
"N�o � verdade", afirma, aos prantos, o irm�o de um dos jihadistas que detonou um cintur�o de explosivos no Bataclan depois de abrir fogo contra o p�blico. Como ele, os parentes dos autores dos atentados de Paris enfrentam o desespero e a vergonha.
No s�bado, dia 14 de novembro, este homem, pai de fam�lia e morador de Bondoufle (periferia sul de Paris), passou quase 24 horas diante da TV, acompanhando o notici�rio dos ataques da v�spera.
Seu irm�o, Omar Mostefa� (que n�o teve sua foto divulgada), do qual n�o tinha not�cias h� v�rios meses, foi identificado formalmente pelos investigadores como um dos homens-bomba da casa de espet�culos Bataclan (90 mortos). O nome ainda n�o havia sido divulgado pela imprensa, mas alguns jornalistas j� tentavam entrar em contato com a fam�lia.
"� uma coisa de maluco, um del�rio", respondeu, tentando conter as l�grimas. "Com quem eu posso falar para saber exatamente?", perguntou a um jornalista da AFP. Sua esposa, angustiada, afirma de repente: "Estou come�ando a ficar realmente preocupada...". O marido a interrompe: "Era capaz de estar l� como p�blico e morreu".
"Que rela��o tinha conosco? Est�vamos distanciados h� v�rios anos. Eu quero proteger meus filhos", responde a mulher. O homem fica sozinho. Sua m�e, com a qual conversa pelo telefone, n�o parece estar a par de nada. Ele afirma que "n�o h� nada" e desliga o aparelho.
"N�o tenho vontade de contar qualquer coisa para ela e provocar uma crise card�aca". Pouco depois, durante a noite, ele se apresentou ao lado da esposa � pol�cia, que o deteve para um interrogat�rio e o liberou pouco depois.
O homem n�o recebeu nenhuma acusa��o, mas desde sua libera��o vive trancado em casa, onde responde a jornalistas de todo o mundo. Sobre Omar Mostefa�, apenas uma coment�rio: "Ele virou um monstro".
Filho, "apesar de tudo"
O mesmo espanto tomou conta dos pais, irm�os e irm�s dos outros jihadistas. Alguns j� imaginavam, como a m�e de Bilal Hadfi (primeiro homem na foto), de 20 anos, um dos homens-bomba dos arredores do Stade de France. Ela havia chamado o filho de "panela de press�o" em uma entrevista ao jornal La Libre Belgique. "Tinha a impress�o de que iria explodir de um dia para outro".
Outros mantinham a esperan�a de recuperar os radicais, como a fam�lia de Samy Amimour, que tentou de todas as maneiras repatriar o jovem de 28 anos, que viajou para a S�ria em 2013. Ele foi um dos homens-bomba do Bataclan.
A fam�lia de Hasna Aitboulahcen optou pela dist�ncia dos atos da jovem prima do homem apontado como o mentor dos atentados, Abdelhamid Abaaoud. Os dois morreram na quarta-feira passada em uma opera��o policial em um edif�cio de Saint-Denis no qual estavam escondidos.
"N�o temos nada a ver com estes acontecimentos, nem de longe, nem de perto. N�o temos porque nos justificar", declarou � AFP um de seus irm�os. Independente da atitude, todos s�o obrigados a enfrentar a necessidade de chorar por seus parentes, apesar das atrocidades.
"Pensamos efetivamente nas v�timas, em suas fam�lias", declarou Mohamed Abdeslam, irm�o de dois jihadistas. Um detonou um cintur�o de explosivos preso ao corpo em um caf� parisiense depois de atirar contra os clientes e o outro virou o fugitivo mais procurado da Europa. "Mas voc�s devem compreender tamb�m que temos uma fam�lia, temos uma m�e e que ele � seu filho, apesar de tudo", completou.
"N�o chegou at� o fim"
O irm�o do foragido Salah Abdeslam disse que o jihadista n�o "chegou at� o fim" durante os ataques em Paris. "� mais do que uma especula��o, � minha convic��o. Salah � muito inteligente, acredito que no �ltimo minuto decidiu voltar atr�s", afirmou Mohamed Abdeslam, que voltou a pedir que seu irm�o mais novo se entregue, em entrevista � RTBF. "Talvez tenha visto ou escutado algo que n�o esperava, e decidiu n�o chegar at� o final do que queria fazer", afirmou Mohamed Abdeslam. (Com AFP)