O papa Francisco pediu nesta quinta-feira, em seu hist�rico discurso ante o Congresso dos Estados Unidos, uma vigil�ncia global contra o fundamentalismo de todos os tipos, mas alertou para o "equil�brio delicado" entre lutar contra extremistas e preservar as liberdades religiosas.
"Sabemos que nenhuma religi�o est� imune a formas de del�rio individuais ou extremismo ideol�gico. Isso significa que devemos ficar especialmente atentos a qualquer tipo de fundamentalismo, seja religioso ou de qualquer outro tipo", afirmou o Papa ante os congressistas reunidos nas duas c�maras.
"Um delicado equil�brio � necess�rio para combater a viol�ncia cometida em nome de uma religi�o, de uma ideologia ou de um sistema econ�mico, enquanto tamb�m devemos salvaguardar as liberdades religiosas, intelectuais e individuais", afirmou ainda.
O papa Francisco recordou o l�der dos direitos civis americano Martin Luther King, afirmando que seus sonhos inspiram a todos.
"A marcha com Martin Luther King de Selma a Montgomery h� 50 anos foi parte da campanha para alcan�ar seus sonhos de direitos civis e pol�ticos plenos para os afro-americanos. Esse sonho continua a inspirar a todos n�s. Estou feliz de que a Am�rica continue a ser, para muito, a terra dos 'sonhos'", declarou.
Francisco destacou ainda a crise dos refugiados atual, sem precedentes desde a Segunda Guerra Mundial, e o drama dos imigrantes no continente americano, que representam "grandes desafios e decis�es dif�ceis".
Para o papa argentino, � necess�rio n�o se deixar "intimidar pelos n�meros" e adotar uma resposta que seja "justa e fraterna", de forma a adotar a norma de "tratar os outros com a mesma paix�o e compaix�o com que queremos ser tratados".
A respeito da pena de morte, Francisco reiterou sua forte oposi��o e defendeu a aboli��o desse tipo de puni��o em termos globais.
"A certeza" de que temos de custodiar e defender a vida humana em todas as etapas de seu desenvolvimento (...) me levou, desde o in�cio de meu minist�rio, a trabalhar em diferentes n�veis para pedir a aboli��o mundial da pena de morte. Estou convicto de que esse � o melhor modo, j� que toda vida � sagrada", enfatizou ante os representantes de um pa�s que pratica v�rias execu��es ao ano.
Francisco tamb�m lan�ou um dram�tico apelo para que sejam adotadas a��es corajosas para desenvolver estrat�gias de combate � mudan�a clim�tica, tema de uma enc�clica que publicou este ano.
"Estou convicto de que podemos fazer a diferen�a e n�o tenho d�vida alguma de que os Estados Unidos e este Congresso ter�o um papel importante", afirmou, referindo-se ao que denominou "cultura do cuidado".
Principal mediador das negocia��es de reaproxima��o dos Estados Unidos e de Cuba, Francisco elogiou a "coragem e ousadia" dos dois ex-advers�rios de retomar o di�logo, e referiu-se � recente abertura entre Washington e seu tamb�m antigo advers�rio, o Ir�.
"Quando pa�ses enfrentam desafios para retomar o di�logo - um di�logo que pode ter sido interrompido pelas mais leg�timas raz�es -, novas oportunidades se abrem para todos", destacou.
"Um bom l�der pol�tico deve sempre optar por iniciar processos e n�o se apropriar de espa�os", disse.
Francisco tamb�m falou sobre a fam�lia, uma institui��o que, segundo ele, est� sob amea�a.
"A fam�lia foi essencial para construir esse pa�s. E merece todo nosso apoio e encorajamento. Mesmo assim, n�o oculto minhas preocupa��es quanto � fam�lia, que est� amea�ada, talvez como nunca antes, do lado de dentro e do lado de fora", afirmou, em um coment�rio que deve ter agradado os legisladores republicanos contr�rios � recente decis�o da Suprema Corte de legalizar o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Em sua entrada e no encerramento de seu discurso, Francisco foi aplaudido de p� pelos legisladores republicanos e democratas das duas casas do Congresso americano.