Os Estados Unidos foram convocados nesta segunda-feira a dar explica��es sobre o sangrento bombardeio a�reo do hospital do M�dicos sem Fronteiras (MSF) em Kunduz, no Afeganist�o, um ato classificado de crime de guerra por esta ONG.
Indignada pelo bombardeio que provocou a morte de 22 pessoas - 12 funcion�rios da organiza��o e 10 pacientes - a MSF decidiu retirar seus funcion�rios de Kunduz, um duro golpe para a popula��o civil que sofre as consequ�ncias dos combates entre o ex�rcito afeg�o e os rebeldes talib�s, que disputam o controle desta grande cidade do norte do Afeganist�o.
O hospital era o �nico capaz de tratar os feridos graves na regi�o.
"At� o momento n�o posso dizer se o centro de traumatologia de Kunduz voltar� a abrir ou n�o", explicou Kate Stegeman, porta-voz da MSF no Afeganist�o.
No s�bado �s 02h15 locais a avia��o americana bombardeou o entorno do hospital da MSF, admitiu a miss�o da Otan no Afeganist�o.
No momento do bombardeio, mais de 100 pacientes e 80 funcion�rios, afeg�os e estrangeiros, estavam no hospital.
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, apresentou suas profundas condol�ncias ap�s o ataque e afirmou que esperar� os resultados da investiga��o "antes de ter um julgamento definitivo sobre as circunst�ncias desta trag�dia". A situa��o � "confusa e complicada", disse seu secret�rio de Defesa, Ashton Carter.
Estas explica��es foram consideradas insuficientes pelo diretor-geral da MSF, Christopher Stokes, que pediu uma investiga��o exaustiva e transparente por parte de um "organismo internacional independente".
Efetivamente, a MSF rejeita as justificativas de autoridades afeg�s, segundo as quais combatentes afeg�os estavam no interior do hospital e o utilizavam como base.
"Estas declara��es mostram que as for�as afeg�s e americanas decidiram conjuntamente arrasar um hospital totalmente funcional (...) Isso equivale a reconhecer que se trata de um crime de guerra", declarou Stokes. A ONU j� havia considerado no s�bado que o bombardeio a�reo pode ser considerado um crime de guerra se for considerado "deliberado pela justi�a".
Al�m disso, "isso contradiz totalmente as primeiras tentativas do governo dos Estados Unidos de minimizar as consequ�ncias dos ataques ao consider�-los um 'dano colateral'", voc�bulo utilizado inicialmente pela Otan poucas horas depois do bombardeio, destacou Stokes.
A ONG afirma ter transmitido preventivamente as coordenadas GPS de seu hospital aos ex�rcitos afeg�o e americano. Mas os bombardeios prosseguiram por mais de 45 minutos depois que a ONG informou aos ex�rcitos que o hospital havia sido atingido pelos primeiros disparos.
"Os disparos estavam muito focados, sempre contra o mesmo im�vel (...)", explicou � AFP o Doutor Bart Janssens, diretor de opera��es da MSF.
A Otan, que conta com 13.000 soldados no Afeganist�o, incluindo 10.000 americanos, � alvo de controv�rsia pelos danos colaterais que seus bombardeios a�reos costumam gerar.
No entanto, estes bombardeios foram essenciais no apoio dado ao ex�rcito afeg�o em sua contraofensiva para recuperar Kunduz das m�os dos talib�s.
Os talib�s conseguiram tomar a cidade em apenas algumas horas na segunda-feira passada, alcan�ando sua maior vit�ria desde a queda de seu regime, em 2001.
As for�as de seguran�a mostraram ent�o, mais uma vez, as dificuldades que t�m para conter os combatentes islamitas.
