
Bras�lia – O banc�rio belga Benoit Desquiens, de 27 anos, conversa com o Estado de Minas enquanto caminha pelo Centro de Bruxelas. Ele diz que est� em Saint G�ry, um pequeno bairro que concentra v�rios bares e onde jovens se re�nem para festejar, e a rua est� deserta. “Tudo o que vemos s�o as for�as do Ex�rcito. Muitas vias foram fechadas, � imposs�vel tomar �nibus, trem ou metr�. Soube que os policiais fizeram algumas deten��es e encontraram explosivos. As autoridades cancelaram um show do cantor belga Johnny Hallyday. O mesmo ocorreu com a partida de futebol entre as equipes de Lokeren e RSC Anderlecht, pelo campeonato belga”, relata. Desde a madrugada de ontem, quando o governo elevou para 4 – o mais alto n�vel de alerta contra atentados –, a maior parte dos 1,1 milh�o de moradores de Bruxelas se recolheu em suas casas.
Nas avenidas e ruas de Bruxelas, blindados se misturavam a soldados armados com fuzis e roupas camufladas. Lojas, bares, restaurantes e esta��es de metr� devem permanecer fechados pelo menos at� a tarde de hoje. “Estamos excepcionalmente fechados. Permane�am seguros”, afirmava um cartaz colocado em uma loja dentro da esta��o ferrovi�ria Gare du Mondi. Segundo o jornal local Le Soir, as for�as de seguran�a ca�am dois suspeitos, pois um deles transportaria uma bomba.
“Desde os atentados em Paris, no dia 13, as pessoas vivem com uma sensa��o estranha. Bruxelas est� sob press�o. Vemos poucos carros nas ruas, ocupadas por muitos policiais e soldados. Acho que teremos de nos adaptar � amea�a”, admite ao EM Guillaume Van der Verren, de 34, funcion�rio de uma ind�stria aliment�cia. A estudante de publicidade Amanda Gielen, de 24, se recusa a capitular ante o medo. “Hoje (ontem), me encontrarei com amigos no apartamento de um deles. Afinal de contas, n�o somos idiotas e tudo por aqui est� fechado. Mas tomaremos drinques e nos divertiremos, como sempre temos feito. Se eu deixar o medo tomar conta de mim, n�o terei mais como viver”, confessa.
Na manh� desse s�bado (21), Charles Michel reuniu o Conselho Nacional de Seguran�a e recomendou � popula��o que evite aglomera��es. As autoridades acreditam que Salah Abdeslam, um dos suspeitos dos ataques a Paris, tenha retornado � B�lgica – ele e dois irm�os que se explodiram viviam em Molenbeek, um distrito de Bruxelas. Moradora de Li�ge (a 88 quil�metros de Bruxelas), a mu�ulmana Fatima Benaamar, de 32, conta que os sogros s�o do mesmo bairro de Abdeslam e conta sobre o clima de tens�o. “Nos trancamos em casa e assistimos �s not�cias. Infelizmente, esperamos pelo pior. Estou realmente assustada. Sabemos que os tr�gicos eventos em Paris chegar�o a Bruxelas. Quando chove na Fran�a, a B�lgica abre o guarda-chuvas”, comenta ela, que diz sentir na pele a islamofobia, mais evidente desde o massacre na Fran�a. “Sexta-feira, dois homens me insultaram e me chamaram de terrorista. As pessoas me olham de soslaio. Todos n�s, mu�ulmanos, somos suspeitos”, lamenta.
Turquia
A ag�ncia de not�cias Dogan informou que um belga de origem marroquina, suspeito de liga��o com os atentados em Paris, foi detido ontem no sul Turquia. Ahmed Dahmani, de 26 anos, � acusado de participar das opera��es de reconhecimento para escolher os locais atacados pelos comandos jihadistas. Ele estava hospedado em um hotel de luxo na cidade tur�stica de Antalya desde segunda-feira, na companhia de dois s�rios.
R�ssia e S�ria atacam o Estado Isl�mico
Horas depois de o Conselho de Seguran�a da Organiza��o das Na��es Unidas (ONU) autorizar a ado��o de “todas as medidas necess�rias” para combater o Estado Isl�mico (EI), a R�ssia e a S�ria intensificaram a campanha de bombardeios contra os jihadistas. Cerca de 40 pessoas morreram, ontem, ap�s uma ofensiva a�rea envolvendo os dois pa�ses contra a prov�ncia de Deir Ezzor (leste da S�ria), controlada pela fac��o extremista. As regi�es mais afetadas foram os bairros de Mayadin e Bukamal, onde est�o tr�s campos de petr�leo sob dom�nio do EI. O alvo dos bombardeios se justifica pelo fato de o controle do petr�leo ser uma das principais fontes de financiamento do EI. De acordo com uma investiga��o do jornal brit�nico Financial Times, o contrabando do produto renderia ganhos de at� US$ 1,5 milh�o por dia para o grupo. A ideia seria comprometer a fonte de lucro que mant�m as opera��es terroristas e a expans�o da fac��o pelos territ�rios da S�ria e do Iraque.