Os espanh�is puniram neste domingo a "velha pol�tica", dando uma vantagem apertada para os conservadores de Mariano Rajoy e impulsionando com for�a o partido antiausteridade Podemos, segundo em n�mero de votos, segundo as pesquisas de boca de urna.
Se estes resultados forem confirmados, o Partido Popular (PP) de Rajoy, 60, perderia a maioria c�moda de 186 deputados conquistada em 2011. Uma pesquisa da Demoscopia para a TV p�blica espanhola d� ao PP 26,8% dos votos, que lhe concederiam entre 114 e 118 deputados em uma c�mara de 350.
Seguem-no, em porcentagem de votos, o Podemos, com 21,7% (76-80 cadeiras); o socialista PSOE, com 20,5% (81-85); e a outra nova forma��o que surge com for�a no parlamento espanhol, acabando com mais de 30 anos de bipartidarismo, o centrista Ciudadanos, com 15,2% (47-50 deputados).
O PSOE afunda, assim, em sua derrota de 2011, quando, culpado por muitos espanh�is pela crise econ�mica incipiente, obteve o ent�o pior resultado de sua hist�ria (110 deputados). Tamb�m p�e em xeque a lideran�a da esquerda por seu secret�rio-geral, Pedro S�nchez, 43, frente ao auge do l�der do Podemos, Pablo Iglesias.
Iglesias, um professor universit�rio de 37 anos que fundou o partido h� apenas dois anos, volta a surpreender, ap�s conquistar cinco eurodeputados em 2014 e impulsionar a vit�ria, em maio, de prefeitos "indignados" em cidades como Madri e Barcelona.
"A partir desta noite, certamente, a hist�ria do nosso pa�s vai mudar", afirmou Iglesias ao votar, � tarde, no bairro de Vallecas, em Madri.
"Estamos ante uma nova transi��o democr�tica, ante uma nova era" afirmou o advogado Albert Rivera, 36, l�der do Ciudadanos.
- Expecativa de mudan�a -
Com as proje��es das pesquisas, a forma��o de maiorias se anuncia dif�cil.
"Sou partid�rio de que, na Espanha, governe a maior for�a pol�tica, a que tiver mais apoios e votos", repetiu Rajoy nas �ltimas semanas.
Durante todo o dia, em muitos col�gios eleitorais, sopravam ventos de mudan�a, e eleitores mostravam sua esperan�a de um fim do sistema reinante desde 1982, sete anos ap�s a morte do ditador Francisco Franco (1939-75).
"Estamos h� muit�ssimos anos com o bipartidarismo, temos que renovar a pol�tica, PP e PSOE se acomodaram e se esqueceram de n�s. Devemos dar uma oportunidade para os novos", disse � AFP Francisco P�rez, um trabalhador aut�nomo de 53 anos, que votou em Hospitalet de Llobregat, no nordeste do pa�s.
"Gostaria que houvesse uma mudan�a, para que o novo governo olhe um pouco mais para o povo. Agora, vejo nossos dirigentes mais voltados para as pol�ticas impostas por Bruxelas e Alemanha", comentou Juan Jos� Rodr�guez, 43, no bairro popular Lavapi�s, em Madri.
Como muitos espanh�is, este gerente de um pequeno neg�cio discorda da mensagem de recupera��o econ�mica com a qual Rajoy buscou a reelei��o.
Mas nem todos os espanh�is apostam em uma mudan�a incerta e um governo inst�vel.
"N�o ficamos quatro anos sofrendo para que, agora, tudo v� para o lixo", disse, em um dos bairros mais aristocr�ticos de Madri, Mar�a Jos� Py�eiro, 52, diretora de uma revista de moda.