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Estado de Minas

Flor de ylang ylang: o ouro das Comores e a rainha dos perfumes


postado em 30/07/2015 14:37

O arquip�lago pobre das Ilhas Comores e o glamouroso perfume Chanel N�5 t�m algo em comum: o ylang ylang, uma �rvore tropical de flor amarela muito apreciada por seu �leo essencial, do qual esse territ�rio � o primeiro produtor mundial.

As maiores marcas de perfumes, com a Chanel no topo dessa lista, s�o fi�is h� um s�culo a essas pequenas ilhas do Oceano �ndico, no noroeste de Madagascar, apesar de suas turbul�ncias pol�ticas, com 25 golpes de Estado ou tentativas desde sua independ�ncia em 1975.

"O n�5 tem muito ylang ylang, talvez 10%", � um "produto magn�fico", diz Christopher Sheldrake, diretor de pesquisa e desenvolvimento dessa famosa marca francesa de luxo.

"Se descrevermos seu cheiro, � um jasmim ascendente, forte. Tem quase uma conota��o frutada, de pera, coco... Abrange toda a gama floral. Quando evapora, (o odor) cai como uma onda de rosas e um toque de cravo", disse Sheldrake.

Com suas seis p�talas finas, a flor de ylang ylang � apreciada principalmente por suas virtudes odor�feras.

Origin�ria de Filipinas e introduzida pelos franceses na ilha Reuni�o no s�culo XVIII, nas Comores e em Madagascar no in�cio do s�culo XX, a flor permitiu uma pequena revolu��o na perfumaria: o final da tend�ncia figurativa.

Em 1921, quando Ernest Beaux criou o N�5, atualmente o perfume mais vendido do mundo, Gabrielle Chanel pediu um produto que "arrebatasse a mulher", n�o a rosa ou o l�rio-do-vale, explica Sheldrake.

O ylang ylang - que significa "flor das flores" nas Filipinas - permite criar um perfume "muito abstrato", dotado de um efeito floral sem que se possa determinar a flor exata.

350 destiladores

Para as Comores, o ylang ylang � uma importante fonte de divisas, como a baunilha e o cravo. A cada ano esse pequeno estado produz entre 30 e 40 toneladas de �leo essencial dessa flor, principalmente na ilha de Anjouan, com 350 destiladores.

"Um gal�o de 30 litros vale milhares de euros", afirma "Senhor Gerard", que supervisiona a planta��o Humblot.

O ylang ylang gerou 1,5 milh�o de euros em 2013 e 2014, ou seja, 11% da receita de exporta��o. Ainda que seja uma quantia modesta se comparada �s remessas, � crucial para os importadores das Ilhas Comores, que usam o produto como garantia banc�ria, explica o economista Nour Ala Alnour Asik.

A flor continuar� a ser uma fonte de receita importante, sempre e quando for feita "uma reorganiza��o s�ria" do setor, adverte, por outro lado, o economista Ibrahim Ahamada, do Fundo Monet�rio Internacional.

Mas as planta��es dessa �rvore com mais de um s�culo de idade, que trabalha como uma videira, est�o envelhecendo.

Apesar de sua import�ncia econ�mica, "� surpreendente constatar que n�o h� nenhum programa de melhoria", diz a agr�noma Celine Benine em um artigo da Universidade belga de Li�ge.

Outro problema � que o �leo essencial � obtido atrav�s de uma destila��o em alambiques aquecidos com fogo a lenha, no momento em que o arquip�lago sofre um crescente desmatamento, consequ�ncia da falta de eletricidade.

A Chanel assegura que incentiva seus fornecedores a plantar canteiros e substituir a lenha. Diz tamb�m que respeita a m�o de obra e os sal�rios justos.

As planta��es de ylang ylang exigem um grande trabalho de capinar, colher e extrair, que oscila entre 25 e 40 quilos de flores por dia e por trabalhador. Um esfor�o f�sico que muitos jovens j� n�o querem fazer e serem pagos somente 50 euros por m�s, diz uma oper�ria.

Esta tarifa � muito baixa se comparada com outros pa�ses de cultivo, diz Jean Kerl�o, perfumista de Jean Patou. "� triste dizer", mas as Comores precisam de ylang ylang "para viver", e n�o contam com "subs�dios, ajuda, aux�lio desemprego...", afirma.


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