A R�ssia acusou nesta quarta-feira a Turquia de "provoca��o planejada", um dia ap�s a avia��o turca abater um avi�o russo perto da fronteira com a S�ria, sem que tenha advertido os pilotos, segundo relatou o �nico sobrevivente do incidente.
"N�o houve nenhuma advert�ncia. Nenhum contato via r�dio, nenhum contato visual. N�o houve nenhum contato", declarou Konstantin Murakhtin, um homem filmado de costas e apresentado como o piloto por v�rios canais russos. "Se o ex�rcito turco quisesse nos advertir, ele teria o feito voando paralelamente a n�s", afirmou, acrescentando que "nem por um segundo" entraram no espa�o a�reo turco.
"Est�vamos voando a 6.000 metros de altitude, o tempo est� claro, e eu podia ver claramente no mapa e no solo onde estava a fronteira e onde n�s est�vamos", garantiu. "Temos s�rias d�vidas de que se trate de um ato espont�neo, parece mais uma provoca��o planejada", declarou o ministro russo das Rela��es Exteriores, Sergei Lavrov, em uma coletiva de imprensa.
No entanto, "n�o planejamos ir a uma guerra com a Turquia. Nossa atitude em rela��o ao povo turco n�o mudou", garantiu Lavrov. Em Ancara, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, tem procurado aliviar as tens�es, garantindo que n�o ter "absolutamente nenhuma inten��o de provocar uma escalada ap�s este caso".
Na mesma linha, o primeiro-ministro Ahmet Davutoglu ressaltou diante dos deputados de seu Partido da Justi�a e do Desenvolvimento (AKP) que Ancara � um "amigo e vizinho" da R�ssia.
Na ter�a-feira, um ca�a-bombardeiro russo Su-24 foi derrubado por dois ca�as turcos F-16. Ankara afirma que a aeronave russa invadiu o espa�o a�reo turco, enquanto Moscou garante que voava no c�u s�rio. Um dos dois pilotos, que conseguiram se ejetar antes da queda do ca�a, foi morto por rebeldes antes de tocar o solo, de acordo com Moscou.
O segundo foi resgatado em uma opera��o, durante a qual um outro soldado russo foi morto. Este incidente � o mais grave ocorrido entre a R�ssia e a Turquia desde o in�cio da interven��o militar russa na S�ria, h� dois meses.
Contatos diplom�ticos
Por uma quest�o de apaziguamento, Mevlut Cavusoglu e Lavrov "concordaram em se reunir nos pr�ximos dias", segundo o porta-voz do minist�rio das Rela��es Exteriores turco, Tanju Bilgic. Durante uma longa conversa por telefone, o ministro turco "tentou justificar as decis�es da for�a a�rea" de seu pa�s, dizendo que a aeronave russa "voou um total de 17 segundos no espa�o a�reo turco", revelou Lavrov.
Mas "este ataque � totalmente inaceit�vel", insistiu ele, acrescentando que Moscou "reavaliar� seriamente" as rela��es entre os dois pa�ses. Moscou e Ancara se op�em desde o in�cio sobre a crise s�ria. A Turquia exige a partida do presidente Bashar al-Assad antes de qualquer solu��o pol�tica para o conflito que j� matou 250.000 pessoas em quatro anos e meio. Por sua vez, a R�ssia apoia, juntamente com o Ir�, o presidente s�rio.
Nesta quarta, o presidente turco voltou a denunciar a interven��o russa na S�ria, dizendo que Moscou n�o visava o Estado Isl�mico (EI). O incidente tamb�m amea�a os esfor�os da Fran�a de juntar Moscou a uma coaliz�o antijihadista ap�s os ataques em Paris. A este respeito, Lavrov tamb�m anunciou que a R�ssia apoia a proposta do presidente franc�s Fran�ois Hollande de fechar a fronteira turco-s�ria, a fim de "impedir o fluxo de combatentes jihadistas".
Russos jogam pedras
Durante uma conversa telef�nica, Erdogan e seu colega americano Barack Obama ressaltam a "import�ncia de diminuir as tens�es e evitar novos incidentes similares", segundo a presid�ncia turca. Mas de acordo com meios de comunica��o turcos, que citam fontes militares, a avia��o turca refor�ou suas patrulhas na fronteira s�ria depois do incidente de ontem: 18 F-16 est�o mobilizados.
Nas ruas, manifestantes jogaram pedras e quebraram janelas da embaixada da Turquia em Moscou, constatou nesta quarta-feira um fot�grafo da AFP no local. Centenas de manifestantes, quase todos homens com entre 20 e 30 anos, reuniram-se no in�cio da tarde em frente � embaixada da Turquia onde gritaram palavras de ordem contra o presidente turco Recep Tayyip Erdogan, sob o olhar da pol�cia que n�o interveio.
L�deres russos n�o escondem descontentamento
O presidente russo, depois de denunciar na ter�a-feira uma "punhalada nas costas pelos c�mplices de terroristas", chamou seus compatriotas a boicotar as praias turcas frente a "amea�a terrorista" no pa�s.
Seu primeiro-ministro, Dmitry Medvedev, criticou as "a��es absurdas e criminosas", e acusou a Turquia de "proteger membros do grupo Estado Isl�mico", destacando o "interesse financeiro direto de algumas autoridades turcas" na venda de petr�leo bruto produzido em �reas controladas por jihadistas.