
O sumo pont�fice percorreu as ruas da cidade a bordo do papam�vel em meio a uma grande ova��o de milhares de pessoas, at� chegar ao palco gigante montado na avenida Benjamin Franklin Parkway. Acompanhado de bispos americanos, o papa, de 78 anos, celebrou passadas as 16H00 locais (17H00 de Bras�lia) os primeiros ritos da cerim�nia que encerra o VIII Encontro Mundial das Fam�lias, em uma tarde nublada e fresca.
Uma multid�o lotava as ruas da Filad�lfia para a missa, na qual s�o aguardadas 1,5 milh�o de pessoas de todas as partes do mundo.
"Queremos viver todo o clima com a multid�o, com toda esta gente que est� aqui pela mesma raz�o", disse Rwan Oneill, um americano de 27 anos, acompanhado de uma amiga. "Nunca vi tanto entusiasmo. Todo mundo est� unido", disse o guatemalteco Manuel Portillo, de 54 anos, que mora h� 22 na Filad�lfia. Para Nicole, de 31 anos, disse "apreciar que Francisco tenha o esp�rito mais aberto que seus antecessores", embora n�o se declare cat�lica.
A missa fecha uma visita pontifical hist�rica de seis dias, que come�ou em Washington e passou por Nova York antes de terminar na Filad�lfia.
"DEUS CHORA" Antes da missa, pela manh�, Francisco reuniu-se com v�timas de padres ped�filos, al�m de educadores e membros das suas fam�lias, e declarou que "Deus chora" por esses crimes, no �ltimo dia de sua passagem pelos Estados Unidos.
"Deus chora. Os crimes contra menores n�o podem ser mantidos em segredo por mais tempo", afirmou Francisco, em reuni�o com bispos norte-americanos pela manh�, quando falou sobre o encontro com v�timas de pedofilia da Igreja.
"Eu me comprometo com a zelosa vigil�ncia da Igreja para proteger os menores e prometo que os respons�veis v�o responder por seus atos", declarou o papa.
Francisco recebeu durante meia hora em um semin�rio tr�s mulheres e dois homens, "v�timas de abusos sexuais cometidos por membros do clero, educadores e membros de suas fam�lias", informou em um comunicado do Vaticano. "Irm�os bispos, bom dia. Carrego gravado em meu cora��o essas hist�rias, o sofrimento e a dor dos menores que foram abusados sexualmente por sacerdotes", afirmou o a Papa no in�cio da reuni�o com os bispos, acrescentando que "aqueles que sofreram, tornaram-se verdadeiros her�is da miseric�rdia".
A Filad�lfia, cidade da costa oeste americana a meio caminho entre Washington e Nova York, foi uma das regi�es mais atingidas nos Estados Unidos por este esc�ndalo na d�cada de 1980. "O Papa escutou os testemunhos dos visitantes e lhes dirigiu algumas palavras, antes de falar com cada um individualmente", informou o Vaticano.
Francisco j� havia tratado o caso em v�rias ocasi�es durante esta viagem, mas sempre de forma discreta. Seu antecessor, Bento XVI, encontrou-se com v�timas da pedofilia em Boston, em 2008. Para a ala mais dura dos afetados, a rede de sobreviventes dos abusados por sacerdotes (Snap, na sigla em ingl�s), a reuni�o foi "uma simples opera��o de rela��es p�blicas", segundo um comunicado.
VISITA � PRIS�O Ap�s o encontro com as v�timas e sua apresenta��o diante dos bispos, o papa fez uma atividade que costuma integrar suas viagens oficiais: visitou a pris�o de Curran-Fromhold, nos arredores da Filad�lfia.
"Estou aqui como pastor mas sobretudo como irm�o para compartilhar de sua situa��o e faz�-la minha tamb�m", disse em discurso antes de cumprimentar com um aperto de m�os cada um dos detentos, sentados em filas numa grande sala.
Francisco chegou a trocar palavras com alguns deles e recebeu de presente uma cadeira fabricada pelos detentos. Em sua mensagem em espanhol, disse que � "triste constatar que os sistemas prisionais n�o buscam curar as feridas, sanar as feridas, dar novas oportunidades".
Esta d�cima viagem do primeiro papa das Am�ricas come�ou em Cuba, onde pediu que o pa�s continue no caminho da reconcilia��o.
Muito envolvido no restabelecimento do di�logo entre Havana e Washington, Francisco foi recebido muito calorosamente e pessoalmente pelo presidente Barack Obama no aeroporto e na Casa Branca. Desde sua chegada a Washington, que tamb�m incluiu um discurso in�dito na quinta-feira ante as duas casas do Congresso, Francisco despertou grande alegria, com multid�es que o seguiram para todas as partes.
Tratado como uma estrela do rock, o Papa se manteve firme em seus princ�pios de humildade e proximidade com os setores mais vulner�veis, despertando a admira��o de l�deres de todas as classes pol�ticas, da imprensa e at� mesmo dos n�o-cat�licos. Em Nova York, deixou uma forte mensagem na ONU contra a opress�o financeira sobre o mundo em desenvolvimento e a favor da luta contra as mudan�as clim�ticas, antes de visitar o Memorial do 11 de Setembro.
Paladino dos imigrantes
Para os milh�es de imigrantes em situa��o irregular que vivem nos Estados Unidos, Francisco tornou-se um verdadeiro paladino, defendendo-os e pedindo respeito pela sua dignidade e identidade. Filho de italianos, exortou-os no s�bado a "n�o desanimar" e "nunca se envergonhar" em um discurso simb�lico no local da declara��o de independ�ncia dos Estados Unidos em 1776.
Atrav�s de exemplos hist�ricos como Abraham Lincoln ou Martin Luther King, ele pediu aos americanos para lembrar os valores fundadores da na��o.
Muitos imigrantes latino-americanos acreditam que o Papa mudou o rumo do debate sobre a reforma da imigra��o nos Estados Unidos, uma das pedras angulares da campanha presidencial de 2016. "O Papa pode interceder para ajudar os imigrantes e parar as deporta��es", disse � AFP Marta Dominguez, uma mexicana que vive em Norristown (32 km ao norte da Filad�lfia) que esteva no Independence Hall.
Capaz de um di�logo franco, sem frases enigm�ticas, tamb�m defendeu a fam�lia como a "f�brica de esperan�a", em um discurso improvisado para uma multid�o.
Com a sabedoria popular que provoca tanta admira��o entre os seus seguidores, Francisco pediu para que as fam�lias superem suas dificuldades com paci�ncia e amor e nunca terminem o dia "sem se reconciliar".