Depois da Alemanha, a Eslov�quia e a �ustria anunciaram nesta segunda-feira o restabelecimento dos controles nas fronteiras ante o fluxo de dezenas de milhares de migrantes, suspendendo os acordos de Schengen sobre a livre circula��o na Europa, antes de uma reuni�o em Bruxelas dedicada � distribui��o de refugiados.
Vista como terra prometida pelos refugiados cada vez mais numerosos, que podem chegar a um milh�o este ano de acordo com o vice-chanceler Sigmar Gabriel, a Alemanha justificou nesta segunda-feira a decis�o de suspender a livre circula��o na Europa pela "ina��o" da UE. Uma reviravolta do governo da chanceler Angela Merkel, que enfrenta problemas log�sticos e o descontentamento de seu campo pol�tico, que aconteceu poucos dias depois da chefe de Governo pedir a seus parceiros europeus para acolher os refugiados sem limite de n�mero.
A decis�o de Berlim foi acompanhada imediatamente por alguns pa�ses do leste europeu - Eslov�quia e Rep�blica Tcheca - que rejeitam h� semanas a ideia alem� de cotas de distribui��o de refugiados entre os 28 membros da UE, mas tamb�m pela �ustria, sob forte press�o. A Hungria decidiu mobilizar militares em sua fronteira com a S�rvia, onde o fluxo de migrantes tem tomado propor��es sem precedentes na v�spera da aplica��o das novas leis anti-imigra��o pelo governo.
Mais de 4.500 migrantes se apresentaram ao posto de fronteira de Nickelsdorf entre a meia-noite e 6h00, e milhares de novas chegadas eram esperadas ao longo do dia, segundo a pol�cia. O tr�fego de autom�veis foi interrompido na estrada por raz�es de seguran�a.
Na esta��o ferrovi�ria h�ngara de R�szke, trens lotados de migrantes partem diretamente para a fronteira austr�aca, alimentados por um vai-e-vem cont�nuo de �nibus do campo de tr�nsito.
Alemanha no limite de suas capacidades
Ao amanhecer em Freilassing, cidade b�vara na fronteira com a �ustria, longos engarrafamentos foram formados, passaportes e ve�culos s�o agora controlados pela pol�cia, que orienta os refugiados diretamente aos centros de acolhimento. Durante a noite, a pol�cia prendeu um traficante que transportava oito s�rios em sua van.
A capital da Baviera, Munique, est� pr�xima da satura��o, com 63.000 refugiados que chegaram em duas semanas pelos B�lc�s e Europa Central. Pelo segundo fim de semana consecutivo, a cidade enfrentou a chegada de cerca de 20.000 demandantes de asilo, alguns dos quais tiveram que dormir ao relento por falta de abrigos. "A ina��o europeia na crise de refugiados levou a Alemanha ao limite da sua capacidade", alertou o vice-chanceler democrata Sigmar Gabriel.
O problema "n�o � principalmente o n�mero de refugiados, mas a velocidade com que eles chegam", disse. Gabriel tamb�m estimou que a Alemanha pode ter que receber "um milh�o" de migrantes em 2015, embora o minist�rio do Interior alem�o tenha anunciado uma estimativa de 800.000 chegadas.
No entanto, a decis�o de restabelecer controles em suas fronteiras n�o significa que a Alemanha tenha fechado as portas aos demandantes de asilo e aos refugiados, garantiu nesta segunda-feira o porta-voz da chanceler Angela Merkel.
O Alto Comissariado da ONU para os Refugiados advertiu contra "um v�cuo jur�dico" para os refugiados na Europa com a multiplica��o das medidas adotadas isoladamente pelos Estados, e ressaltou a "urg�ncia de uma resposta global europeia" � crise.
Bloqueio europeu
A Comiss�o Europeia considerou que a suspens�o do espa�o Schengen "ressalta a urg�ncia" de se chegar a um plano de distribui��o europeu. Mas nada poderia ser menos certo. Um acordo durante a reuni�o extraordin�ria de ministros do Interior da UE em Bruxelas nesta segunda-feira � incerto, uma vez que muitos pa�ses s�o contr�rios � ideia de cotas obrigat�rias.
A Gr�-Bretanha, que, como a Dinamarca e a Irlanda, disp�e uma op��o de rejei��o da pol�tica de asilo da UE, anunciou nesta segunda-feira a nomea��o de um secret�rio de Estado adjunto para os Refugiados. Londres prometeu receber 20.000 s�rios em cinco anos. A crise migrat�ria, impulsionada pelas guerras e a mis�ria no Oriente M�dio e �frica, n�o d� sinais de desacelera��o. Um n�mero recorde de 5.809 migrantes entrou na Hungria domingo, antes da data fat�dica de 15 de setembro, a partir da qual Budapeste fechar� sua fronteira com a S�rvia.
Tamb�m no domingo, 34 pessoas, incluindo 11 crian�as e quatro beb�s, morreram afogadas no Mediterr�neo, no naufr�gio do seu barco perto da ilha grega de Farmakonis, a 15 km da costa turca. A UE anunciou que recorrer�, a partir de outubro, � for�a militar contra os traficantes, como parte de sua opera��o naval no Mediterr�neo.