O maior acelerador de part�culas do mundo, o Grande Colisor de H�drons (LHC, na sigla em ingl�s), do CERN, iniciou nesta quarta-feira uma nova fase de experi�ncias in�ditas com quase o dobro de energia, com o que os cientistas esperam lan�ar "uma nova f�sica".
�s 10h40 locais (5h40 no hor�rio de Bras�lia), o LHC (Large Hadron Collider) realizou suas primeiras colis�es de pr�tons com energia recorde de 13 TeV (tera-el�tron-volts), depois de dois anos de manuten��o e reparos. No CERN (Organiza��o Europeia para a Pesquisa Nuclear), em Genebra, os aplausos se misturaram ao champanhe.
Os apaixonados por part�culas puderam acompanhar on-line os principais momentos deste dia de experi�ncias, desde a inje��o de feixes de pr�tons a sua escalada de energia a 6,5 TeV, at� o in�cio da aquisi��o de dados a 13 TeV de energia de colis�o.
Isso � quase o dobro em rela��o ao alcan�ado durante o primeiro per�odo de funcionamento do LHC, que durou tr�s anos e que possibilitou a confirma��o em 2012 da exist�ncia do b�son de Higgs, considerado a estrutura fundamental da mat�ria. Esta descoberta rendeu o Pr�mio Nobel de F�sica a Peter Higgs e Fran�ois Englert em 2013.
Um tera-el�tron-volt equivale � energia do movimento de um mosquito quando voa, explica o CERN em seu site na internet.
Mas dentro do LHC, a energia se comprime em um espa�o extremamente pequeno: cerca de um bilh�o de vezes menor que um mosquito. � essa intensidade que faz com que as part�culas se rompam.
"Agora, os experimentos podem come�ar", declarou ao vivo na internet o diretor do CERN, Rolf Heuer, advertindo que n�o se deve esperar resultados nos pr�ximos meses.
"A primeira opera��o do LHC (...) que culminou com esta grande descoberta (nota: o b�son de Higgs) em julho de 2012, foi apenas o come�o da viagem. Agora � o momento para a nova f�sica! Os primeiros dados v�o come�ar a afluir. Vamos ver o que eles nos revelam sobre como funciona o nosso Universo", ressaltou.
O LHC, situado na fronteira franco-su��a, compreende um t�nel em forma de anel de 27 km. Ele foi reiniciado em abril.
Territ�rios inexplorados
Nas pr�ximas semanas, os cientistas v�o come�ar a registrar os dados. At� 1 bilh�o de colis�es ocorrem a cada segundo, gerando avalanches de part�culas nos detectores.
Cada segundo de funcionamento do LHC e seus experimentos produzem v�rios gigabytes de dados, que alcan�ar�o o centro de c�lculos do CERN para serem armazenados, classificados e compartilhados com os f�sicos em todo o mundo.
O LHC tentar� obter ao longo dos pr�ximos tr�s anos dados para entender os mist�rios da mat�ria.
Os experimentos t�m como objetivo encontrar pistas sobre como foi criado o universo, a partir do estudo das part�culas fundamentais, que s�o a base de toda mat�ria existente, e das for�as que as controlam.
Para os cientistas, a 'Season 2' do LHC deve abrir perspectivas em territ�rios inexplorados da f�sica.
"Tentamos encontrar uma lacuna" na teoria do "Modelo Padr�o", a teoria que integra os conhecimentos atuais sobre part�culas e for�as fundamentais, explica Pauline Gagnon, pesquisadora do CERN.
"� uma boa base, mas este modelo explica apenas a ponta do iceberg", diz ela.
"Ele n�o disse nada, por exemplo, sobre a mat�ria escura, invis�vel porque n�o emite luz, mas que representa 27% do conte�do do Universo."
Enterrados a cerca de 100 metros de profundidade, ao longo do anel do LHC, h� quatro "experi�ncias" - quatro detectores respons�veis pelo controle das colis�es que os cientistas devem, em seguida, analisar.
Atlas e CMS s�o detectores polivalentes, concebidos para explorar uma gama de fen�menos f�sicos, que v�o desde o b�son de Higgs � mat�ria escura.
O experimento Alice se especializa no estudo do plasma quark-gl�on, um estado da mat�ria que os especialistas acreditam que teria existido apenas alguns instantes ap�s o Big Bang. O detector LHCb procura compreender as diferen�as entre mat�ria e antimat�ria, analisando alguns quarks.