
O papa Francisco se encontrou com os cubanos em uma missa emotiva na Pra�a da Revolu��o, em Havana, na qual defendeu o cuidado aos mais fr�geis, a rejei��o de qualquer ideologia no servi�o aos demais e pediu a paz na Col�mbia. "O servi�o sempre observa o rosto do irm�o, toca sua carne, sente sua proximidade a em alguns momentos at� a 'padece' e busca sua promo��o", expressou o papa diante de uma multid�o de fi�is, que lotou a pra�a desde a madrugada.
No entanto, alertou que "h� um 'servi�o' que serve, mas devemos ter cuidado com o outro servi�o, a tenta��o do 'servi�o' que 'se' serve. H� uma for�a de exercer o servi�o que tem como interesse beneficiar aos 'meus', em nome do 'nosso'".
O pont�fice advertiu contra a ambi��o pessoal e o individualismo em uma �poca de transi��o econ�mica e pol�tica: "o crist�o � convidado sempre a deixar de lado suas buscas, af�s, desejos de onipot�ncia ante o olhar concreto aos mais fr�geis".
Por meio das tarefas a assumir como "cidad�o", "servir significa, em grande parte, cuidar da fragilidade. Cuidar dos fr�geis de nossas fam�lias, de nossa sociedade, de nosso povo", disse. "Ser crist�o implica servir a dignidade de seus irm�os, lutar pela dignidade de seus irm�os e viver para a dignidade de seus irm�os", completou, repetindo tr�s vezes a palavra "dignidade".
Em sua homilia durante uma missa campal solene na pra�a, o momento mais importante de sua visita de tr�s dias a Cuba, o papa argentino n�o abordou diretamente a situa��o pol�tica na ilha, nem as rela��es com os Estados Unidos. Pouco depois, durante o Angelus, o papa defendeu a paz na Col�mbia e declarou que n�o pode acontecer outro fracasso no caminho da reconcilia��o neste pa�s, que enfrenta um conflito armado interno h� meio s�culo. "Por favor, n�o temos o direito de nos permitir outro fracasso neste caminho de paz e reconcilia��o", disse.
"Neste momento, me sinto no dever de dirigir meu pensamento � querida terra da Col�mbia, consciente da import�ncia crucial do momento presente, no qual, com esfor�o renovado e movidos pela esperan�a, seus filhos est�o buscando construir una sociedade em paz", disse Francisco em refer�ncia �s negocia��es entre o governo deste pa�s e a guerrilha das For�as Armadas Revolucion�rias da Col�mbia (Farc).
As negocia��es de paz que acontecem em Havana, iniciadas em novembro de 2012 entre o governo colombiano e as Farc, pretendem acabar com um conflito armado que deixou 220.000 mortos em meio s�culo e seis milh�es de deslocados, segundo os dados oficiais.
Gosto pela Amizade
Na homilia, Francisco tamb�m prestou homenagem aos cubanos: "um povo que tem gosto pela festa, pela amizade, pelas coisas belas". "� um povo que tem feridas, como todo povo, mas que sabe estar com os bra�os abertos, que marcha com esperan�a, porque sua voca��o � de grandeza", disse o papa.
Entre os 3.500 convidados especiais presentes na missa estavam a presidente argentina Cristina Kirchner e o presidente cubano Ra�l Castro. A Pra�a da Revolu��o foi o local em que tamb�m celebraram missas os papas Jo�o Paulo II em 1998 e Bento XVI em 2012, entre um grande monumento em homenagem ao her�i nacional Jos� Mart� e um retrato gigante de Ernesto Che Guevara.
Neste domingo � noite, ap�s uma cerim�nia na catedral, Francisco ter� um encontro com jovens cubanos. Ser� uma oportunidade de mostrar sua espontaneidade em um di�logo improvisado, durante o qual deve estimular a coragem de uma juventude em dificuldades em uma ilha em plena transi��o econ�mica.
O pont�fice tamb�m se reunir� neste domingo no pal�cio presidencial com Ra�l Castro, que provavelmente far� um agradecimento por seu papel de mediador na aproxima��o com os Estados Unidos. De acordo com algumas fontes, existe ainda a possibilidade de um encontro com o irm�o mais velho de Ra�l, o pai da revolu��o cubana Fidel Castro, de 89 anos.
Bento XVI teve um encontro com Fidel durante sua visita em 2012. Durante sua visita de oito dias a Cuba e Estados Unidos, o papa deve abordar temas importantes, como sua preocupa��o com a paz, as migra��es e a necessidade de receber os migrantes, assim como a cultura do di�logo.
A visita de Francisco � a terceira de um papa � ilha, que conta apenas com 10% de cat�licos praticantes, mas com o n�mero de batizados importante. Na segunda-feira e ter�a-feira, o pont�fice visitar� Holgu�n e Santiago de Cuba, na regi�o leste da ilha.