao governo deportar estrangeiros acusados ou condenados por crimes. "Estamos na esperan�a de que Mohammed ser� deportado do Egito, de acordo com essa nova lei", disse Omar, apesar de o regime n�o ter dado nenhuma indica��o de que pretende fazer isso. Mohammed Soltan � formado pela Ohio State University e j� foi ativista nas campanhas eleitorais do presidente dos EUA, Barack Obama.
Em Washington, a porta-voz do Departamento de Estado, Marie Harf, disse em comunicado que o governo dos EUA - o principal aliado da ditadura eg�pcia, a quem fornece US$ 15 bilh�es anualmente em ajuda militar - est� "profundamente decepcionado" com a decis�o do tribunal. "Continuamos profundamente preocupados com a sa�de e a deten��o do sr. Soltan. Os Estados Unidos reiteram nosso pedido pela liberta��o do sr. Soltan em bases humanit�rias e exortamos o governo do Egito a rever o veredicto".
Mohamed Elmessiry, investigador da Anistia Internacional no Egito, disse em entrevista por telefone que as decis�es do tribunal s�o "politicamente motivadas". "Desde a derrubada de Morsi, o sistema judicial do Egito j� provou que n�o � independente", acrescentou. Elmessiry tamb�m observou que os tribunais eg�pcios j� emitiram centenas de senten�as de morte e de pris�o perp�tua, mas "por outro lado, n�o vimos nenhum oficial de seguran�a ser obrigado a prestar contas pela matan�a de manifestantes ou pela tortura ou morte de pessoas sob cust�dia".
O juiz Shehata � conhecido por emitir senten�as duras contra opositores do regime; no fim do ano passado, ele condenou tr�s jornalistas da rede de televis�o Al-Jazeera a penas de sete a dez anos de pris�o. Fonte: Associated Press.
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Egito: tribunal da ditadura condena opositor norte-americano � pris�o perp�tua
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